(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas ENTRE LINHAS

Nada ser� como antes no terceiro mandato do presidente Lula

O PT e demais partidos de esquerda passam a impress�o de que pretendem "aparelhar" todos os minist�rios, o que faria dos aliados de centro figuras decorativas


20/11/2022 04:00 - atualizado 20/11/2022 07:30

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
O presidente Luiz In�cio Lula da Silva precisar� encarar conting�ncias de um mundo que mudou desde 2022 (foto: Carlos Costa/AFP)


Talvez a grande dificuldade para o presidente Luiz In�cio Lula da Silva operar a transi��o e a montagem do seu novo governo decorra do fato de que existe uma l�gica subliminar nas suas atitudes que n�o tem viabilidade pol�tica: retomar o fio da hist�ria de onde sua passagem pela Presid�ncia foi interrompida. Essa foi a linha b�sica de sua campanha eleitoral, na qual explorou as realiza��es de seus dois exitosos mandatos como principal ativo eleitoral, ao mesmo tempo em que manteve dist�ncia regulamentar da quest�o �tica e do fracasso pol�tico, econ�mico e administrativo de Dilma Rousseff, mascarado pelo discurso de que fora v�tima de golpismo.
 
A ruptura entre os dois primeiros mandatos e o terceiro � uma necessidade hist�rica, porque existe um hiato de 12 anos entre ambos, no qual o mundo mudou e a realidade pol�tica e social do pa�s tamb�m. E ainda h� o enorme desgaste causado pelos esc�ndalos do mensal�o e da Petrobras, embora essa tema seja como falar de corda em casa de enforcado nessa transi��o. Sua Fortuna, para usar o conceito cl�ssico de Nicolau Maquiavel, n�o � a mesma de 2002.
 
Podemos elencar ao menos cinco grandes conting�ncias para emoldurar as novas circunst�ncias: (1) o cen�rio mundial alterou-se completamente, com o acirramento da disputa entre os Estados Unidos e a China, a guerra da Ucr�nia, a pandemia de COVID-19 e a retra��o da economia global; (2) esgotaram-se os efeitos do chamado b�nus demogr�fico, ou seja, da redu��o do n�mero de crian�as e de idosos dependentes da renda da popula��o adulta, que possibilitou r�pida expans�o do mercado; (3) a crise de financiamento da sa�de, da educa��o e da seguran�a p�blica, entre outras pol�ticas universalistas, se agravou em decorr�ncia da baixa atividade econ�mica e do desmonte das pol�ticas sociais por Bolsonaro; (4) um Congresso mais conservador, mais patrimonialista e mais fisiol�gico, que hoje controla e pulveriza os investimentos federais previstos no Or�amento da Uni�o; uma oposi��o radical e forte, que mant�m o presidente Jair Bolsonaro como uma alternativa de poder em 2026.
 
Essas conting�ncias j� s�o suficientes para que o novo governo Lula seja muito diferente do anterior. O projeto Lula 2022, no primeiro turno, era de um governo de esquerda, amparado por uma frente popular, mesmo que essa se autodenomine “frente ampla”. Esse projeto n�o vingou, n�o obteve a maioria dos votos na elei��o. Isso ocorreu porque h� uma contradi��o na constru��o da hegemonia de Lula: o PT se manteve como a principal for�a no campo da oposi��o, mas perdeu a lideran�a moral da sociedade, que permanece em disputa por parte de Bolsonaro. Perdeu por causa da Lava-Jato, que � um assunto jur�dico transitado em julgado, mas continua sendo a representa��o da quest�o �tica da sociedade.

Governo de coaliz�o

Como uma porcelana quebrada, que precisa ser restaurada com liga de ouro para continuar sendo um objeto de valor, o PT precisa fazer seu aggiornamento. Nunca assumiu a responsabilidade coletiva pelos esc�ndalos que foram protagonizados por seus quadros principais. Lula sempre se declarou inocente e nunca exigiu um mea-culpa de seu partido. A bandeira da �tica se manteve nas m�os de Jair Bolsonaro e seus aliados, sendo esgrimida como ar�ete contra os resultados da elei��o e futuro governo. Essa for�a de oposi��o n�o pode ser subestimada, Lula e os partidos de esquerda n�o t�m como derrot�-la, a n�o ser ampliando as alian�as ao centro, como ficou demonstrado no segundo turno.
 
O problema � traduzir a amplia��o dessas alian�as, com a plena incorpora��o do centro ao novo governo, um xadrez pol�tico que mal come�ou. Nele, o vice-presidente Geraldo Alckmin tem mais experi�ncia do que os dirigentes petistas que formam o estado-maior de Lula: a presidente da legenda, Gleisi Hoffman, o ex-senador Aloizio Mercadante, o ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva, o senador eleito Wellington Dias e o deputado Jos� Guimar�es. Na verdade, a pol�tica petista tem como espelhos na Am�rica Latina o peronismo, por causa da tradi��o sindical, e a Frente Ampla do Uruguai, um bloco de centro-esquerda constru�do na resist�ncia � ditadura. N�o � por a�. Talvez a melhor experi�ncia de alian�as e de governo que podem servir de paradigma para o governo Lula seja a “Concertacion”.
 
A chave � compartilhar o poder com os aliados, sem o hegemonismo que est� impregnado no PT e transpira por todos os poros da equipe de transi��o. O PT e demais partidos de esquerda passam a impress�o de que pretendem “aparelhar” todos os minist�rios, o que faria dos aliados de centro figuras decorativas na Esplanada. Um governo de ampla coaliz�o democr�tica exige mais que isso, em termos de compartilhamento de poder, al�m de um programa t�tico, mirando os pr�ximos dois anos, o que significa uma pol�tica econ�mica menos ao gosto da esquerda e mais palat�vel para os liberais.

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)