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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Programa do governo Lula deve ter menos ambi��o e mais mod�stia

''O simples fato de Lula barrar a ofensiva reacion�ria do governo Bolsonaro j� ser� uma mudan�a da �gua para o vinho''


27/11/2022 04:00 - atualizado 27/11/2022 07:46

Lula assumirá em janeiro o seu terceiro mandato de presidente da Republica
Lula assumir� em janeiro o seu terceiro mandato de presidente da Republica (foto: AHMAD GHARABLI/AFP)


O presidente Luiz In�cio Lula da Silva foi eleito sem um programa de governo. Sua estrat�gia de campanha foi resgatar as realiza��es de seus dois mandatos, o que n�o foi suficiente para garantir sua elei��o no primeiro turno, mas o deixou na cara do gol no segundo. Para vencer, por�m, teve que ampliar ainda mais as alian�as e contar com a rejei��o ao presidente Jair Bolsonaro, que era maior do que a sua, para se eleger por estreita margem de votos. Sendo mais espec�fico, Lula teve 3,5 milh�es de votos a mais no segundo turno; Bolsonaro, 7 milh�es. Com toda certeza, a candidata do MDB, senadora Simone Tebet, os partidos que o apoiaram no segundo turno tiveram um papel decisivo nessa transfer�ncia de votos. A chamada “terceira via” foi esmagada pela polariza��o no primeiro turno, mas n�o a ponto de n�o fazer alguma diferen�a no segundo.

O drama de Lula ao assumir seu mandato � cumprir as promessas de campanha, principalmente o Aux�lio Brasil/Bolsa-Fam�lia de R$ 600, que tamb�m serviu de plataforma para Bolsonaro junto �s parcelas mais pobres da popula��o, embora esse valor n�o tenha sido previsto no Or�amento da Uni�o de 2023. Lula gerou grande expectativa para os eleitores de baixa renda, principalmente as donas de casa, de que garantiria a comida na mesa, com direito a cerveja e picanha no fim de semana. Essa � a lembran�a afetiva do seu governo no imagin�rio popular, como fora o frango a R$ 1 do Plano Real, na elei��o de Fernando Henrique Cardoso, em 1994.

No final do governo Lula, o pa�s crescia a 7,5% em 2010, segundo dados do IBGE. O consumo das fam�lias, que se elevara continuamente ao longo dos anos, havia aumentado 7% somente em 2010. O cr�dito no setor p�blico e privado era farto: chegara a R$ 1,7 trilh�o, com crescimento de 20,5% naquele ano. As exporta��es cresceram 42,2% para o Mercosul, 39,3% para o bloco asi�tico, 26,2% para Uni�o Europeia e 23,2% para o mercado norte-americano. O saldo das reservas internacionais era de US$ 288,6 bilh�es, com varia��o positiva de 20,7% sobre o exerc�cio anterior. A d�vida l�quida total do setor p�blico fora reduzida de 43,4% para 40,4% do PIB, equivalendo a R$ 1,47 Trilh�o. A taxa de risco-pa�s ao final de 2010 era atraente para os investidores internacionais: 186 pontos.

A taxa de desemprego e o aumento do sal�rio real garantiram a elei��o de Dilma Rousseff, Lula foi sucedido por “poste de saias”, como diziam seus advers�rios e at� alguns aliados. A propor��o de desocupados entre os economicamente ativos era de 5,3% em 2010. Ao longo dos exerc�cios de 2006 a 2010, os rendimentos m�dios mensais efetivamente recebidos pelos trabalhadores tamb�m apresentam cont�nua eleva��o. O saldo do registro dos trabalhadores contratados com carteira assinada em 2010 foi favor�vel. A diferen�a entre os trabalhadores admitidos e desligados em 12 meses foi de 2,5 milh�es, uma evolu��o de 7,7% as mais do que empregados em 2009.

O porcentual de pisos salariais reajustados acima do �ndice oficial de infla��o em 2010 fora de 93,8%, patamar acima do atingido em 2009, que ficou em 92,9%, segundo o Departamento Intersindical de Estat�stica e Estudos Socioecon�micos (Dieese). O segmento mais beneficiado fora o rural, com ganho real em 100% dos casos. Na sequ�ncia, apareceram ind�stria (94,9%) e com�rcio (94,7%). No setor de servi�os, 90,6% dos pisos salariais tiveram ganhos reais, ou seja, percentuais acima da 5,2%, a infla��o oficial.

Energia positiva


Esse flashback demonstra que a retomada do fio da hist�ria a partir de 2010 � uma miss�o imposs�vel. As condi��es s�o completamente diferentes, como disse na citada coluna. O ambiente econ�mico n�o permite que o governo Lula avance na �rea social como gostariam os seus eleitores; talvez por isso, sendo generoso na interpreta��o, Lula n�o tenha apresentado um programa na campanha: nas condi��es atuais, uma proposta espelhada em 2010 seria delirante; considerando a terra arrasada que herdar� de Bolsonaro, decepcionante. Esse � o xis da quest�o da transi��o. Os dois primeiros anos de governo, fortemente contingenciados pela economia, ser�o de baixo crescimento e limitada mobilidade social, com um Congresso � espreita para chantagear o governo e uma oposi��o de extrema-direita estridente nas ruas.

Por isso, o trilho do novo governo Lula n�o pode ser o progressismo social, por falta de sustentabilidade, nem a agenda identit�ria da esquerda, devido ao conservadorismo da sociedade. Algum progressismo e avan�o nos costumes deve haver, por�m, devemos considerar o simples fato de que barrar a ofensiva reacion�ria do governo Bolsonaro j� ser� uma mudan�a da �gua para o vinho. Os trilhos nos quais o novo governo deve e pode avan�ar s�o o fortalecimento da democracia, com respeito a suas institui��es do estado democr�tico, e a amplia��o da participa��o da sociedade nas decis�es governamentais, de um lado; e a� uma agenda ambiental de vanguarda, que aponte fortemente para o desenvolvimento da economia verde, que � onde o Brasil pode captar muitos recursos para investimento numa nova ind�stria.

Entretanto, press�o das desigualdades do pa�s � enorme. Essa agenda precisa ser tratada com foco em tarefas exequ�veis, como garantir a seguran�a alimentar; melhorar a qualidade do ensino fundamental e m�dio; combater a viol�ncia e o racismo estrutural. O verdadeiro divisor de �guas da elei��o foi a defesa da democracia. Para isso, � preciso um governo de ampla coaliz�o pol�tica, capaz de dar sustenta��o ao presidente eleito e uma agenda que devolva a normalidade e a esperan�a ao pa�s.  Essa � a energia positiva que o Brasil precisa para reencontrar seu caminho.



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