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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Da Internacional ao 1� de Maio, os sinais est�o trocados no Brasil hoje

As manifesta��es convocadas por Bolsonaro n�o t�m nada a ver com o 1� de Maio, data em que as centrais sindicais fazem festas e manifesta��es. S�o contra o STF


01/05/2022 04:00 - atualizado 01/05/2022 08:07

Alckmin e Lula
Execu��o da Internacional em evento do PSB constrangeu Lula e Alckmin e d� muni��o para os bolsonaristas (foto: Filipe Ara�jo/AFP - 8/4/22)


Quando o Partido Comunista Brasileiro (PCB) foi fundado, em 25 de mar�o de 1922, Astrojildo Pereira e seus oito companheiros de origem anarquista n�o sabiam cantar “A Internacional”, como registrou em seu poema Ferreira Gullar. Desde ent�o, apenas os mais empedernidos comunistas sabem a letra do hino composto em 18 de junho de 1888 por Pierre Degeyter, um oper�rio anarquista de origem, belga residente na cidade francesa de Lille, com base no poema do tamb�m anarquista Eug�ne Pottier, oper�rio franc�s membro da Comuna de Paris.

O hino se tornou conhecido na Fran�a e se espalhou pela Europa ap�s o congresso do Partido Oper�rio Franc�s, em 1896. A ideia original de Pottier era fazer uma par�dia da Marselhesa, o hino da Revolu��o Francesa, mas Degeyter deu-lhe vida pr�pria. “C'est la lutte finale./Groupons-nous et demain/L'Internationale/Sera le genre humain”, o refr�o original, na tradu��o portuguesa ficou assim: “Bem unidos fa�amos, / Nesta luta final, / Uma terra sem amos /A Internacional”.

A vers�o em russo serviu como hino da antiga Uni�o Sovi�tica de 1917 a 1941, quando foi criado o hino sovi�tico por Stalin, mas A Internacional continuou sendo o hino da maioria dos partidos comunistas.  Entretanto, alguns partidos socialistas e social-democratas tamb�m haviam adotado o hino, antes do racha da 2ª Internacional, por ocasi�o da Primeira Guerra Mundial. Hoje, s�o raros os que o mant�m.

O Partido Socialista Brasileiro (PSB) n�o tem absolutamente nada a ver com essa hist�ria. A legenda foi refundada no dia 2 de julho de 1985, por Ant�nio Houaiss (presidente), Marcelo Cerqueira, Roberto Amaral, Evandro Lins e Silva, Jamil Haddad, Joel Silveira, Rubem Braga e Evaristo de Moraes Filho, � frente de um grupo de estudantes e intelectuais. Reivindicaram o legado da antiga Esquerda Democr�tica, que deu origem ao antigo PSB, em 1947, sob lideran�a de Jo�o Mangabeira, Hermes Lima, Ant�nio C�ndido, Bruno de Mendon�a Lima, Paulo Em�lio Sales Gomes e Jos� da Costa Pimenta.

N�o se sabe de quem foi a ideia, mas em todos os congressos recentes do PSB  – que ganhou musculatura ap�s a entrada de Miguel Arraes, ent�o governador de Pernambuco, em 1990 –, A Internacional � executada com pompa e circunst�ncia. Quase ningu�m sabe cantar o hino. No �ltimo congresso, n�o foi diferente, mas o contexto era inadequado, porque as estrelas da abertura do congresso, na quinta-feira passada, eram o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva e o ex-governador Geraldo Alckmin. O constrangimento de ambos era vis�vel, sobretudo do segundo, que trocou o PSDB pelo PSB. Alguns, como Carlos Siqueira, presidente do PSB, cantaram o refr�o com o punho direito erguido, quando a tradi��o � usar o punho esquerdo.

Narrativas

O estrago que A Internacional est� fazendo nas redes sociais �s imagens de Lula e Alckmin ainda n�o foi aferido, mas o meme faz a festa de ativistas bolsonaristas, com ajuda de rob�s, � claro. Nada mais simb�lico para corroborar a tese de que Lula e Alckmin s�o comunistas enrustidos. A grande massa de eleitores n�o sabe nem do ocorrido, mas a extrema-direita t�m o discurso na ponta da l�ngua, ou do dedo, pois estamos falando de redes sociais. O PSB deu farta muni��o para Lula e Alckmin serem atacados pelos advers�rios, o que de resto j� vinha acontecendo, em raz�o da alian�a com o PT. Fatos como esse, numa campanha eleitoral radicalizada, alimentam a narrativa do bem contra o mal e da liberdade contra o comunismo adotada pelo presidente Bolsonaro.

E o Primeiro de Maio? N�o � apenas no Brasil � comemorado. As manifesta��es ocorrem nas Am�ricas, na Europa Ocidental, na R�ssia, na �ndia, na China e muitos pa�ses da �frica. A data foi escolhida em homenagem aos trabalhadores dos Estados Unidos. Num s�bado, 1º de maio de 1886, cerca de 300 mil manifestantes foram �s ruas em Nova York, Chicago, Detroit e Milwaukee, entre outras cidades, para pedir a redu��o da carga hor�ria m�xima de trabalho para 8 horas por dia. �quela �poca, se trabalhava at� 16 horas, seis dias na semana.

Em Chicago, os protestos duraram v�rios dias e foram muito reprimidos, o que resultou na morte de quatro trabalhadores, sete policiais e 130 pessoas ficaram feridas, no dia 4 de maio. Dos 2.500 manifestantes, 100 foram presos, sendo oito condenados � morte.  Dois tiveram a pena convertida em pris�o perp�tua, um apareceu morto na cela e os sindicalistas Adolph Fischer, George Engel, Albert Parsons e August Spies foram enforcados. Em 1893, o governador John Altgeld concedeu perd�o aos sobreviventes.

As manifesta��es convocadas pelo presidente Jair Bolsonaro para este domingo, portanto, n�o t�m nada a ver com o 1º de Maio, data em que as centrais sindicais fazem grandes festas e manifesta��es nas principais cidades do pa�s. S�o contra o Supremo Tribunal Federal (STF e tem jeito de provoca��o golpista. Mais um sinal trocado na pol�tica brasileira.

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