A ang�stia se caracteriza por uma situa��o na qual a pessoa se sente amea�ada por algo que pode acontecer, o que leva � preocupa��o excessiva, causa irritabilidade e inseguran�a, provoca dor de cabe�a e at� dores musculares, al�m de altera��es na frequ�ncia card�aca. Na pol�tica, al�m desses sintomas, a ang�stia pode provocar uma sequ�ncia de atitudes equivocadas, atritos e desaven�as que muitas vezes s� colaboram para que a amea�a se concretize. � o que acontece com alguns protagonistas da terceira via, que continuam se digladiando, em vez de buscar o verdadeiro entendimento
Uma das causas da ang�stia � �bvia: a polariza��o entre o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) est� cada vez mais cristalizada, segundo as pesquisas de inten��o de voto. H� tr�s fatores principais. O primeiro: ambos t�m uma base eleitoral muito resiliente, com identidade ideol�gica e organicidade. Lula em raz�o de um partido enraizado na sociedade; Bolsonaro devido � rela��o, por meio de redes sociais, com setores da sociedade com os quais se identifica, como militares, policiais, caminhoneiros, garimpeiros, ruralistas, atiradores etc.
O segundo fator s�o as realiza��es � frente do governo, o que for�a uma compara��o entre a vida de antes e a de agora, em termos de renda, emprego, qualidade de vida e por a� vai. Lula deixou o governo em 2010, com o pa�s crescendo a uma taxa de 7,5% e infla��o de 5,9%; neste ano, o governo Bolsonaro projeta uma taxa de crescimento de 0,56% e uma taxa de infla��o de 7,65%, segundo o �ltimo boletim Focus do Banco Central.
O terceiro � a rejei��o dos dois candidatos, que se retroalimenta, na medida em que n�o surge uma candidatura mais robusta de terceira via. Pesquisa FSB divulgada na segunda-feira (25) mostra que a rejei��o ao ex-presidente Lula, em um m�s, foi de 41% para 45%; o n�mero de eleitores que n�o votariam de jeito nenhum em Bolsonaro oscilou de 57% para 55%. Cada um trabalha a rejei��o do outro como um fator decisivo da elei��o.
No campo da terceira via, o pr�-candidato mais rejeitado � o ex-governador de S�o Paulo Jo�o Doria (PSDB). Em mar�o, 57% disseram que n�o votariam no tucano de jeito nenhum. Agora, s�o 63%. O pedetista Ciro Gomes � rejeitado por 49% dos entrevistados. Em mar�o, o ex-governador tinha 41%.
Nas inten��es de voto, Lula lidera com 41% contra 32% de Bolsonaro. Em mar�o, o petista tinha 43% e o atual presidente marcava 29%. Na pesquisa espont�nea, que sinaliza o voto mais cristalizado, Lula tem 38% e Bolsonaro tem 30%. Ciro Gomes tem 4% e os demais candidatos, somados, 4%. Os indecisos seriam apenas 16%, enquanto 10% n�o votariam. � ou n�o � uma raz�o para a ang�stia dos articuladores da terceira via?
Campanha
Outra raz�o � o calend�rio eleitoral. Teremos uma campanha muito curta. Entre 20 de julho e 5 de agosto ser�o realizadas as conven��es partid�rias para deliberar sobre coliga��es e escolher candidatas e candidatos � Presid�ncia da Rep�blica e aos governos dos estados, bem como aos cargos de deputado federal, estadual e distrital. Legendas, federa��es e coliga��es t�m at� 15 de agosto para solicitar o registro de candidatura dos escolhidos.
At� l�, s�o pelo menos 90 dias de pr�-campanha, na qual os poss�veis candidatos articulam seus palanques, cuidam das chapas proporcionais e cuidam da estrat�gia de marketing, num cen�rio em que o diabo mora nos detalhes, ou seja, nas disputas regionais. Basta ver o impacto que o cen�rio eleitoral de S�o Paulo, o maior col�gio eleitoral do pa�s, no qual o candidato tucano Rodrigo Garcia tem apenas 6% de inten��es de voto, est� tendo na pr�-campanha do ex-governador Jo�o Doria, um dos candidatos da chamada terceira via.
Os outros s�o Simone Tebet (MDB) e Luciano Bivar (Uni�o Brasil. Os tr�s somados hoje t�m o mesmo peso eleitoral de Ciro Gomes (PDT). H� uma expectativa de que se chegue a um acordo entre os partidos da terceira via no dia 18 de maio; a maior probabilidade, por�m, � que isso n�o ocorra, porque ningu�m acumulou for�a suficiente e o prazo de registro de candidatura, diante da fraqueza de todos, estimula um prazo maior de decanta��o.
A elei��o para a Presid�ncia parece um jogo de cartas marcadas, por�m, n�o �; muita �gua vai rolar antes e ap�s o in�cio da campanha eleitoral, que s� come�a no dia 16 de agosto. O primeiro turno do pleito ser� no primeiro domingo de outubro, dia 2; o segundo, no dia 30 do mesmo m�s. Fa�am suas apostas.