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Estado de Minas Entre linhas

A disputa pela dire��o intelectual e moral da sociedade no segundo turno

O governo � a forma mais concentrada de poder e Bolsonaro n�o tem o menor pudor em utilizar m�quina


14/10/2022 04:00 - atualizado 13/10/2022 22:25

Lula e Bolsonaro
Lula tenta voltar ao Pal�cio do Planalto e Bolsonaro tenta se manter por mais quatro anos (foto: ORLANDO KISSNER/AFP EVARISTO SA / AFP )

 

Luiz Carlos Azedo

 

Um dos organizadores da edi��o brasileira dos “Cadernos do C�rcere”, de Ant�nio Gramsci, sob a lideran�a de Carlos Nelson Coutinho e a participa��o de Luiz S�rgio Henriques (obra que acaba de ser reeditada pela Editora Civiliza��o Brasileira), o cientista pol�tico e professor livre-docente da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Marco Aur�lio Nogueira, a prop�sito da coluna publicada ontem, intitulada “‘Guerra de posi��es’ entre Lula e Bolsonaro decidir� a elei��o”, fez observa��es muito pertinentes sobre a disputa pela dire��o intelectual e moral da sociedade.

 

Transcrevo a seguir seus coment�rios sobre a disputa entre o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro nesse terreno: “Voc� usa o conceito de dire��o intelectual e moral, que � util�ssimo na formula��o da hegemonia. Mas acho que n�o est� certo falar que ‘o segundo turno das elei��es op�e, de um lado, o dom�nio pol�tico do governo Bolsonaro e, de outro, a dire��o intelectual e moral da sociedade protagonizada pela oposi��o liderada por Lula’. Voc� acrescenta que ‘quem conseguir juntar dom�nio, pela via eleitoral, e dire��o, exercendo o poder, governar� o pa�s pelos pr�ximos quatro anos’. E mais: ‘O chefe do Executivo j� tem o dom�nio, mas perdeu a dire��o moral, que tenta recuperar’”.

 

Depois desse resumo, Nogueira comenta: “Duas coisas me vieram � mente. (1) Bolsonaro n�o perdeu a dire��o intelectual e moral: 50% dos eleitores est�o com ele e o seguem justamente como ‘dirigente’. (2) Lula est� disputando essa dire��o, mas ainda n�o a tem. Numa elei��o, vence quem dirige, n�o quem domina. E o poder � uma situa��o t�pica de dom�nio, n�o necessariamente de dire��o. Quem exercer o poder pode dirigir tamb�m, mas desde que busque fazer isso n�o automaticamente. Por isso, Gramsci fala que antes de se chegar ao poder, seria conveniente que se tratasse de conquistar a dire��o”.

 

S�o observa��es que ilustram a complexidade do cen�rio eleitoral, no qual o presidente Jair Bolsonaro, neste segundo turno, estabeleceu como eixo de campanha exatamente a disputa pela “dire��o moral” da sociedade, com uma estrat�gia na qual empunha as bandeiras da �tica, da fam�lia unicelular patriarcal, da f� em Deus e da liberdade individual. Com isso, conseguiu reduzir a vantagem estrat�gica de Lula no primeiro turno, que mantinha uma lideran�a folgada at� as v�speras da vota��o.

 

Senso comum

 

Bolsonaro estruturou sua campanha em torno dessas bandeiras e organizou uma base pol�tica org�nica nas redes sociais, que tem revelado grande poder de mobiliza��o e protagoniza a radicaliza��o pol�tica e ideol�gica na sociedade desde as elei��es de 2018. O uso de fake news para aumentar a rejei��o de Lula e reduzir a sua pr�pria vem sendo recorrente na campanha de Bolsonaro, mas isso n�o elimina, at� refor�a, o fato de que ancora seus ataques ao petista no senso comum da popula��o, que � majoritariamente conservador.

 

Conversando sobre isso, Nogueira me chamou a aten��o para o fato de que a campanha do ex-presidente Lula est� focada principalmente na compara��o dos resultados econ�micos de seus dois mandatos com os de Bolsonaro, que pleiteia a reelei��o. Ou seja, o petista privilegia o terreno das quest�es econ�micas. At� agora, vem tendo sucesso ao escolher esse terreno de batalha, por�m � ineg�vel que as a��es do governo para melhorar o ambiente econ�mico est�o influenciando os eleitores, como comprovam as pesquisas, que mostram redu��o da rejei��o de Bolsonaro e da desaprova��o de seu governo. Isso limita o peso da economia na decis�o de voto.

 

� bom lembrar que o governo � a forma mais concentrada de poder e Bolsonaro n�o tem o menor pudor em utilizar a m�quina federal para alavancar sua candidatura. O fato de estar no poder, ou seja, numa situa��o de dom�nio, � uma vantagem estrat�gica na campanha eleitoral dos que concorrem � reelei��o, porque controla estruturas capazes de mudar a correla��o de for�as eleitorais. Mas, no caso de Bolsonaro, isso ocorre de forma sem precedentes, devido � aprova��o do “estado de emerg�ncia” pelo Congresso, que possibilita a realiza��o de gastos e outras a��es governamentais em plena campanha eleitoral.

 

Nesse cen�rio, o que pode fazer a diferen�a � a tal capacidade de lideran�a intelectual e moral da sociedade. Lula chegou a exerc�-la, em raz�o da alta rejei��o de Bolsonaro, at� o resultado das urnas de 2 de outubro. J� no primeiro turno, revelou dificuldades nos debates para lidar com as agendas negativas do mensal�o e do esc�ndalo da Petrobras. Juridicamente, a Opera��o Lava-Jato morreu de morte matada, mas a quest�o �tica est� viv�ssima em termos eleitorais, como comprova a elei��o do ex-juiz Sergio Moro ao Senado, pelo Paran�. Esse � o maior obst�culo a ser enfrentado por Lula no segundo turno contra Bolsonaro. 

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