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Estado de Minas entre linhas

Ambiguidade de Lula pode levar ao desembarque de Marina

A pior coisa que poderia ocorrer ao governo, neste momento, � uma crise no Minist�rio do Meio Ambiente


23/05/2023 04:00
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Marina Silva deixou o ministério no governo Dilma
Marina Silva deixou o minist�rio no governo Dilma (foto: SERGIO LIMA/AFP)

A pol�mica sobre a explora��o de petr�leo na foz do Rio Amazonas, que op�e institucionalmente a Petrobras, que pretende faz�-la, ao Ibama, que n�o autoriza, � nitroglicerina pura. Al�m de o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), entrar em rota de colis�o com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), arrasta para o contencioso o presidente Luiz In�cio Lula da Silva, numa hora que o eixo da pol�tica externa foi deslocado da economia sustent�vel para o tema da guerra e da paz.

A Petrobras pediu para explorar um campo com potencial de 14 bilh�es de barris de petr�leo a 175 quil�metros da costa do Amap�, mas o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov�veis (Ibama) negou licen�a � estatal na quarta-feira.

A pior coisa que poderia ocorrer ao governo, neste momento delicado da nossa pol�tica externa, em raz�o do posicionamento de Lula em rela��o � guerra da Ucr�nia, � um desembarque de Marina do governo. Ela � a fiadora da credibilidade do pa�s nos f�runs internacionais sobre o meio ambiente, que abriram as portas da pol�tica mundial para o presidente Lula, antes mesmo de sua posse, al�m de desbloquear os recursos financeiros para o Fundo da Amaz�nia.

A defesa da Amaz�nia sempre foi uma bandeira da esquerda, muito mais pela �tica da integridade territorial e da garantia de suas reservas minerais; mais recentemente, em raz�o das popula��es ribeirinhas, dos seringueiros e dos ind�genas, em defesa dos direitos humanos, com forte atua��o da Igreja Cat�lica. Talvez tenha sido o cacique Raoni o primeiro a sacar que a Amaz�nia j� estava “internacionalizada”, ao deixar sua aldeia para correr o mundo ao lado do cantor Sting, em busca de solidariedade internacional � luta pela demarca��o das terras ind�genas.

Ex-seringueira, Marina seguiu essa trilha, principalmente depois do assassinato do l�der seringueiro Chico Mendes, quando ministra do Meio Ambiente adotou uma agenda muito mais ampla, mas n�o perdeu o eixo da luta pela preserva��o da floresta em p�. Ocorre que a popula��o da Amaz�nia hoje � estimada de 38 milh�es de habitantes, que vivem sobretudo das atividades econ�micas tradicionais, entre as quais a pecu�ria e a explora��o mineral. Marina saiu do governo Dilma Rousseff por se opor � constru��o da represa de Belo Monte, no Rio Xingu, perto de Altamira (PA).

H� um choque tremendo entre as lideran�as populares e ind�genas da Amaz�nia, representadas por Marina e, agora, tamb�m pela ministra dos Povos Ind�genas, Sonia Guajajara, e parte da elite pol�tica dos estados da Amaz�nia, que representa interesses econ�micos e pol�ticos tradicionais. H� tamb�m uma alian�a t�cita com madeireiros, garimpeiros, pecuaristas e grileiros na regi�o, que agora tamb�m registra a forte presen�a dos traficantes de drogas.

O governo de Jair Bolsonaro agravou esse choque, ao estimular o desmatamento e o garimpo, bem como a invas�o das terras ind�genas. De certa forma, consolidou a internacionaliza��o da Amaz�nia, por transformar o desmatamento numa “amea�a global”. Ningu�m pode ser indiferente a essa nova realidade, muito menos o presidente Lula, que pretende solicitar � Petrobras novos estudos sobre a viabilidade da explora��o de petr�leo na foz do Amazonas, mais precisamente na costa do Amap�.


Pode virar mico

A posi��o de Lula � amb�gua, disse que n�o emitir� licen�a para a Petrobras se houve riscos ambientais. Ao mesmo tempo, declarou que considera essa possibilidade remota, j� que o ponto de explora��o fica a mais de 500km de dist�ncia da foz do rio. Vale lembrar que o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, � petista de carteirinha. Foi senador pelo Rio Grande do Norte e est� com o prest�gio em alta, por ter adotado uma nova estrat�gia de fixa��o de pre�os da empresa, que reduziu os pre�os do diesel, da gasolina e do g�s de cozinha.

Na Amaz�nia, h� mais de 100 po�os de petr�leo sendo explorados em terra, h� d�cadas. N�o se tem not�cia de vazamentos at� hoje. No mar, j� houve mais de 100 outras perfura��es, tamb�m sem not�cias de acidentes ambientais. Entretanto, essa uma discuss�o t�cnica, como a probabilidade de avi�es ca�rem. Quando acontece, � uma trag�dia.

A discuss�o, por�m, deve ter outra dimens�o. Segundo a Ag�ncia Internacional de Energia (AIE), se queremos ficar pr�ximo do objetivo de n�o aquecer a temperatura m�dia do planeta mais do que 1,5 grau Celsius at� 2100, mais de dois ter�os das reservas conhecidas de petr�leo nunca poder�o ser utilizadas. Um ciclo de explora��o de petr�leo em �guas profundas, da prospec��o � produ��o, leva at� 20 anos para alcan�ar a rentabilidade desejada.

At� a margem equatorial do Amazonas iniciar produ��o, estaremos nos primeiros anos da pr�xima d�cada. Pa�ses como a Ar�bia Saudita, que n�o t�m florestas, vender�o seu petr�leo ao pre�o de quem sabe que o uso de petr�leo vai acabar. Cada 0,1 Celsius a mais do que 1,5 grau Celsius custam trilh�es de d�lares em perdas econ�micas, milhares de mortos por trag�dia naturais e alto risco de colapso civilizacional. Abrir uma nova fronteira de petr�leo em vez de investir no baixo carbono � vis�o de curt�ssimo prazo e pode ser um mico financeiro colossal.



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