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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Li��es do livro "O pr�ncipe" servem para poss�vel derrota de Bolsonaro

Atual presidente corre s�rio risco de perder ainda no primeiro turno para o ex-presidente Lula


27/05/2022 04:00

Bolsonaristas
Bolsonaristas criticam a nova pesquisa DataFolha, que � p�ssima para Bolsonaro (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press)


“O pr�ncipe”, de Nicolau Maquiavel, discorre longamente sobre a sorte na pol�tica. “De quanto pode a fortuna nas coisas humanas e de que modo se lhe deva servir” (Quantum fortuna in rebus humanis possit, et quomodo illis it occurrem dum), o 15º cap�tulo de seu livro, foi escrito com a inten��o subjacente de separar o Estado da Igreja, que exercia enorme influ�ncia sobre os principados italianos. � �poca, dizia-se que as coisas eram governadas pela fortuna e por Deus e que os homens n�o poderiam modificar o seu destino, que j� estava pr�-determinado. Muitos deixavam-se governar pela sorte e perdiam o poder.

Com a cautela que seu pesco�o exigia, Maquiavel resolveu dividir as responsabilidades: “Pensando nisso algumas vezes, em parte inclinei-me em favor dessa opini�o. Contudo, para que o nosso livre arb�trio n�o seja extinto, julgo poder ser verdade que a sorte seja o �rbitro da metade das nossas a��es, mas que ainda nos deixe governar a outra metade, ou quase.” Para explicar sua tese, comparou a fortuna aos rios torrenciais:

“Quando se encolerizam, alagam as plan�cies, destroem as �rvores e os edif�cios, carregam terra de um lugar para outro; todos fogem diante dele, tudo cede ao seu �mpeto, sem poder opor-se em qualquer parte. E, se bem assim ocorra, isso n�o impedia que os homens, quando a �poca era de calma, tomassem provid�ncias com anteparos e diques, de modo que, crescendo depois, ou as �guas corressem por um canal, ou o seu �mpeto n�o fosse t�o desenfreado nem t�o danoso.”

As conclus�es de Maquiavel s�o atual�ssimas, j� escrevi sobre isso. Dizia que o pr�ncipe que se apoia totalmente na sorte arru�na-se segundo as mudan�as de conjuntura. Seria feliz aquele que acomodasse o modo de proceder � natureza dos tempos, da mesma forma que infeliz aquele que, com o seu proceder, entrasse em choque com o momento. � o que est� acontecendo com o presidente Jair Bolsonaro, que chegou ao poder muito mais pela sorte do que pelas virtudes, mas n�o se deu conta de que o ambiente pol�tico e econ�mico mudou profundamente desde que assumiu o governo.

Agora, Bolsonaro corre o risco de perder a elei��o no primeiro turno, para o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, o que contraria a l�gica do instituto da reelei��o, que favorece quem est� poder com proposito de dar continuidade aos seus bons projetos. � preciso um desgoverno, e errar muito na pol�tica, para n�o se reeleger. � exatamente isso que vem fazendo.

Pesquisa
A pesquisa DataFolha divulgada ontem mostra isso claramente. Jogando quase parado, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) est� com 48% de inten��es de votos, contra 27% de Bolsonaro (PL). Ciro Gomes (PDT) tem 7%; Andr� Janones (Avante), 2%; Simone Tebet (MDB), 2%; Pablo Mar�al (Pros), 1%; e Vera L�cia (PSTU), 1%. Em branco/nulo/nenhum somam 7%; n�o sabe, 4%. Felipe d’Avila (Novo), Sofia Manzano (PCB), Leonardo P�ricles (UP), Eymael (DC), Luciano Bivar (UB) e General Santos Cruz (Podemos) n�o pontuaram.

Na simula��o de segundo turno, Lula (PT) tem 54% e Bolsonaro (PL), 30%. O DataFolha ouviu 2.556 pessoas entre 25 e 26 de maio em 181 cidades brasileiras. A margem de erro � de dois pontos para mais ou para menos. A pesquisa est� sendo espinafrada nas redes sociais pelos bolsonaristas, embora seja uma fotografia do atual momento. A campanha eleitoral somente come�a para valer em 15 de agosto. � tempo suficiente para que Bolsonaro e os demais candidatos se reposicionem.

A pesquisa estimulada n�o pode ser comparada com o levantamento anterior, de 22 e 23 de mar�o, porque o ex-governador de S�o Paulo Jo�o Doria est� fora da disputa. Naquele levantamento, Lula registrou 43% das inten��es de voto, enquanto Bolsonaro tinha 26%, mas o petista j� batia na trave de uma vit�ria no primeiro turno. O DataFolha pegou de surpresa os estrategistas de Bolsonaro e atordoou os pol�ticos do Centr�o, porque a vantagem de Lula no Nordeste � avassaladora: 62% a 17%.

Enquanto Lula jogou praticamente parado, depois de algumas declara��es infelizes, Bolsonaro se deslocou pelo pa�s, lan�ou novos programas, baixou medidas provis�rias, demitiu dois presidentes da Petrobras, partiu novamente para cima dos ministros do Supremo Tribunal Federal, e voltou a levantar suspeitas infundadas sobre as urnas eletr�nicas. Retomou sua agenda conservadora nos costumes e iliberal na pol�tica. Foi um desastre, que reverteu a aproxima��o junto aos eleitores moderados e jogou no colo de Lula setores de centro-esquerda preocupados com seus arroubos autorit�rios.

Depois da pandemia de COVID-19, que foi controlada, a guerra da Ucr�nia agravou a situa��o econ�mica do pa�s. As medidas err�ticas que vem adotando para conter a infla��o e mitigar seus efeitos junto �s camadas mais pobres da popula��o tamb�m n�o est�o surtindo o efeito desejado. Na pr�tica, a desorienta��o pol�tica reduziu as expectativas de reelei��o que Bolsonaro havia projetado.

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