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Estado de Minas

Morte de Pel� ofusca os novos ministros anunciados pelo presidente Lula

O craque de futebol era a personalidade brasileira mais admirada e reconhecida internacionalmente, sua morte est� tendo enorme repercuss�o dentro e fora do pa�s


30/12/2022 04:00

Na Copa do México, que assistimos ao vivo e em cores pela tevê, Pelé e seus companheiros conquistariam o tricampeonato mundial de futebol para o Brasil
Na Copa do M�xico, que assistimos ao vivo e em cores pela tev�, Pel� e seus companheiros conquistariam o tricampeonato mundial de futebol para o Brasil (foto: Gabriel Bouys/AFP - 11/12/00)

A Esplanada dos Minist�rios, com 37 novos ministros indicados pelo presidente Luiz In�cio Lula da Silva, representa uma coaliz�o de nove partidos no primeiro escal�o. H� 11 ministros sem filia��o ou vincula��o partid�ria. Ontem, foram indicados os 16 ministros que faltavam, entre os quais duas estrelas, Simone Tebet (MDB) no Planejamento e Marina Silva (Rede) no meio Ambiente, ambas ex-candidatas a presidente da Rep�blica. MDB, Uni�o Brasil e PSD levaram nove dos novos indicados, a maioria pol�ticos sem proje��o nacional. Agora, Lula administra o descontentamento do Solidariedade, PV e Cidadania, partidos que o apoiaram no segundo turno e ficaram fora do primeiro escal�o. Lula pretende ampliar seu governo com indica��es desses partidos para cargos importantes no segundo escal�o, mas isso ficar� para depois da posse.

Entretanto, a indica��o dos novos ministros foi completamente ofuscada pela morte do Pel�, aos 82 anos, que estava internado em estado grave, no Hospital Alberto Einstein, em S�o Paulo. Ele era a personalidade brasileira mais admirada e reconhecida internacionalmente, sua morte est� tendo enorme repercuss�o mundial. Foram prof�ticas as palavras do escritor e jornalista Nelson Rodrigues, ao ver Edson Arantes do Nascimento jogar pela primeira vez e se surpreender com a idade do craque: “� um menino, um garoto. Se quisesse entrar num filme da Brigitte Bardot, seria barrado”, escreveu na coluna intitulada “Meu personagem do ano”, de janeiro de 1959. Pel� tinha apenas 17 anos.

“Mas, reparem: � um g�nio indubit�vel! Pel� podia virar-se para Michelangelo, Homero ou Dante e cumpriment�-los com �ntima efus�o: 'Como vai, colega?' Pel� foi coroado rei do futebol pelo cronista em mar�o de 1958, quando Nelson Rodrigues escreveu na Manchete Esportiva: “Pel� leva sobre os demais jogadores uma vantagem consider�vel – a de se sentir rei, da cabe�a aos p�s".  Manteve a coroa de forma eterna. Para os especialistas, ser� muito dif�cil surgir um jogador t�o completo quanto ele. Tive o privil�gio de v�-lo jogar no Est�dio Mario Filho, no Maracan�, contra o Flamengo e com a camisa rubro-negra, ao lado de Zico, na d�cada de 1960.

Ele foi personagem marcante do meu primeiro trabalho remunerado, ainda na adolesc�ncia. Minha miss�o era retransmitir os jogos da Copa da Inglaterra (1966), na loja de venda de an�ncios classificados dos jornais “O Dia” e “A Not�cia” na Baixada Fluminense, � na Rua Manoel Teles, em Duque de Caxias. A tarefa consistia basicamente em ligar e desligar o r�dio e os alto-falantes, abrir e fechar a loja, que mais tarde viria abrigar a sucursal dos dois di�rios de Chagas Freitas na Baixada Fluminense e na qual comecei minha vida de rep�rter, em fevereiro de 1969. Ainda n�o havia transmiss�o direta por tev�.

A prepara��o da sele��o brasileira de futebol foi a mais atabalhoada campanha j� feita, apesar de os jogadores chegarem com a aura de bicampe�es do mundo. Na prepara��o, o t�cnico Vicente Feola convocou 47 jogadores, que se revezavam em quatro times. A equipe passou por Lambari, Caxambu, Teres�polis, Tr�s Rios e Niter�i antes de viajar para Londres. Paulo Amaral, o preparador f�sico, deu lugar ao professor de jud� Rudolf Hermanny, cujos m�todos eram inadequados para o futebol. Apesar de massa muscular, o f�lego n�o aguentava os 90 minutos de correria em campo.

Duas Copas


Al�m disso, a equipe titular somente foi escalada e passou a treinar �s v�speras da Copa. Reuniu craques de 1958 e 1962, como Pel�, Garrincha, Gilmar e Bellini e jogadores que ainda iriam se destacar com a camisa do Brasil na Copa do M�xico de 1970, como G�rson, Jairzinho, Lima e Tost�o. Na estreia, o Brasil ganhou da Bulg�ria por 2 a 0, gols de Garrincha e Pel�. A multid�o, que acompanhava os jogos pelos alto-falantes, sorria, urrava e chorava de alegria. Quando o jogo acabou, fechei a loja, fiz um lanche no City Caxias, o bar da esquina, e fui para a rodovi�ria pegar o Meier-Caxias, de volta casa, no Engenho Novo, no Rio. A sensa��o era de s�cio da vit�ria da sele��o e de dever cumprido.

No jogo seguinte, por�m, veio a decep��o. Antes de o jogo come�ar, concentrados sob os pilotis do pr�dio onde ficava a loja, a multid�o j� estava apreensiva, porque Pel� n�o entrou em campo contra a sele��o da Hungria. O rei havia sido perseguido implacavelmente pelos zagueiros da Bulg�ria; foi vitorioso, mas acabou contundido. Com ajuda dos camaradas b�lgaros, os h�ngaros venceram por 3 a 1 e acabaram com invencibilidade brasileira de 13 jogos em mundiais. A �ltima derrota havia sido justamente para a Hungria, em 1954, na “Batalha de Berna”, como o jogo ficara conhecido, por causa da briga entre os atletas das duas equipes.

Pel� entrou em campo no jogo seguinte e a esperan�a voltou aos torcedores, que uivavam quando o locutor narrava as jogadas do craque. A vaga para as quartas de final estava sendo disputada com a sele��o de Portugal. Entretanto, Pel� jogou contundido, na base do sacrif�cio; de novo, foi duramente ca�ado pelos advers�rios, sem condi��es f�sicas de escapar das chuteiras dos marcadores. O Brasil foi derrotado por 3 a 1 e eliminado da disputa. Quando a partida terminou, meu trabalho acabou. Desliguei os alto-falantes, o r�dio, fechei a loja e fui para casa chorando, como a maioria dos torcedores. � a mesma tristeza que senti hoje, s� que agora � irrepar�vel, ao contr�rio do que aconteceu em 1970. Na Copa do M�xico, que assistimos ao vivo e em cores pela tev�, Pel� e seus companheiros conquistariam o tricampeonato mundial de futebol para o Brasil.

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