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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Almirante prestigiado � demitido de forma humilhante por Bolsonaro

� mais um oficial-general de quatro estrelas de grande prest�gio nas For�as Armadas defenestrado pelo presidente


12/05/2022 04:00 - atualizado 12/05/2022 07:34

Bento Albuquerque foi demitido porque não cedeu a lobby do Centrão
(foto: EVARISTO S�/AFP)
O almirante de esquadra Bento de Albuquerque foi demitido ontem do cargo de ministro de Minas e Energias, inesperadamente, pelo presidente Jair Bolsonaro, a pretexto de que teria se omitido em rela��o aos aumentos dos combust�veis, sobre os quais n�o tem nenhuma responsabilidade direta, porque a decis�o � da Petrobras. O real motivo da demiss�o, por�m, foi sua discord�ncia com o chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, e os partidos do Centr�o, quanto � aprova��o de um projeto bilion�rio de constru��o de uma rede de gasodutos interligando oito estados do Centro-Oeste, Norte e Nordeste do Brasil, para o qual pretende-se destinar cerca de R$ 100 bilh�es do lucro do pr�-sal. O projeto beneficia diretamente o empres�rio  Carlos Suarez, ex-s�cio-fundador da empreiteira OAS, que tem o monop�lio de distribui��o de g�s nos estados beneficiados.

Bento de Albuquerque � mais um oficial-general de quatro estrelas de grande prest�gio nas For�as Armadas defenestrado por Bolsonaro de forma humilhante, por discord�ncia com o Centr�o e o presidente da Rep�blica. Soube da demiss�o pelo Di�rio Oficial. Fez uma carreira militar considerada exemplar: foi observador militar nas For�as de paz da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) nos setores de Sarajevo, B�snia e Herzegovina, Dubrovnik, na ex-Iugosl�via; comandante da base de submarinos Almirante Castro e Silva, comandante-chefe da esquadra e secret�rio de Ci�ncia ,Tecnologia e Inova��o da Marinha do Brasil.

� considerado um dos pais do submarino nuclear brasileiro, pois foi um dos negociadores dos acordos de parceria estrat�gica do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) entre a Fran�a e o Brasil. Posteriormente, foi comandante da For�a de Submarinos e chefe do gabinete do comandante da Marinha. Em 2016, assumiu a Secretaria de Ci�ncia e Tecnologia e Inova��o da Marinha e, posteriormente, a Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnol�gico da Marinha (DGDNTM). Agora, � o vig�simo ministro demitido por Bolsonaro.

Sua oposi��o ao Brasoduto custou sua cabe�a. O projeto � um velho conhecido do Congresso, que j� recha�ou a proposta por dez vezes, pela maioria dos parlamentares e pelo pr�prio governo. Agora, com apoio do Centr�o e do novo ministro, as possibilidades de aprova��o s�o maiores e v�o ao encontro dos interesses eleitorais do presidente Jair Bolsonaro e de seus aliados. Grande benefici�rio do projeto, o empres�rio Carlos Suarez tem oito distribuidoras de g�s no Norte, Nordeste e Centro-Oeste e quatro autoriza��es para a constru��o desses gasodutos. Mas n�o tem recursos pr�prios para p�-lo de p�. O projeto de financiamento com recursos do pr�-sal que seriam destinados ao reaparelhamento da Marinha faz renascer das cinzas o velho lobby das empreiteiras no Congresso. Suarez emprestou o S da construtora OAS, que fez acordo de dela��o premiada na Opera��o Lava-Jato.

Resist�ncia


A Associa��o dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e Consumidores Livres (Abrace) faz forte oposi��o ao projeto, que chama de “Centr�oduto”. Segundo a entidade, o Brasoduto cria privil�gios e n�o respeita crit�rios de planejamento, de contrata��es baseadas em efici�ncia e de moderniza��o do mercado. A Abrace re�ne mais de 50 empresas, respons�veis por 40% do consumo industrial de energia el�trica e 42% do de g�s natural, entre as quais os grupos Gerdau, Nestl� e Votorantim. O F�rum das Associa��es do Setor El�trico (Fase), que abarca 27 associa��es do mercado, tamb�m se op�e ao projeto.

O deputado Fernando Coelho Filho (Uni�o-PE), ex-ministro de Minas e Energia, � o relator do Projeto de Lei 414, que trata da moderniza��o do setor el�trico, no qual o Centr�o pretende embarcar o jabuti de R$ 100 bilh�es. Segundo revelou ao blog do jornalista Tales Faria (UOL), o parlamentar n�o pretende incluir a proposta no seu relat�rio, por�m, mesmo contra sua vontade, o projeto pode ser  aprovado por meio de uma emenda.

Com a demiss�o de Bento Albuquerque, Coelho Filho (Uni�o-PE) tentou voltar ao cargo de ministro de Minas e Energia, mas foi preterido por se opor ao projeto. O cargo caiu no colo do ex-secret�rio de Pol�tica Econ�mica do Minist�rio da Economia, Adolfo Sachsida, servidor concursado do Instituto de Pesquisas Econ�micas Aplicadas (Ipea), que integra a equipe econ�mica desde o in�cio. O novo ministro � mais ligado ao presidente de Bolsonaro do que ao ministro da Economia,  Paulo Guedes, antes mesmo de este se incorporar � campanha eleitoral de 2018.

Ao jogar ao mar o almirante Bento de Albuquerque, Bolsonaro fez do lim�o uma limonada, dois dias depois de a Petrobras anunciar reajuste de 8,87% no pre�o do diesel nas refinarias, que passou de R$ 4,51 para R$ 4,91 o litro. Na semana passada, a estatal anunciou lucro de R$ 44,5 bilh�es no primeiro trimestre de 2022, o que Bolsonaro classificou como um“estupro”. Em 2021, a o lucro foi de R$ 106 bilh�es. O almirante est� sendo responsabilizado pelos pol�ticos do Centr�o pelos aumentos dos combust�veis e da infla��o, o que n�o passa de uma cortina de fuma�a para o lobby bilion�rio dos gasodutos. Sachsida assume com a bandeira de privatizar a Eletrobras e resolver o problema da alta dos combust�veis.

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