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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Lula � audacioso ao "desdolarizar" o com�rcio com a China

N�o � uma proposta que agrade aos EUA, mas pode ocorrer sem ruptura da institucionalidade


14/04/2023 04:00 - atualizado 14/04/2023 08:14

Em visita à China, Lula fez discurso contundente sobre o dólar
Em visita � China, Lula fez discurso contundente sobre o d�lar (foto: RICARDO STUCKERT/PR)

“Porque que um banco como o Brics n�o pode ter uma moeda que pode financiar a rela��o comercial entre Brasil e China, entre Brasil e outros pa�ses do Brics? � dif�cil, porque tem gente mal-acostumada, porque todo mundo depende de uma �nica moeda. Eu acho que o s�culo 21 pode mexer com a nossa cabe�a e pode nos ajudar, quem sabe, a fazer as coisas diferentes”, disse o presidente Luiz In�cio Lula da Silva, ontem, em Xangai, durante a cerim�nia de posse da ex-presidente Dilma Rousseff no Novo banco de Desenvolvimento, o banco dos Brics (Brasil, R�ssia, �ndia, China e �frica do Sul).

Dilma merece um par�ntesis. Est� sendo “reabilitada” pelo presidente Lula, depois do ostracismo em que viveu ap�s o seu impeachment e a derrota eleitoral em 2018, quando concorreu ao Senado por Minas Gerais. Como se sabe, a “presidenta”, como gostava de ser chamada, foi destitu�da do cargo pelo Congresso, por causa das chamadas “pedaladas fiscais”, depois de uma sucess�o de erros na condu��o da economia e uma tumultuada rela��o com o Congresso, principalmente depois da elei��o ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) � presid�ncia da C�mara.

A recess�o, o desemprego e a onda de manifesta��es contra o governo a partir de 2013 n�o impediram a reelei��o de Dilma em 2014, mas desaguaram no seu impeachment em 2016. No julgamento pelo Senado, por�m, perdeu o mandato presidencial, mas manteve os direitos pol�ticos. Ap�s a derrota de 2018, Dilma foi escanteada pelo PT, mas voltou � cena pol�tica durante a campanha de Lula, que adotou a narrativa de que o impeachment fora um golpe de Estado.

Pode-se at� consider�-lo um erro, pelo fato de o governo Michel Temer, que a sucedeu, ter desaguado na elei��o de Jair Bolsonaro, por�m, institucionalmente, Dilma foi apeada do poder num processo pol�tico leg�timo, constitucional, cujo julgamento foi presidido pelo ministro Ricardo Lewandowski, que acaba de antecipar sua sa�da do Supremo Tribunal Federal (STF), que presidia � �poca. Ao adotar a narrativa do golpe, Lula resgata lealdade com Dilma; ao mesmo tempo, ao mand�-la para a China, descola a ex-presidente de sua administra��o. Tudo o que Lula n�o quer � ser comparado com a ex-presidente, principalmente quando se fala da economia.

Entretanto, esse tipo de compara��o vem sendo frequente, por causa da forma como Lula est� tratando alguns temas econ�micos, como as privatiza��es e a pol�tica de pre�os e investimentos da Petrobras. Na realidade, por�m, h� coisas alvissareira, apesar das previs�es niilistas. O termo foi cunhado em raz�o da obra de Friedrich Nietzsche. Significa nega��o, decl�nio ou recusa de cren�as e convic��es, e seus respectivos valores morais, est�ticos ou pol�ticos, que ofere�am um sentido positivo para a vida.

Poder de troca


Os n�meros recentes da economia surpreendem. A infla��o est� caindo nos Estados Unidos e no Brasil. O IPCA ficou abaixo de 5% no acumulado de 12 meses, apesar do imposto sobre a gasolina.  Era quase 12% em junho do ano passado. O d�lar ontem fechou em R$ 4,92, o que tende a reduzir a taxa de infla��o e, consequentemente, a taxa de juros, que hoje est� em 13,75% (Selic). Mantida essa tend�ncia, o pior j� passou. Com a aprova��o do novo arcabou�o fiscal, que foi bem recebido pelo mercado, e da reforma tribut�ria, cujo impacto no PIB pode chegar a 10%, o governo Lula 3 poder� realmente mostrar ao que veio.

Lula deve se encontrar ainda hoje com o presidente Xi Jiping. � poss�vel que anunciem a “desdolariza��o” do com�rcio com a China e demais integrantes do Brics. N�o � uma proposta que agrade aos Estados Unidos, por motivos �bvios, mas ela pode ocorrer sem ruptura da institucionalidade do sistema financeiro mundial. Como? Gra�as ao banco presidido por Dilma Rousseff, que pode adotar um sistema de compensa��o para o com�rcio entre Brasil, R�ssia, China, �ndia, China e �frica do Sul lastreado no yuan chin�s. Para se ter uma ideia do impacto dessa mudan�a, R$ 1,00 equivalente a Y$ 1,39.

No discurso de Xangai, Lula hipotecou solidariedade � Argentina, que aderiu � Rota da Seda, mas desistiu de “desdolarizar” o com�rcio com a China, depois das press�es dos Estados Unidos. O pa�s vizinho est� falido, cometeu muitos erros na condu��o de sua economia, tendo esgotado sua capacidade de negocia��o com o Fundo Monet�rio Internacional (FMI), no acordo firmado em 2018, o 21º com a institui��o. A d�vida argentina � de US$ 366 bilh�es, dos quais US$ 170 bilh�es (ou 46,4% do total) em moeda estrangeira. N�o � toa R$ 1,00 equivale a PA$ 43,55. A cartada de Lula � incluir a Argentina nos BRICS e revitalizar o Mercosul, cujo mercado � vital para as nossas ind�strias.

A disputa comercial entre os Estados Unidos e a China abre a possibilidade de o Brasil atrair investimentos desses dois pa�ses e da Uni�o Europeia, porque as cadeias de produ��o globais come�am uma parcial regionaliza��o. Ao mesmo tempo, a institucionalidade financeira e comercial do Ocidente est� sendo utilizada contra R�ssia, o que acaba fortalecendo o yuan como moeda com poder de troca no chamado “Sul Austral”. A manobra do Brasil, ao “desdolarizar” o com�rcio com a China, � arriscada, mas n�o carece do sentido de oportunidade. Tudo depender� dos termos institucionais em que isso ocorrer.


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