(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas ENTRE LINHAS

Cabe�as desorientadas na terceira via

Com Lula na disputa, Bolsonaro corre atr�s do preju�zo do seu mau governo do ponto de vista econ�mico e social, agravado pela crise sanit�ria


11/05/2022 04:00 - atualizado 11/05/2022 07:57

Bolsonaro não é um déspota imaginário, suas ordens são cumpridas por sua equipe ministerial
(foto: EVARISTO S�/AFP)

 

“Cabezas cortadas” � uma produ��o hisp�nico brasileira de 1970, dirigida por Glauber Rocha. Filmado na Espanha, trata a ditadura de Franco e o regime militar brasileiro de forma aleg�rica. A estrela do filme � o espanhol Francisco Raba, que interpreta o d�spota louco Diaz II. Todas as suas apari��es na tela, da cena inicial, no castelo, aos longos momentos de del�rio, s�o antol�gicas, mas o filme acaba se descolando da realidade, mesmo se comparado �s duas ditaduras da �poca.

 

A analogia serviu para descrever a forma como o presidente Jair Bolsonaro fora tratado por Fernando Haddad, o candidato do PT, no segundo turno das elei��es de 2018. O filme de Glauber descrevia um d�spota sozinho num castelo e acreditava falar ao telefone com pessoas importantes para seu governo ou vida pessoal. No imagin�rio, resolvia problemas civis, dava ordens, conversava sobre quest�es particulares.

 

Cenas de opress�o aos �ndios, aos trabalhadores, aos negros e aos estudantes retratam o que teria sido a volta ao poder de Diaz II, em Eldorado. O pa�s imagin�rio representava, no filme, o que seria a continua��o da hist�ria contada em “Terra em transe”, cujo contexto � a crise do governo Jango e golpe militar de 1964. A coloniza��o, a escravid�o e outros elementos recorrentes nos pa�ses da Am�rica Latina foram trazidos de volta, como se a hist�ria estivesse voltando para tr�s.

 

Haddad havia passado todo o primeiro turno ignorando Bolsonaro, seu inimigo principal era o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. Al�m disso, fizera tudo o que podia para confundir sua imagem com a do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, que estava preso em Curitiba. Quem erra na escolha do advers�rio, geralmente, perde a elei��o. Foi o que aconteceu com o petista.

 

A narrativa de Bolsonaro em 2018 era o combate � corrup��o, ao tr�fico de drogas e ao desperd�cio de recursos p�blicos. Era uma agenda em sintonia com a opini�o p�blica. A ret�rica autorit�ria, conservadora, mis�gina e homof�bica de sua campanha acabou naturalizada e deixada em segundo plano. A rejei��o aos pol�ticos e aos partidos convergiria contra Haddad e o PT no segundo turno.

 

A narrativa do golpe adotada pelo PT havia servido para coesionar a legenda e atrair a esquerda tradicional, al�m de desgastar o governo Temer e seus aliados, mas n�o funcionou contra Bolsonaro. Nem a dramatiza��o da campanha democracia ou barb�rie.

Sucesso pol�tico

Bolsonaro n�o � um d�spota imagin�rio, suas ordens s�o cumpridas por sua equipe ministerial, cuja arquitetura � desenhada pela presen�a de cerca de oito mil militares na Esplanada. O presidente da Rep�blica fala com quem lhe interessa, inclusive no mercado financeiro, e recuperou a expectativa de poder, embora as posi��es estejam invertidas em termos de favoritismo eleitoral.

 

Com Lula na disputa, Bolsonaro corre atr�s do preju�zo do seu mau governo do ponto de vista econ�mico e social, agravado pela crise sanit�ria. Seus arroubos autorit�rios, at� agora, foram contidos pela Constitui��o e o Supremo Tribunal Federal. N�o s�o del�rios, s�o uma amea�a real.

 

O sucesso do Bolsonaro at� agora � pol�tico. Conseguiu evitar um impeachment nos seus piores momentos. Seu acordo com o Centr�o elegeu os presidentes da C�mara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Assim, conta com base de apoio s�lida e confort�vel no Congresso, alimentada regiamente com emendas secretas ao Or�amento da Uni�o, mas n�o o suficiente para que se torne um d�spota de verdade. O caso das urnas eletr�nicas, contra as quais investe, � um exemplo de que o apoio desses aliados n�o � incondicional.

 

H� diferen�as e semelhan�as nas narrativas da oposi��o em rela��o a 2018. No caso do ex-presidente Lula, a principal diferen�a � a clareza quanto ao advers�rio principal: Bolsonaro. Tanto que atraiu o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), advers�rio hist�rico, para vice na sua chapa. Quem parece sem rumo � a chamada terceira via, seus l�deres muitas vezes tratam Lula como o advers�rio principal. PSDB, Cidadania e MDB est�o afinados para escolher uma candidatura �nica no pr�ximo dia 18. S� falta combinar com ex-governador Jo�o Doria (PSDB), que n�o pretende desistir da pr�pria candidatura para apoiar Simone Tebet (MDB). Ciro Gomes (PDT), que se mant�m em terceiro nas pesquisas, � um lobo solit�rio, que uiva na noite escura contra Lula e Bolsonaro. 

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)