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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Devagar com o ''vacinogate'', que o santo � de barro

O senso comum entre os pol�ticos, ontem, era de que o ministro Alexandre de Moraes havia exagerado ao determinar a busca na casa do ex-presidente Bolsonaro


04/05/2023 04:00 - atualizado 04/05/2023 07:21

O ministro do STF, Alexandre de Moraes autorizou a operação da Polícia Federal que prendeu ajudante de ordem de Bolsonaro
O ministro do STF, Alexandre de Moraes autorizou a opera��o da Pol�cia Federal que prendeu ajudante de ordem de Bolsonaro (foto: Evaristo S�/AFP - 12/12/22)

Nem regulamenta��o das Fake News, nem arcabou�o fiscal, nem reforma tribut�ria. A agenda pol�tica do pa�s ontem foi um caso de pol�cia: a Pol�cia Federal fez buscas na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro em Bras�lia e prendeu o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, e outros cinco suspeitos, por fraudes em atestados de vacina. Convocado, Bolsonaro decidiu n�o comparecer � sede da Pol�cia Federal para prestar depoimento e passou o dia em reuni�es na sede do PL, no Setor Hoteleiro Norte de Bras�lia.

Autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, no guarda-chuva do inqu�rito sobre “milicias digitais”, a opera��o foi solicitada pela Pol�cia Federal, a partir de uma investiga��o iniciada pela Controladoria Geral da Uni�o (CGU), no dia 30 de dezembro, sobre fraudes na emiss�o de atestados de vacinas pelo SUS. Os cart�es de vacina��o do Bolsonaro e da filha de 12 anos foram emitidos em 21 de dezembro passado, antes da viagem aos EUA (no pen�ltimo dia de mandato). Os dados foram retirados do sistema em 27 do mesmo m�s, segundo relat�rio da Pol�cia Federal. Bolsonaro nunca admitiu que se vacinou.

Policiais chegaram nas primeiras horas da manh� de ontem ao condom�nio onde o ex-presidente da Rep�blica mora desde que voltou ao Brasil, em mar�o. Bolsonaro est� impedido de deixar o pa�s. Al�m do seu passaporte, o magistrado autorizou que equipamentos de inform�tica e celulares fossem recolhidos. O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presid�ncia, foi preso; o ex-vereador do Rio de Janeiro Marcelo Siciliano, o deputado federal Gutemberg Reis de Oliveira (MDB-RJ) e o m�dico Farley Vinicius Alc�ntara  tamb�m s�o acusados de envolvimento no esquema.

Al�m de Mauro Cid, foram presos o sargento Lu�s Marcos dos Reis, que era da equipe de Mauro Cid; o ex-major do Ex�rcito Ailton Gon�alves Moraes Barros; o policial militar Max Guilherme, que atuou na seguran�a presidencial; o militar do Ex�rcito S�rgio Cordeiro, que tamb�m atuava na prote��o pessoal de Bolsonaro; e o secret�rio municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ), Jo�o Carlos de Sousa Brecha. A PF tamb�m pediu busca e apreens�o contra a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, mas o ministro Alexandre de Moraes negou.

O “vacinogate” como est� sendo chamado ironicamentes, pode tornar ineleg�vel o presidente Jair Bolsonaro. Infra��o de medida sanit�ria preventiva, associa��o criminosa, inser��o de dados falsos em sistemas de informa��o e corrup��o de menores s�o os crimes investigados. Entretanto, o senso comum entre os pol�ticos ontem, no Congresso, era de que o ministro Alexandre de Moraes havia exagerado ao determinar a busca e apreens�o na casa do ex-presidente da Rep�blica. Mesmo entre os petistas, gatos escaldados, havia preocupa��o em rela��o ao inqu�rito. O presidente da C�mara, Arthur Lira (PP-AL), em entrevista ontem, afirmou que � preciso haver cautela em rela��o ao caso.

Vitimiza��o


A falsifica��o de um certificado de vacina��o � grave �tica e moralmente, mas isso Bolsonaro n�o admite em nenhuma hip�tese, nem atribui a terceiros. Simplesmente diz que desconhece o caso. Segundo o senador Eduardo Gomes (PL-TO), que foi l�der de seu governo no Congresso, o fato n�o muda em nada a imagem de Bolsonaro, porque suas posi��es contra a vacina e seu negacionismo em rela��o a COVID-19 s�o notoriamente conhecias. “Ele pode at� ter pedido a elei��o por causa disso, mas agora isso n�o significa mais nada”, minimizou. Segundo o ex-l�der governista, o celular de Bolsonaro n�o tinha senha: “Ele n�o tem nada a esconder”.

O caso dos atestados de vacina nem de perto se compara ao Watergate, um dos maiores esc�ndalos da hist�ria da pol�tica dos Estados Unidos. Come�ou quando cinco homens foram presos tentando invadir a sede do Partido Democrata com o intuito de plantar escutas telef�nicas, em junho de 1972. Dois jornalistas do The Washington Post – Carl Bernstein e Bob Woodward – come�aram a investigar os detalhes e um informante do FBI, conhecido como “Garganta Profunda”, auxiliou os jornalistas a descobrirem que o ent�o presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, sabia do caso. Investigado, por tentar obstruir a investiga��o, foi aberto um processo de impeachment contra Nixon, que acabou renunciando ao mandato.

Bolsonaro n�o � mais presidente, mas ainda conta com muito prest�gio popular e uma base de apoio robusta no Congresso, a ponto de for�ar o presidente da C�mara, Arthur Lira, a pedir modera��o na condu��o das investiga��es: “A gente j� viveu momentos de instabilidade e a Justi�a precisa agir com tranquilidade, ater-se aos fatos”. Segundo ele, � preciso ver como “isso vai chegar ao final sem maiores problemas pol�ticos”. O caso do atestado de vacina mobiliza a bancada bolsonarista e seus eleitores, que pressionam Lira.

Como toda investiga��o policial, o caso deixa um rastro e tem uma motiva��o, por�m ainda n�o sabe onde vai dar. A apreens�o de dinheiro vivo na casa do ex-ajudante de ordens do presidente da Rep�blica e um preso que diz ter informa��es sobre o caso do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (Psol) podem mudar o rumo das coisas. A apreens�o de celulares e outros documentos tamb�m pode revelar outras conex�es, inclusive com os epis�dios de 8 de janeiro. Apesar disso, mesmo no Pal�cio do Planalto, h� preocupa��o quando as consequ�ncias pol�ticas e eleitorais da “vitimiza��o” de Bolsonaro, que ativa as emo��es dos militantes bolsonaristas e criam um ambiente de desconforto entre os pol�ticos, que j� come�am a questionar supostos “excessos” na atua��o do ministro Alexandre de Moraes.
 




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