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Estado de Minas ENTRE LINHAS

O bolsonarismo perde seu guru, mas suas ideias t�m ra�zes profundas

Olavo de Carvalho vivia �s turras com os militares do governo e criticava duramente a alian�a de Bolsonaro com o Centr�o


26/01/2022 04:00 - atualizado 26/01/2022 07:12

Olavo de Carvalho morreu nos EUA aos 74 anos
Olavo de Carvalho morreu nos Estados Unidos aos 74 anos (foto: INTERNET/REPRODU��O)

O escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo militante, faleceu ontem, v�tima de COVID-19, em um hospital de Richmond, no estado da Virg�nia, nos Estados Unidos, onde morava, oito dias ap�s ser diagnosticado com a doen�a. Era um dos expoentes do negacionismo e havia se recusado a tomar a vacina.

O presidente Jair Bolsonaro decretou luto oficial de um dia, ainda que o relacionamento entre ambos andasse estremecido em raz�o da sa�da do governo de alguns de seus principais aliados, como o ex-ministro da Educa��o Abraham Weintraub e o ex-chanceler Ernesto Ara�jo. Bolsonaro lamentou a morte do escritor e prestou solidariedade aos familiares, amigos e alunos dele.

Olavo Luiz Pimentel de Carvalho, seu nome completo, dava aulas de filosofia e fez a cabe�a de uma legi�o de empres�rios, executivos e intelectuais conservadores por meio de cursos, palestras, v�deos e livros. Um deles, intitulado “O m�nimo que voc� precisa saber para n�o se tornar um idiota” (Record), uma colet�nea de textos organizados por Felipe Moura Brasil, virou best-seller, que rivalizou com livros de autoajuda.

Carvalho nunca foi reconhecido como fil�sofo pela academia. Foi astr�logo e integrante de uma seita mu�ulmana sufista. Por meio das redes sociais, conseguiu difundir suas teses conservadoras com muito sucesso. Seu perfil no Facebook tem mais de 587 mil seguidores. Mantinha um semin�rio virtual, cuja mensalidade custava R$ 60.

Autointitulava-se “l�der supremo do comunismo latino-americano” e dizia que "ideologia de g�nero, abortismo e gayzismo" s�o parte de uma "revolu��o cultural" coordenada por comunistas.

Carvalho constru�a teorias conspirat�rias com base em fake news. Chegou ao ponto de descrever o ex-presidente Barack Obama como um pol�tico “apoiado entusiasticamente pela Al-Qaeda, pelo Hamas, pela Organiza��o de para a Liberta��o Palestina, pelo presidente iraniano [Mahmoud] Ahmadinejad, por Muammar Khadafi, por Fidel Castro, por Hugo Ch�vez e por todas as for�as antiamericanas, pr�-comunistas e pr�-terroristas do mundo, sem nenhuma exce��o vis�vel”.

Misturava as ideias do norte-americano Steve Banon, ex-estrategista de Donald Trump e um dos respons�veis pela invas�o do Capit�lio, nos Estados Unidos, com velhas teses sobre a realidade brasileira cujas origens est�o em intelectuais como Oliveira Vianna (Popula��es meridionais do Brasil) e Oliveiros S. Ferreira (Limites e possibilidades do partido fardado). Suas interven��es eram radicais, desbocadas e sempre agressivas.

Sua alian�a com Bannon foi estrat�gica para a aproxima��o entre Donald Trump e o cl� Bolsonaro, al�m de outros l�deres de direita no Ocidente. Ex-produtor de Hollywood, Bannon editou o site Breitbart News. Recentemente, foi preso por descumprir mandado relacionado � investiga��o do ataque de manifestantes pr�-Trump contra o Capit�lio.

Olavo de Carvalho tamb�m resgatou velhas teses de Oliveira Viana sobre a elite agr�ria e o papel dos militares, tamb�m endossadas por Oliveiros S. Ferreira, de quem tomou a interpreta��o sobre o conceito de hegemonia do te�rico marxista Ant�nio Gramsci, para construir sua narrativa sobre o chamado “marxismo cultural”, chave para entender a pol�tica de Bolsonaro em rela��o � educa��o e � cultura.

Militares


Oliveiros S. Ferreira estudou o protagonismo dos militares na Rep�blica. Em O Estado de S�o Paulo, de 26 de junho de 1988, a prop�sito do regime militar, num artigo intitulado “O reconhecimento da derrota”, destacou uma carta do general G�es Monteiro ao jurista liberal Sobral Pinto, na qual o ent�o ministro da Guerra, em abril de 1945 — ou seja, pouco antes do fim do Estado Novo —, reconhecia a derrota do “partido fardado” diante de uma na��o “que n�o compreendia e que nunca poderia compreender”. Segundo ele, porque trouxera da Escola Militar a marca do castilhismo, “um modelo de tirania esclarecida”.

Olavo de Carvalho vivia �s turras com os militares do governo e criticava duramente a alian�a de Bolsonaro com o Centr�o, os dois setores respons�veis pelo isolamento e substitui��o dos ministros Weintraub e Ara�jo, os mais ligados ao guru do bolsonarismo. Vinha fazendo duras cr�ticas a Bolsonaro por n�o ter “destru�do” o que chama de hegemonia da esquerda (“comunista”) na sociedade, que seria a base de sustenta��o da candidatura do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva.

Erramos - Na edi��o de ontem, na coluna intitulada “Bolsonaro escolhe inimigos, Lula busca aliados, Moro sofre ataques”, uma frase truncada atribuiu, indevidamente, o faturamento de 42,5 milh�es do escrit�rio Alvarez & Marsal com processos da Lava-Jato ao ex-juiz Sergio Moro, candidato do Podemos � Presid�ncia. Segundo o relat�rio do TCU, o faturamento foi do escrit�rio norte-americano. A informa��o foi devidamente corrigida no site do Estado de Minas e no blog, por�m isso n�o foi poss�vel no jornal impresso, da� a necessidade desta retifica��o.

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