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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Ocidente e Oriente est�o em luta pela hegemonia na Ucr�nia. Mundo em jogo

No lugar do mundo globalizado e multipolar, estabeleceu-se uma nova bipolaridade, que se sustenta no equil�brio estrat�gico-militar das pot�ncias nucleares


27/02/2022 04:00 - atualizado 27/02/2022 07:25

Guerra na Ucrânia
No campo de batalha, soldados ucranianos observam destro�os de armamento russo. Kiev resiste aos ataques (foto: Sergei Supinsky/AFP)

Quando Alexander Hamilton exortou os norte-americanos a decidirem se “as sociedades humanas s�o mesmo capazes de constituir um bom governo, com base na reflex�o e na escolha, ou se est�o condenados para sempre a ter organiza��es pol�ticas que s�o fruto do acidente e da for�a” (O Federalista, nº 1), em 1787, no debate que levou � consolida��o da Constitui��o dos Estados Unidos, tra�ou o curso da linha divis�ria que separa o Ocidente democr�tico do resto do mundo. Os pa�ses que foram capazes de seguir esse caminho constitu�ram bons governos e foram adiante, ampliando consideravelmente a sua influ�ncia mundial; os que tomaram outro rumo, como a Alemanha nazista e, mais recentemente, a antiga Uni�o Sovi�tica, amargaram o decl�nio, a disfun��o e/ou o colapso.

Entretanto, depois da debacle dos regimes comunistas do Leste europeu, as democracias do Ocidente come�aram a enfrentar uma crise de representa��o sem precedentes, provocada pela revolu��o tecnol�gica que elas pr�prias protagonizaram e as dificuldades de sustentar um modelo de Estado que se baseava muito mais no fabianismo, uma doutrina liberal-socialista, do que no Leviat� de Thomas Hobbes, o Estado liberal cl�ssico. O Estado de bem-estar social, que fora fundamental para suplantar o chamado “socialismo real”, entrou em crise. Com isso, a democracia representativa passou a ter dificuldades para acompanhar as mudan�as de uma economia globalizada.

� a� que entram em cena um pequeno pa�s asi�tico e um gigante de dimens�es continentais. A pequena Cingapura, que fora governada por Lee Kuan Yew por 30 anos e hoje � comandada por seu filho mais velho, Lee Hsien Loong, e a China de Deng Hisiao Ping, hoje liderada por Xi Jinping, operam um processo de moderniza��o com resultados surpreendentes, a partir de governos autorit�rios, que passa a ser refer�ncia para diversos pa�ses no mundo. Inicia-se, assim, uma corrida para reinventar o Estado, na qual muitas vezes a democracia e o Estado de bem-estar social est�o de m�os dadas numa rota suicida, por causa do populismo e do incha�o dos governos; em outras, em confronto aberto, no Estado m�nimo, igualmente perigoso, devido �s desigualdades.

Na China, os gestores buscam inspira��o no Ocidente, miram o Vale do Sil�cio, nos Estados Unidos, para reinventar o capitalismo, por�m olham para Cingapura na hora do “aggiornamento” do seu governo. A cidade-estado adota o sistema Westminster de governo unicameral, ou seja, � uma rep�blica parlamentar. O Partido de A��o Popular (PAP) ganhou todas as elei��es desde a concess�o brit�nica de autonomia interna, em 1959. O pa�s tem o terceiro maior poder de compra per capita do mundo, e � um dos mais ricos do planeta.

Fim da hist�ria

Liderada pelos Estados Unidos, desde o colapso do comunismo europeu, a ideia hegem�nica no Ocidente � de que a democracia � um credo universal, basta extirpar a tirania para que se enra�ze; e que democracia e capitalismo s�o siameses, a livre-escolha de uma parte n�o existe sem a da outra. Essas s�o as premissas b�sicas do famoso ensaio “O fim da hist�ria”, de Francis Fukuyama, o fil�sofo e economista norte-americano.

Democracia liberal e capitalismo, por�m, n�o t�m uma rela��o autom�tica, e a equa��o capitalismo, autodetermina��o e globaliza��o n�o � de f�cil solu��o. Mesmo nos Estados Unidos e na Europa, a democracia est� sendo posta � prova por for�as autorit�rias e “iliberais”, que buscam a moderniza��o conservadora. N�o � toa, o fantasma republicano de Donald Trump ronda o governo do democrata Joe Biden.

Na corrida entre governos democr�ticos e autorit�rios para reinventar o Estado e modernizar a economia, entre os quais algumas monarquias sanguin�rias aliadas aos Estados Unidos, destacam-se a emerg�ncia da China, como segunda maior pot�ncia econ�mica do planeta, e a ascens�o da Alemanha e da Fran�a como l�deres de uma Europa Ocidental economicamente unificada.

A resposta de Donald Trump nos Estados Unidos fora iniciar uma guerra comercial com o gigante asi�tico, ao mesmo tempo em que buscava e estimulava a ado��o de um modelo pol�tico “iliberal” para acelerar o processo de moderniza��o no Ocidente. Esse curso foi interrompido pela vit�ria de Joe Biden, que trouxe a maior pot�ncia econ�mica e militar do planeta para o eixo da reafirma��o de sua hegemonia mundial, aliada � Inglaterra, no Atl�ntico, e � Austr�lia, ao Jap�o e � �ndia, no Pac�fico, num pacto militar para isolar a China.

O resultado foi a reaproxima��o entre a R�ssia, que recrudesceu sua doutrina geopol�tica ao invadir a Ucr�nia, e a China, empenhada em levar a Nova Rota da Seda ao cora��o da Europa. O confronto entre Ocidente e Oriente est� novamente instalado. No lugar do mundo globalizado e multipolar, que se desenhava a partir das disputas comerciais, estabeleceu-se uma nova bipolaridade, que se sustenta no equil�brio estrat�gico-militar dessas pot�ncias nucleares e tem como divisor de �guas a narrativa da democracia como modelo de voca��o universal, como exortou Hamilton.

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