Os presidentes do PSDB, Bruno Ara�jo, e do Cidadania, Roberto Freire, em encontro com o presidente do MDB, Baleia Rossi, decidiram descartar a pr�-candidatura do ex-governador Jo�o Doria e indicar � c�pula dos respectivos partidos o nome da senadora Simone Tebet (MDB-MS) como a candidata de consenso para unificar a chamada terceira via. O crit�rio adotado foi uma pesquisa para avaliar qual dos nomes teria mais potencial eleitoral: deu Simone, por causa da rejei��o de Doria. Agora, seu nome depende da aprova��o dos demais dirigentes das tr�s legendas, inclusive do MDB.
A 90 dias do prazo inicial de realiza��o das conven��es eleitorais, h� um longo caminho a ser percorrido. Simone Tebet ter� que superar as contradi��es internas das legendas, num contexto eleitoral de polarizado entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva. H� mais dois competidores � frente de Tebet: o ex-governador Ciro Gomes, candidato do PDT, que se mant�m em terceiro lugar nas pesquisas, e o deputado Andr� Janones, do Avante, que aparece sempre com 2% nas pesquisas. Ambos, por�m, n�o s�o levados em conta pelos l�deres da terceira via.
O presidente do Cidadania, Roberto Freire, convocou a Executiva nacional da legenda para examinar a proposta, na pr�xima ter�a-feira. N�o deve haver resist�ncia, porque a ideia de uma candidatura unificada de centro est� em sintonia com a tradi��o pol�tica da legenda e Jo�o Doria � considerado carta fora do baralho pela bancada federal. A maioria do partido era simp�tica � candidatura de Eduardo Leite, que perdeu as pr�vias. O constrangimento para apoiar a senadora do Mato Grosso do Sul era o fato de o PSDB ter um candidato, pois os dois partidos est�o federados. Com o ex-governador fora do jogo, a resist�ncia � residual e representada pelo ex-governador Cristovam Buarque (DF), que defende o apoio ao ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva j� no primeiro turno.
Caciques regionais
O PSDB continua mergulhado numa profunda crise. O presidente do PSDB, Bruno Ara�jo, e o governador de S�o Paulo, Rodrigo Garcia, defendem o apoio a Simone Tebet. Ambos s�o os principais respons�veis pela desestabiliza��o da candidatura de Doria. Garcia tem o apoio de toda a bancada tucana e uma alian�a estrat�gica com o prefeito de S�o Paulo, Ricardo Nunes (MDB). O problema � que outras lideran�as, como o deputado A�cio Neves (MG), defendem que a legenda tenha uma candidatura pr�pria.
Os cogitados s�o o ex-governador Eduardo Leite, que foi derrotado por Doria nas pr�vias, mas agora articula sua volta ao governo ga�cho, e o senador Tasso Jereissati (CE), um dos fundadores do PSDB. Leite n�o quer voltar � arena da disputa presidencial. Tasso � um aliado de primeira hora de Tebet e somente aceitaria se houvesse uma ampla articula��o em torno de sua candidatura. Sua indica��o seria um golpe de morte nas pretens�es de Ciro Gomes (PDT), seu afilhado pol�tico no Cear�.
Resta o MDB. Baleia Rosi controla 20 das 27 se��es regionais do partido. Entretanto, isso n�o significa apoio dos demais caciques da legenda. O ex-presidente Michel Temer, na moita, se preserva para a eventualidade de se tornar um tertius. Sonha com a candidatura � Presid�ncia, hoje, por�m, apoiaria Simone. Dos tr�s governadores da legenda, dois apoiam o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, Helder Barbalho (Par�) e Paulo Dantas (Alagoas), rec�m-eleito pela Assembleia Legislativa local; um � aliado do presidente Jair Bolsonaro, Ibaneis Rocha (DF).
O grupo formado pelo ex-presidente Jos� Sarney e os senadores Eduardo Braga (AM), Jader Barbalho (PA), Renan Calheiros (AL) e Jarbas Vasconcelos (PE) apoia Lula, como outros caciques regionais hoje sem mandato, como Romero Juc� (RO) e Eun�cio de Oliveira. Os senadores Fernando Bezerra e Conf�cio Moura (RO) apoiam Bolsonaro, juntamente com os deputados ga�chos Osmar Terra e Alceu Moreira.
Ao contr�rio do PSDB, por�m, o MDB � uma federa��o de caciques regionais, com uma ala governista e outra de oposi��o, que convivem muito bem na diverg�ncia. O grupo que apoia Lula n�o tem for�a para impor � legenda essa orienta��o, nem a ala governista j� engajada na reelei��o de Bolsonaro. � a� que a candidatura de Simone Tebet ganha viabilidade para unificar a terceira via. Se vai se tornar realmente competitiva � outra hist�ria. O MDB tem tradi��o de cristianizar seus candidatos.