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Estado de Minas Entre Linhas

Muda tudo no cen�rio pol�tico caso Bolsonaro fique ineleg�vel

A derrota eleitoral E seu poss�vel alijamento de 2026 j� est�o fomentando o surgimento de lideran�as de direita mais esclarecidas e moderadas


14/06/2023 04:00
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Uma das ações que pode tornar Bolsonaro inelegivel será julgada no dia 22
Uma das a��es que pode tornar Bolsonaro inelegivel ser� julgada no dia 22 (foto: MAURO PIMENTEL/AFP)

O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi marcado para o pr�ximo dia 22, pelo ministro Alexandre de Moraes. Movida pelo PDT, trata-se de uma a��o por abuso de poder pol�tico e econ�mico ao realizar uma reuni�o com embaixadores em julho do ano passado e atacar o processo eleitoral brasileiro. Caso seja condenado, o que � prov�vel, devido � evid�ncia dos fatos em confronto com a legisla��o eleitoral vigente, Bolsonaro estar� impedido de disputar quaisquer cargos eletivos, inclusive a Presid�ncia da Rep�blica em 2026. Isso mudar� tudo no cen�rio pol�tico nacional.

O julgamento deve ser conclu�do ainda neste m�s, antes do recesso no Judici�rio. Durante o encontro com os embaixadores, no Pal�cio da Alvorada, em julho de 2022, Bolsonaro questionou a seguran�a do sistema eleitoral e apontou risco de fraude nas elei��es, sem apresentar provas. Al�m disso, Bolsonaro � alvo de 16 investiga��es no TSE. Sua condena��o ter� forte impacto no ambiente pol�tico do pa�s, porque tira de cena o principal protagonista da extrema direita, que hegemoniza a oposi��o. Esse espa�o pol�tico tende a ser ocupado por outra lideran�a de direita. O conservadorismo continua sendo a for�a predominante na oposi��o, na qual emergem novas lideran�as, com destaque para os governadores de S�o Paulo, Tarc�sio de Freitas (Republicanos); Minas, Romeu Zema (Novo); e Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB).

A diferen�a entre o reacionarismo de extrema-direita e o conservadorismo precisa ser levada em conta. O esp�rito reacion�rio invoca o passado para nele viver sem transforma��es, o que � muito diferente da atitude do conservador, que tem o passado e suas tradi��es como refer�ncia, mas busca agir no presente e construir o futuro � sua fei��o. A luta para salvar um passado id�lico e imagin�rio, como a dos saudosistas do regime militar, no dia 8 de janeiro, � uma decorr�ncia das dificuldades para conviver com as mudan�as do nosso tempo, diante da globaliza��o e o multiculturalismo, com suas pautas identit�rias. Entretanto, tornou-se um problema “moderno” e mundial. A direita avan�a no mundo.

O pensamento conservador, mesmo de vi�s autorit�rio, tem um projeto de moderniza��o pelo alto, que busca acompanhar as mudan�as a qualquer pre�o, desconsiderando seus custos sociais. Tem um car�ter mais pragm�tico do que ideol�gico, que seduz os setores da sociedade que buscam solu��es individuais para os seus problemas, sem levar em conta o contexto geral de progresso e bem-estar da sociedade, que s�o fatores de sucesso mais amplo, mesmo para o empreendedorismo. Com a desestrutura��o das classes sociais na modernidade p�s-industrial, essea setores buscam uma nova identidade e s�o a base natural para o surgimento de uma nova direita.

De certa forma, a derrota eleitoral de Bolsonaro no ano passado e seu poss�vel alijamento da disputa de 2026 j� est�o fomentando o surgimento de lideran�as de direita mais esclarecidas e moderadas, capazes de co nquistar um eleitorado que ficar� �rf�o. Ou seja, a direita n�o morre com a ilegibilidade de Bolsonaro, ela pode at� se renovar, no leito do antipetismo ainda majorit�rio na sociedade, com a emerg�ncia de uma nova gera��o de pol�ticos conservadores, no v�cuo eleitoral do bolsonarismo.

Foro de S�o Paulo


� a� que mora o perigo para o presidente Luiz In�cio Lula da Silva, ao n�o perceber que a emula��o sistem�tica com os setores de centro, ao mesmo tempo em que deles precisa para ter sustenta��o social e pol�tica, tende a isolar ainda mais o PT e fragilizar sua rela��o com os demais partidos que d�o sustenta��o ao governo no Congresso. Lula tenta implementar uma agenda nacional-desenvolvimentista que pode at� dar algumas respostas imediatas para a economia, mas n�o � a ultrapassagem para a nova economia e sua integra��o nas novas cadeias globais de valor. As dificuldades para fechar o acordo comercial com a Uni�o Europeia, nesse aspecto, s�o preocupantes, mesmo com o desconto de que o lobby agr�cola europeu cria dificuldades em raz�o do temor � concorr�ncia do nosso agroneg�cio.

Para o PT, o governo Lula est� em disputa com o centro. A realiza��o da reuni�o do Foro de S�o Paulo, entre 29 de junho e 2 de julho, com representantes de 23 pa�ses, tende a refor�ar essa tend�ncia. N�o pelo encontro em si, pois � legitimo que os partidos de esquerda se encontrem, mas pelo rumo pol�tico que se pretenda adotar.  Criado em 1990, pelos partidos de esquerda da Am�rica Latina, no poder em dez pa�ses, comparecer�o ao evento delega��es do M�xico, Col�mbia, Venezuela, Cuba, Nicar�gua, China, �ndia, R�ssia, Belarus, Chile, Argentina, Equador, Bol�via, Peru, Alemanha, Turquia, Espanha (deve vir o primeiro-ministro), Portugal, Fran�a, EUA (secret�ria de Estado), Ir� e Ar�bia Saudita. Nesse aspecto, a interven��o do presidente Lula no evento pode ser um divisor de �guas para seu governo e a esquerda latino-americana. Tudo depender� da pol�tica que preconizar para a Am�rica Latina. Se for um “aggiornamento”, a�. sim, ser� um fator novo, mas � pouco prov�vel.

O outro lado dessa moeda s�o os sinais positivos de que a infla��o est� em queda constante, o que refor�a a tend�ncia de redu��o de juros, cujo patamar freia a economia. As proje��es do Boletim Focus para a infla��o de 2024 e 2025 est�o em 4% e 3,9%,  o que � uma excelente not�cia para o governo Lula.






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