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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Lula est� entre a guerra e paz na c�pula dos pa�ses ricos em Hiroshima

"Com a invas�o da Ucr�nia, disputa entre EUA e China amea�a transformar a guerra comercial entre os dois pa�ses em nova 'guerra fria'"


21/05/2023 04:00 - atualizado 21/05/2023 07:36
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Joe Biden
Joe Biden pressiona o Brasil a assumir posi��o claramente favor�vel � Ucr�nia na guerra com a R�ssia (foto: KENNY HOLSTON/POOL/AFP)

 
O romance “Guerra e paz” (Companhia das Letras), de Liev Tolst�i, foi publicado inicialmente como folhetim, na revista Russkii Vestnik, entre 1865 e 1869. A novela retrata a R�ssia no come�o do s�culo 19, particularmente no per�odo da invas�o de Napole�o Bonaparte, que chegou a ocupar Moscou por um m�s e meio. O realismo social e a complexidade psicol�gica fizeram da obra uma das mais importantes da literatura universal. A maior cr�tica a Tolst�i � ao seu fatalismo hist�rico, que norteia a trajet�ria de seus protagonistas, como se n�o houvesse livre-arb�trio.
 
Na �poca, al�m de quebrar todas as regras liter�rias, que Tolst�i havia respeitado em “Anna Karenina” (1878), o romance tamb�m foi mal-recebido por parte dos veteranos da guerra de 1812, contra Napole�o Bonaparte, porque desconstr�i a narrativa her�ica tradicional ao descrever o dia a dia dos soldados. Com o tempo, por�m, o romance passou a ser reconhecido por sua qualidade liter�ria e tamb�m hist�rica. � considerado a melhor reconstitui��o daquele conflito, no qual Napole�o acabou derrotado pelo velho e ardiloso marechal Mikhail Kutuzov.
 
V�m dessa derrota de Napole�o o mito da invencibilidade do Ex�rcito russo, gra�as ao “general inverno”, consolidado com a vit�ria do Ex�rcito Vermelho contra a Alemanha, na Segunda Guerra Mundial. Mas o mito n�o � verdadeiro. Mesmo na Batalha de Borodino, decisiva para a derrota da campanha napole�nica, os russos foram derrotados, perdendo metade dos seus soldados. O problema de Napole�o foi que n�o houve rendi��o, ao contr�rio do que ocorrera em outras campanhas, al�m do fato de que perdera um ter�o de seus soldados no confronto. Al�m de salvar o Ex�rcito, ao evacuar Moscou, Kutuzov evitou outro confronto com Napole�o, preferiu adotar a t�tica de guerrilhas e fustigar a retaguarda do Ex�rcito franc�s, na sua retirada dram�tica pela neve.
 
Entretanto, mais tarde, a Russia perderia a guerra com o Jap�o, entre 1904 e 1905, ao disputar os territ�rios da Manchuria, principalmente Port Arthur, na pen�nsula de Liaodong. Na Batalha de Tsushima, a frota russa foi arrasada pela Marinha japonesa, perdendo 24 navios. O epis�dio obrigou o czar Nicolau II a negociar a paz. Sua derrota foi uma das causas das revolu��es de 1905 e 1017. Foi t�o traum�tica que, na Segunda Guerra Mundial, o l�der sovi�tico Youssef St�lin temia muito mais uma invas�o japonesa do que o ataque alem�o. Por isso, expurgou veteranos generais e acabou surpreendido por Hittler, com quem havia feito um acordo de paz, apesar das advert�ncias dos servi�os de espionagem.

Guerra da Ucr�nia


Os russos n�o s�o os mesmos soldados fora de seu territ�rio, isso ficou comprovado na Guerra de Inverno, contra a Finl�ndia (1937-1940), quando n�o conseguiram ocupar completamente o pa�s, e na invas�o do Afeganist�o, que durou dez anos e acabou perdida de forma humilhante para os mujajidin, os rebeldes do Taleban. Na Ucr�nia, a vida nunca foi f�cil para os russos. Conquistada por Pedro, o Grande, que derrotou Carlos XII da Su�cia na batalha de Poltava, em 1709, a Ucr�nia foi dividida pela Pol�nia e �ustria, at� a Revolu��o Russa de 1917, quando se tornou uma rep�blica sovi�tica. Mesmo assim, houve uma guerra civil entre cossacos aliados dos bolcheviques e o Ex�rcito “branco”, sendo uma parte do territ�rio anexado pela Pol�nia nas negocia��es de paz com Lenin, o l�der sovi�tico.
 
Na Segunda Guerra Mundial, devido ao trauma da “Grande Fome”(Holomnodor, causada pelas coletiviza��es for�adas de St�lin, uma parte dos ucranianos apoiou o Ex�rcito alem�o. A Ucr�nia foi plenamente reintegrada � antiga Uni�o Sovi�tica depois da guerra, quando incorporou tamb�m a Crimeia. Com o colapso do modelo sovi�tico, conquistou in�dita e plena independ�ncia. Agora, teve seu territ�rio invadido perla R�ssia, que corre s�rio risco de uma nova derrota catastr�fica. Os Estados Unidos, o Reino Unido e a Uni�o Europeia, inclusive Fran�a e Alemanha, n�o est�o dispostos a aceitar que uma parte do territ�rio ucraniano seja incorporado � Russia, como j� aconteceu em outros momentos da hist�ria.
 
Na verdade, a guerra da Ucr�nia se transformou numa guerra por procura��o entre a Organiza��o do Tratado do Atl�ntico Norte (Otan) e a R�ssia, na qual Putin est� moralmente derrotado na opini�o p�blica ocidental e, agora, corre o risco de sofrer uma derrota militar propriamente dita. O Ocidente est� disposto a escalar a guerra at� a retirada total das tropas russas, com a transfer�ncia de armamentos mais modernos e com potencial ofensivo muito maior para a Ucr�nia, como os avi�es de ca�a F-1(EUA). � nesse contexto que o presidente Luiz In�cio Lula da Silva participa da reuni�o do G7 (os sete pa�ses mais industrializado do mundo), que termina hoje, em Hiroshima, no Jap�o.
 
O presidente da Ucr�nia, Volodymyr Zelensky, que se transformou no l�der pol�tico mais popular do Ocidente, chegou de surpresa � reuni�o e deve ter encontro biliteral com Lula. O Brasil est� sendo pressionado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e outros l�deres europeus a assumir uma posi��o claramente favor�vel � Ucr�nia na guerra com a R�ssia. A �ndia, que � aliada dos Estados Unidos contra China, tamb�m. Os dois pa�ses integram o Brics (Brasil, R�ssia, �ndia, China e �frica do Sul), um pacto entre as principais economias emergentes. A disputa entre os Estados Unidos e a China  amea�a transformar a guerra comercial entre os dois pa�ses numa nova “guerra fria”.
 
Ontem, na reuni�o dse c�pula do G-7, Lula criticou a forma��o de  “blocos antag�nicos” no mundo. Defendeu reformas e a inclus�o de novos membros permanentes no Conselho de Seguran�a da ONU, para “recuperar a efic�cia, autoridade pol�tica e moral para lidar com os conflitos e dilemas no s�culo 21”. O G7 engloba EUA, Reino Unido, Canad�, Fran�a, Alemanha, It�lia e Jap�o. Austr�lia, Comores, Ilhas Cook, �ndia, Indon�sia, Coreia do Sul e Vietn� tamb�m participaram da reuni�o. Embora a neutralidade do Brasil seja uma tradi��o diplom�tica, nessa quest�o da Ucr�nia essa posi��o isola Lula no Ocidente e internamente.

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