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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Eduardo Villas Boas: "O velho general e a g�nese do golpismo castrense"

A proclama��o da Rep�blica foi um golpe militar, com o prop�sito de implantar uma ditadura


16/11/2022 04:00 - atualizado 16/11/2022 08:46

Mensagem pública do general Villas Boas serve como estímulo para bolsonaristas
Mensagem p�blica do general Villas Boas serve como est�mulo para bolsonaristas (foto: JAIR AMARAL/EM/D.A.PRESS)

Desde 1964, nunca houve tanta agita��o a favor de um golpe militar como a que estamos assistindo desde a elei��o do presidente Luiz In�cio Lula da Silva. Ontem, Dia da Proclama��o da Rep�blica, seria apenas mais um dia em que gente muito fan�tica, defensora de uma interven��o militar, protestassem � porta dos principais comandos militares do pa�s, entre os quais os do Planalto, em Bras�lia, onde residem a maioria dos generais de quatro estrelas, e no Rio de Janeiro, que abriga o maior contingente militar do pa�s. Seria apenas mais um dia de vig�lia bolsonarista, n�o fosse o Twitter do general Eduardo Villas Boas, uma indiscut�vel lideran�a militar no pa�s, endossando as manifesta��es golpistas e pondo mais lenha na fogueira.

O ex-comandante do Ex�rcito poderia ter ficado na dele, mas n�o, decidiu surfar os protestos para reafirmar sua lideran�a junto aos descontentes com a elei��o do presidente Jair Bolsonaro e, talvez, na tropa que est� na ativa. “A popula��o segue aglomerada junto �s portas dos quarteis pedindo socorro �s For�as Armadas. Com incr�vel persist�ncia, mas com �nimo absolutamente pac�fico, pessoas de todas as idades, identificadas com o verde e o amarelo que orgulhosamente ostentam, protestam contra os atentados � democracia, � independ�ncia dos poderes, amea�as � liberdade e as d�vidas sobre o processo eleitoral”, afirma.

Com isso, o velho general alimentou ainda mais as infundadas cr�ticas e maliciosas suspeitas ao resultado das urnas, com a mesma ambiguidade com que o presidente Jair Bolsonaro silencia diante do resultado oficial da elei��o e n�o reconhece publicamente a inequ�voca vit�ria de Lula. Pelo custo e envergadura da mobiliza��o, que ontem completou duas semanas, � evidente a exist�ncia de um forte movimento de extrema-direita, organizado com o prop�sito de melar a posse do presidente Lula. Villas Boas critica a imprensa por n�o dar aos manifestantes a import�ncia que gostaria.

“Talvez nossos jornalistas acreditem que ignorando a movimenta��o de milh�es de pessoas elas desaparecer�o. N�o se apercebem eles que ao tentar isolar as manifesta��es podem estar criando mais um fator de insatisfa��o. A m�dia totalmente controlada nos pa�ses na Cortina de Ferro n�o impediu a queda do Muro de Berlim. A Hist�ria ensina que pessoas que lutam pela liberdade jamais ser�o vencidas”, afirma. Com fina ironia, inverteu o significado de um velho bord�o das esquerdas contra as ditaduras: “O povo unido jamais ser� vencido!” No dia 29 de outubro, v�spera da elei��o, Villas Boas havia publicado um tuite no qual tra�ou um cen�rio catastr�fico em caso da vit�ria de Lula, o quem tudo a ver com a sua manifesta��o de ontem.


O golpe de 1889



N�o poderia haver data mais simb�lica para a manifesta��o e a posicionamento de Villas Boas. A Proclama��o da Rep�blica foi um golpe militar, que se apropriou do movimento republicano com o prop�sito de implantar uma ditadura, como acabou ocorrendo por duas vezes, na Revolu��o de 1930 e no golpe militar de 1964. O Marechal Deodoro da Fonseca (1827-1892), principal chefe do Ex�rcito brasileiro, foi praticamente arrancado da cama, em 15 de novembro de 1889, para destituir a Monarquia.

Fora escolhido para liderar o levante militar pelos jovens oficiais liderados por Benjamin Constant (1836-1891), professor da Escola Militar da Praia Vermelha e expoente do positivismo no Brasil, a doutrina que impregnou de tal forma a pol�tica brasileira que at� sua s�ntese est� bordada na bandeira nacional: “Ordem e Progresso”. Democracia n�o � um valor universal no ide�rio positivista. O golpe foi rocambolesco. Reunidas no Campo de Santana, onde hoje est� localizada a Pra�a da Rep�blica e o quartel general do Comando do Leste, Deodoro derrubou o gabinete do Visconde Ouro Preto e voltou para casa. Somante mais tarde, o velho e adoentado marechal foi convencido a assinar o documento que extinguiu a monarquia, que durava j� 70 anos.

O imperador Dom Pedro II foi banido do Brasil com a sua fam�lia e embarcou rumo � Europa na madrugada do dia 17 de novembro, sem entender direito as raz�es de sua queda. A popula��o somente soube mais tarde desses acontecimentos. Para evitar uma guerra civil, Dom Pedro II, n�o quis resistir, ap�s 49 anos de reinado. Sabia que elite brasileira estava insatisfeita desde o fim da escravid�o, em 1988.

Entretanto, n�o acreditava que os militares (insatisfeitos desde a Guerra do Paraguai) e os cafeicultores (que exigiam indeniza��es pela aboli��o da escravatura) o destitu�ssem. Muito menos a Igreja Cat�lica, apesar de insatisfeita com o padroado (sua prerrogativa de preencher os cargos eclesi�sticos mais importantes) e o seu benepl�cito (aprova��o das ordens e bulas papais para que fossem cumpridas, ou n�o, em territ�rio nacional), que j� haviam provocado uma crise com o Vaticano, de 1972 a 1975. � que os sacerdotes eram tratados como funcion�rios p�blicos, recebendo sal�rios da Coroa, teoricamente n�o apoiaram um Estado laico, republicano.



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