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Estado de Minas Entre linhas

Polariza��o entre Lula e Bolsonaro se mant�m com proximidade do pleito

O fantasma que ronda a reelei��o de Bolsonaro � o luto das fam�lias desestruturadas por 672.101 �bitos por COVID-19


05/07/2022 04:00

Excesso de mortes por COVID e escândalos de corrupção complicam reeleição de Bolsonaro
Excesso de mortes por COVID e esc�ndalos de corrup��o complicam reelei��o de Bolsonaro (foto: EVARISTO S�/AFP)

Come�o a prosa com um pedido de desculpas aos leitores por n�o ter escrito a coluna de domingo, como estava combinado, desde que entrei em f�rias. Na quinta-feira passada, testei positivo para a COVID-19. Apesar de ter tomado quatro doses de vacinas, essa nova variante da �micron me tirou de circula��o. Felizmente, duas Sinovac/Butantan, uma Pfizer e outra AstraZeneca est�o amenizando meus padecimentos. Segundo meu infectologista, essa variante concentra seus ataques na garganta e no nariz, como foi o meu caso e o da maioria dos seus pacientes, alguns com tanta dor na garganta que foram internados.

Depois de um m�s em f�rias, vou tratar de um assunto que n�o sofreu grandes altera��es nesse per�odo: a polariza��o entre o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro, que vem se mantendo nesta pr�-campanha eleitoral. Essa polariza��o est� sendo atribu�da ao fato de que, pela primeira vez, temos uma disputa entre um ex-presidente da Rep�blica, que governou por dois mandatos e deixou governo com alta aprova��o, e um presidente da Rep�blica que disputa a reelei��o no exerc�cio do mandato, quando sabemos que todos que tiveram essa possibilidade foram reeleitos. O resultado da disputa seria uma equa��o entre as realiza��es do passado e as adversidades do presente. � uma leitura da chamada real pol�tica.

Mas ser� que o favoritismo de Lula pode ser atribu�do apenas a isso? Parte de sua resili�ncia deve-se ao enraizamento do PT nos movimentos sociais e seu entrincheiramento dos grupos identit�rios, em condi��es muito adversas, ap�s o impeachment de Dilma Rousseff, o que merece mais reflex�o. Numa das suas entrevistas, o historiador Eric Hobsbawm faz uma observa��o interessante sobre o enfraquecimento dos partidos socialistas europeus, atribuindo-o �s mudan�as ocorridas na estrutura de classes da sociedade p�s-industrial e ao fato de que a desestrutura��o da fam�lia unicelular patriarcal pela revolu��o dos costumes restringiu a capacidade de esses partidos se reproduzirem no ambiente familiar, como sempre fizeram.

Os partidos marxistas fizeram a cr�tica da "fam�lia burguesa" como a forma de domina��o, mas a “fam�lia socialista” tamb�m era monog�mica e heterossexual. Foram os anarquistas, socialistas ut�picos e as feministas que n�o se conformaram com os limites da dupla jornada de trabalho, contribuindo com a renda familiar e arcando com os afazeres dom�sticos, que caracterizavam a rela��o homem/mulher fam�lia prolet�ria moderna. Ao se refugiar nos movimentos identit�rios, no momento de refluxo de sua influ�ncia pol�tica, a milit�ncia petista deu cavalo de pau e foi uma t�bua de salva��o para Lula, tecendo inclusive as alian�as que tornaram sua candidatura amplamente preferida entre os eleitores de esquerda.

Cat�licos e evang�licos


A outra face dessa moeda, sem d�vida, foi a elei��o de Jair Bolsonaro em 2018, muito favorecido pelas circunst�ncias pol�ticas e a forte repercuss�o da facada que levou em Juiz de Fora, em plena campanha, alavancando sua candidatura, enquanto estava entre a vida e a morte. Bolsonaro saiu da sua bolha reacion�ria quando capturou o sentimento de preserva��o da fam�lia unicelular patriarcal, monog�mica e heterossexual, como estrutura social b�sica da sociedade, principalmente para as camadas mais pobres da popula��o, amea�adas pelas desigualdades sociais, a baixa renda, o desemprego, a desestrutura��o das rela��es homem/mulher e pais/filhos, a evas�o escolar, as drogas e a prostitui��o.

A orienta��o conservadora da Igreja Cat�lica, a partir dos papados de Jo�o Paulo II e Bento XVI, que desarticularam as chamadas comunidades eclesiais de base. Seus militantes derivaram para o PT, por�m a influ�ncia cat�lica nas parcelas mais pobres da popula��o brasileira se esvaiu. As denomina��es evang�licas ocuparam esse espa�o, empunhando a bandeira de defesa da fam�lia tradicional e as teses mais conservadoras do cristianismo, com exce��o do celibato de seus sacerdotes e outros dogmas de Roma.

A alian�a de Bolsonaro com esses setores evang�licos � muito mais respons�vel pela sua resili�ncia eleitoral nas camadas populares do que suas realiza��es e a for�a do corporativismo de setores beneficiados por seu governo, como militares, policiais, ruralistas, caminhoneiros, garimpeiros, atiradores, motociclistas etc. O papel da religi�o, bem situado na esfera ideol�gica da sociedade, como outras institui��es – o sistema educacional e os meios de comunica��o, por exemplo –, tamb�m precisa ser considerado por esse �ngulo antropol�gico, ainda que a alian�a de Bolsonaro com as igrejas evang�licas tenha adquirido a dimens�o das pr�ticas mais deplor�veis da pol�tica brasileira, como o clientelismo, o fisiologismo e o patrimonialismo, haja vista o novo esc�ndalo do Minist�rio da Educa��o.

E a “gripezinha”? O fantasma que ronda a reelei��o de Bolsonaro nas camadas mais pobres � o luto das fam�lias desestruturadas por 672.101 �bitos por COVID-19, de um total de 32,5 milh�es de casos registrados. Como a cobertura da vacina n�o � completa, o n�mero de mortes atingiu a m�dia de 214 por dia, o que agrava ainda mais a nossa crise social.
 

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