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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Crise da Ucr�nia � uma mudan�a na pol�tica mundial

At� agora, os Estados Unidos n�o recorreram � a��o militar direta. A raz�o � �bvia: a R�ssia herdou a paridade estrat�gico-militar da antiga Uni�o Sovi�tica


25/02/2022 04:00 - atualizado 25/02/2022 08:33

Joe Biden em pronunciamento sobre a invasão russa à Ucrânia
Joe Biden anuncia mais san��es � R�ssia, mas sem interven��o militar (foto: Brendan Smialowski/AFP)


Estava escrito nas estrelas o que acontece na Ucr�nia, invadida por tropas do Ex�rcito russo por ordem do presidente Vladimir Putin. A dura retalia��o econ�mica dos Estados Unidos e seus aliados da Organiza��o do Tratado do Atl�ntico Norte (Otan) aos dirigentes, magnatas e institui��es financeiras russas tamb�m. Joe Biden, o presidente dos Estados Unidos, desde o primeiro momento da crise, ao lado do primeiro-ministro brit�nico Boris Jonhson, havia advertido que o Ocidente n�o toleraria uma agress�o � Ucr�nia. Os dois pagaram para ver e, agora, estamos diante de um novo conflito envolvendo as fronteiras da Europa, descongeladas pela queda do Muro de Berlim e o fim da antiga Uni�o Sovi�tica, no final do s�culo passado.

� bom lembrar que os Estados Unidos atuam como uma esp�cie de xerife do mundo, nem sempre sob a bandeira da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU), desde a dissolu��o da antiga Iugosl�via, em 1991. Ironicamente, com apoio da R�ssia, os EUA contiveram os planos expansionistas da S�rvia, duramente bombardeada por tr�s meses. A pol�tica de limpeza �tnica do presidente s�rvio Slobodan Milosevic foi punida exemplarmente. Depois de perder as elei��es em 2000, o l�der nacionalista acabou preso por crimes de guerra no cerco � Sarajevo e pelo massacre de Srebrenica, ocorrido em julho de 1995, quando tropas s�rvias executaram cerca de 8 mil b�snios. Os Estados Unidos tamb�m exerceram o papel de xerife no Iraque, na L�bia, na S�ria e no Afeganist�o, entre outros pa�ses.

Na Ucr�nia, por�m, os Estados Unidos n�o recorreram � a��o militar direta. A raz�o � �bvia: a R�ssia herdou a paridade estrat�gico-militar da antiga Uni�o Sovi�tica, em raz�o de seu poderio nuclear. Esse era o ponto de equil�brio da antiga “guerra fria”. A derrota dos regimes comunistas do Leste europeu ocorreu devido � estagna��o econ�mica e � grande insatisfa��o popular com a falta de liberdade. Essa � a mesma aposta de Biden para derrotar Putin. Ou seja, os EUA pretendem isolar politicamente o l�der russo e provocar o colapso de seu governo, com san��es dur�ssimas por parte de todos os pa�ses da Otan.

A situa��o � muito diferente de 20 anos atr�s para os Estados Unidos exercerem seu papel. Nesse per�odo, a R�ssia conseguiu se reestruturar e a China emergiu como a segunda pot�ncia econ�mica do planeta, disputando a hegemonia do com�rcio mundial, cujo eixo se deslocou do Atl�ntico para Pac�fico. A alian�a entre os Estados e a China, inaugurada no governo Nixon, que fora fundamental para a derrota do regime sovi�tico, resultou num novo cen�rio internacional: o mundo deixou de ser unipolar.

Diante do decl�nio de sua hegemonia absoluta, no governo de Donald Trump, os Estados Unidos iniciaram uma guerra comercial com a China, mas mantiveram boas rela��es com a R�ssia, apesar do conflito da Ucr�nia. Putin era acusado pelos democratas de ter interferido nas elei��es norte-americanas em favor de Trump. Ap�s a elei��o de Joe Biden, n�o � toa, a pol�tica externa dos Estados Unidos tornou-se mais dura militarmente, tanto no �ndico como na Europa Central.

Bipolar

O acordo militar com a Austr�lia, a �ndia e o Jap�o, recentemente assinado, tensionou as rela��es com a China, que nunca desistiu de recuperar sua soberania sob Taiwan. A invas�o da Ucr�nia, para impedir sua entrada na OTAN, aproximou a R�ssia ainda mais da China. � nesse cen�rio que a nova “guerra fria” virou uma guerra quente, ainda localizada na Ucr�nia, mas que ningu�m sabe como vai acabar.

H� outros atores em cena. No s�culo passado, a disputa pelo controle do com�rcio do Atl�ntico pela Inglaterra, uma pot�ncia mar�tima, e a Alemanha, uma pot�ncia continental, resultou em duas guerras mundiais. Com a Uni�o Europeia, sem gastar muito dinheiro com a Defesa, gra�as � expans�o da OTAN, a Alemanha tornou-se a principal pot�ncia econ�mica da Europa, aliando-se � Fran�a, para ocupar os mercados das rep�blicas do Leste europeu. Os ingleses, com o Brexit, por�m, decidiram sair da Uni�o Europeia e apostar no seu protagonismo junto � OTAN para manter sua hegemonia no Atl�ntico Norte.

Como subproduto da crise da Ucr�nia, o principal projeto da Alemanha para eliminar sua depend�ncia � energia nuclear subiu no telhado: o grande gasoduto constru�do pela R�ssia, que estava em vias de entrar opera��o e agora virou um mico econ�mico gigante. A Alemanha e a Fran�a vinham sendo protagonistas da constru��o de um mundo multipolar est�vel. Agora, esse objetivo ficou mais distante, ao ser completamente ofuscado pelos Estados Unidos e a Inglaterra, de um lado, a R�ssia e a China, de outro. Quem ganha com essa agressiva bipolaridade? O que interessa aos demais pa�ses � a paz e um mundo multipolar.



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