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Estado de Minas Entre linhas

Presidente Jair Bolsonaro deixa o Planalto pela porta dos fundos

O legado de Bolsonaro, como disse o vice-presidente Geraldo Alckmin, ao concluir os trabalhos da equipe de transi��o, � uma trag�dia federal


31/12/2022 04:00

Ontem, numa live, fez um balanço de seu mandato, que acaba hoje. Queixou-se de que atitudes de violência política no país atribuídas a ''bolsonaristas''
Ontem, numa live, fez um balan�o de seu mandato, que acaba hoje. Queixou-se de que atitudes de viol�ncia pol�tica no pa�s atribu�das a ''bolsonaristas'' (foto: Reprodu��o/AFP)

Felizmente, 2022 terminou mais cedo, no dia 30 de outubro, quando Luiz In�cio Lula da Silva foi eleito � Presid�ncia da Rep�blica pela terceira vez. Nesta v�spera de ano novo e antev�spera da posse do novo presidente, por�m, � imposs�vel fazer uma coluna po�tica, projetando o futuro. Na verdade, estamos encerrando um ciclo de quatro anos de negacionismo, intoler�ncia, desatinos e marcados por uma pandemia causada por um novo coronav�rus, terr�vel, que ceifou 693.734 vidas e atingiu 35,3 milh�es de pessoas.

Ontem, o presidente Jair Bolsonaro, protagonista deste ciclo de trevas, finalmente falou sobre o frustrado atentado terrorista de s�bado passado, em Bras�lia, quando um homem plantou um explosivo em um caminh�o de combust�vel nas proximidades do Aeroporto de Bras�lia. Numa live, fez um balan�o de seu mandato, que acaba hoje. Queixou-se de que atitudes de viol�ncia pol�tica no pa�s s�o sempre atribu�das a “bolsonaristas”.

George Washington, o homem preso pela bomba, relatou � pol�cia que participou de atos antidemocr�ticos realizados por apoiadores do presidente e que sua inten��o era provocar o “caos”, por motiva��o pol�tica. Bolsonaro minimizou: “A bomba n�o chegou a explodir. Hoje em dia, se algu�m comete, um erro � bolsonarista. Nada justifica, aqui em Bras�lia, essa tentativa de ato terrorista na regi�o do aeroporto”, disse.

Os �ltimos dias foram tensos em Bras�lia, por causa do radicalismo dos bolsonaristas, inconformados com a elei��o de Lula, e de uma onda de suspeitas de bombas em v�rios pontos da capital. Ontem � tarde, por exemplo, por causa de uma amea�a de bomba, foi interditada uma quadra comercial inteira do Sudoeste, um bairro de classe m�dia do Plano Piloto.

Fica nas proximidades do acampamento de bolsonaristas instalados � porta do Quartel general do Ex�rcito, e ao lado da quadra residencial dos generais, que agora viraram alvo dos ataques verbais dos partid�rios do presidente da Rep�blica, por se recusarem a dar um golpe de estado. Nos bastidores, Lula conclu�a as negocia��es com os partidos de centro, MDB, Uni�o Brasil e PDS, para dar ao seu governo um car�ter de centro-esquerda.

O governo de Bolsonaro teve tr�s caracter�sticas, nestes quatro anos, todas de natureza autorit�ria. Primeiro, formou um governo bonapartista, com hegemonia dos militares e crit�rios corporativistas de composi��o pol�tica, em contradi��o com a ordem democr�tica.

Depois, com a perda de popularidade por causa da pandemia de COVID-19, provocada pelo seu pr�prio corporativismo, e a volta da infla��o, resolveu entregar o governo ao Centr�o, garantindo uma ampla base no Congresso. Sentira-se amea�ado pela CPI da Sa�de no Senado e pelo inqu�rito das “rachadinhas” da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, al�m do envolvimento de policiais militares do seu c�rculo de amigos com a morte da vereadora Marielle Franco (Psol).

Finalmente, com a proximidade da elei��o, ao mesmo tempo em que defendia um projeto iliberal para o segundo mandato, recorria a medidas populistas para tentar ganhar a elei��o, entre as quais a desonera��o dos combust�veis e os empr�stimos consignados da caixa Econ�mica para os beneficiados pelo Aux�lio Brasil (Bolsa Fam�lia). Neste per�odo, escalou a crise com o Supremo Tribunal Federal (STF) e n�o escondia a inten��o de aumentar e alterar a composi��o da corte, para submet�-la aos seus prop�sitos autorit�rios.

Ano-novo


O legado de Bolsonaro, como disse o vice-presidente Geraldo Alckmin, ao concluir os trabalhos da equipe de transi��o, � uma trag�dia federal. Houve um festival de n�o-conformidades na Esplanada, as pol�ticas p�blicas nas �reas sociais, principalmente na Sa�de e na Educa��o, foram descontinuadas; a pol�tica ambiental passou a ser desmatar e queimar as floretas, estimular o garimpo ilegal e a expans�o da fronteira agr�cola na marra, mesmo em �reas de preserva��o e reservas ind�genas.

Os gastos exagerados de Bolsonaro com viagens, muitas para participar de motociatas, foram mantidos em sigilo de 100 anos, assim como todos os assuntos que poderiam comprometer a imagem do governo na opini�o p�blica ou gerar processos judiciais. Bolsonaro deixa um grande d�ficit social e uma bomba fiscal para seu sucessor, de efeito retardado. S� n�o explodiu ainda porque a PEC da Transi��o abriu espa�o para evitar o colapso administrativo nestes dois meses e a promessa de ado��o de uma nova �ncora fiscal, que tranquilize o mercado.

Ontem, Bolsonaro elogiou os militantes que est�o acampados � porta dos quarteis, que pedem interven��o militar e revers�o do resultado das elei��es. Para o presidente que deixou o Pal�cio do Planalto pela porta dos fundos, para n�o passar a faixa para o presidente Lula. Segundo ele, as manifesta��es s�o espont�neas: “Eu n�o participei desse movimento. Eu me recolhi", afirmou Bolsonaro. Ao longo da transmiss�o, embargou a voz algumas vezes, uma das quais quando citou a primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Suas tentativas de impedir a posse do Lula, inclusive ao pedir a anula��o das elei��es, fracassaram. Ainda bem. Mas Bolsonaro mant�m sua mil�cia pol�tica, armada at� os dentes.

Feliz Ano-Novo, eleitor, leitora! Diria Carlos Drummond de Andrade: “Para ganhar um Ano Novo/ que mere�a este nome, / voc�, meu caro, tem de merec�-lo, / tem de faz�-lo novo, eu sei que n�o � f�cil, /mas tente, experimente, consciente. /� dentro de voc� que o Ano Novo/ cochila e espera desde sempre.”

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