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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Tiradentes e o imagin�rio da Independ�ncia

Minas Gerais tinha mais de 60 jornais no final do s�culo 19, que promoveram a imagem de Tiradentes como her�i nacional em contraponto � de D. Pedro I


21/04/2022 04:00 - atualizado 21/04/2022 07:55

Estátua de Tiradentes na Avenida Afonso Pena, Região Centro-Sul de BH
Est�tua de Tiradentes na Regi�o Centro-Sul de BH: como em outras imagens, o alferes � retratado com cabelos longos e barba, embora os pelos tenham sido respados antes da execu��o (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 25/10/13)


Aproveito o anivers�rio de Bras�lia, que completa hoje 62 anos, para falar da data escolhida por Juscelino Kubitschek para sua inaugura��o e dos her�is da Inconfid�ncia. � uma hist�ria cruenta. No Brasil colonial, l�deres rebeldes eram enforcados, esquartejados e suas cabe�as expostas em pra�a p�blica, por decis�o das autoridades, como forma de intimidar os que desejavam se livrar do jugo portugu�s, das injusti�as e da explora��o.
 
Mesmo assim, o esp�rito de sedi��o era forte: no dia da morte do alferes Joaquim Jos� da Silva Xavier, o Tiradentes, l�der da conjura��o mineira, por exemplo, um sino tocou cinco vezes durante a execu��o, apesar das proibi��es; e a cabe�a de Tiradentes foi roubada na primeira noite de sua exposi��o, em Vila Rica, hoje Ouro Preto, frustrando a overdose de crueldade de sua senten�a. A imagem de Tiradentes barbudo e cabeludo como Jesus Cristo faz parte do imagin�rio popular; no dia da sua execu��o, estava de cabe�a raspada e sem barba. A casa de Tiradentes foi arrasada, o seu local foi salgado, as autoridades declararam infames todos os seus descendentes.
 
A constru��o do imagin�rio dos inconfidentes, por�m, est� mais associada ao movimento republicano do final do s�culo 19 do que � Independ�ncia do Brasil, que viria a ser proclamada por D. Pedro I, pr�ncipe herdeiro de Portugal, em 7 de setembro de 1822, ou seja, h� 200 anos. A conspira��o liderada por Tiradentes nem sequer foi iniciada, foi denunciada e desbaratada antes mesmo de come�ar.
 
Em 18 de maio de 1789, seus l�deres foram avisados de que a conspira��o fora denunciada. Governador da capitania, o Visconde de Barbacena j� havia recebido seis den�ncias, a principal do coronel Joaquim Silv�rio dos Reis, que ocupa o posto de maior traidor da nossa hist�ria. Era fazendeiro e dono de minas de ouro, muito endividado; traiu seus companheiros para se livrar do fisco,
 
Os mineiros estavam insatisfeitos com os excessivos impostos e com o rigor de Portugal, mas o que entusiasmou o grupo de conspiradores, entre os quais Tom�s Ant�nio Gonzaga, Cl�udio Manuel da Costa, padre Carlos Correia de Toledo e o coronel Francisco Ant�nio de Oliveira Lopes, foi o fato de que Minas Gerais havia se transformado no polo mais din�mico da col�nia, em condi��es de ser autossuficiente.
 
Lu�s da Cunha Meneses, primeiro governador de Minas Gerais (1783 e 1788), era corrupto e desp�tico; Lu�s Ant�nio Faro, o visconde de Barbacena, assumira o cargo em 1788 para aumentar a cobran�a de impostos por meio da chamada “derrama” – cada regi�o de explora��o de ouro deveria pagar 100 arrobas de ouro (1.500 quilos) por ano para a metr�pole; quando a regi�o n�o conseguia cumprir essa exig�ncia, soldados entravam nas casas das fam�lias para retirar pertences at� completar o valor devido.

Imprensa

Era a senha para a fracassada revolta. A rebeli�o seria iniciada em Vila Rica e depois se espalharia por toda Minas Gerais, estendendo-se para as demais regi�es do pa�s. Pretendia-se fundar uma rep�blica nos moldes dos Estados Unidos, com elei��es anuais, diversifica��o econ�mica, instala��o de manufaturas, forma��o de uma mil�cia nacional, perd�o das d�vidas. A aboli��o da escravid�o dividia o grupo. O pavilh�o dos rebeldes era um tri�ngulo vermelho num fundo branco, com a inscri��o em latim: Libertas Quae Sera Tamen (Liberdade Ainda que Tardia).
 
A tamb�m chamada Inconfid�ncia Mineira tornou-se o mito fundador da nossa independ�ncia somente por volta dos anos 1880. Para isso, foram fundamentais os jornais mineiros: O Arauto de Minas (Conservador), editado de 17 de mar�o de 1877 a 24 de dezembro de 1889, por Severiano Nunes Cardoso de Resende; a P�tria Mineira (Republicano), de abril de 1889 a maio de 1894, de Sebasti�o Sette;  A Verdade Pol�tica (Liberal), de setembro de 1888 a dezembro de 1889, de Carlos Sanzio de Avellar Brotero, todos de S�o Jo�o del-Rei; e A Prov�ncia de Minas (Conservador), de 1878 a novembro de 1889, de Pedro Maria da Silva Brand�o e Jos� Pedro Xavier da Veiga; A Atualidade (Liberal), de mar�o de 1878 e vai at� novembro de 1881, de Carlos Afonso de Assis Figueiredo; e o Liberal Mineiro (Liberal), que funcionou de 1877 a 1889, sob comando de Carlos Gabriel Andrade e, depois, Bernardo Pinto Monteiro
 
Minas Gerais tinha mais de 60 jornais nessa �poca, que aderiram � constru��o da imagem de Tiradentes em contraponto � de D. Pedro I, que proclamou a independ�ncia ap�s se recusar a voltar para Portugal, como acabaria ocorrendo. Seu objetivo era, mais tarde, reunificar a Coroa portuguesa e, como a hist�ria comprovou, manter o tr�fico negreiro e modelo econ�mico escravocrata, que perduraria at� 1888. Os poemas do “Romanceiro da Inconfid�ncia”, escrito por Cec�lia Meireles em 1955, e as gravuras de Renina Katz consolidaram a imagem do “Tiradentes esquartejado” (1893), �leo de Pedro Am�rico, ou seja, a do her�i que hoje reverenciamos.

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