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Estado de Minas ENTRE LINHAS

Lula encontra Biden e Zelensky e antecipa volta ao Brasil

Lula retomou a tradi��o brasileira. Tratou de todos os temas que desafiam o mundo globalizado, da crise clim�tica a preserva��o das florestas


20/09/2023 04:00 - atualizado 20/09/2023 08:18
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Lula e Joe Biden
Lula e Joe Biden (foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP)
A participa��o do presidente Luiz In�cio Lula da Silva na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, depois de quatro anos de governo Bolsonaro, reposicionou o Brasil no cen�rio internacional, na linha que nos levou � condi��o de pa�s que faz a abertura dos trabalhos da institui��o. O Brasil voltou � defesa do multilateralismo, como � da nossa tradi��o, e assumiu uma posi��o de lideran�a incontest�vel no enfrentamento das mudan�as clim�ticas e no combate � fome e � desigualdade. Lula fez um discurso no qual foi, sim, um porta-voz dos pa�ses em desenvolvimento. Enquanto uma das maiores democracias do mundo, essa � a lideran�a que cabe lhe cabe como presidente.

“O Brasil est� de volta” mesmo, n�o apenas nas palavras de Lula, que foi uma esp�cie de fregu�s de carteirinha de quase todos os encontros multilaterais realizados desde sua posse. Ontem, colheu os frutos de seu protagonismo. “O Brasil est� se reencontrando consigo mesmo, com nossa regi�o, com o mundo e com o multilateralismo”, disse na ONU. “Resgatamos o universalismo da nossa pol�tica externa, marcada por di�logo respeitoso com todos”.  Foi uma mudan�a da �gua para o vinho no posicionamento do Brasil na mais importante institui��o de governan�a mundial, em que pese seus problemas, como ficou demonstrado durante a pandemia.

S�o raros os momentos na hist�ria do Brasil em que o pa�s andou para tr�s, mais raros ainda aqueles em que o pa�s diminuiu de tamanho em rela��o �s demais na��es do mundo. Em 2019, um agressivo e radical discurso do ent�o presidente Jair Bolsonaro, na qual reiterou posi��es ultraconservadoras, antiambientalistas e antiglobalistas, transformou o pa�s um autoproclamado “p�ria internacional”. Jogou no lixo um legado de gera��es de diplomatas, desde Rio Branco, que todo presidente da Rep�blica, inclusive os militares, valorizaram. A tradi��o de o Brasil fazer a abertura da Assembleia-Geral come�ou no segundo encontro mundial, quando discursou o ent�o ministro das Rela��es Exteriores, Oswaldo Aranha; Bolsonaro usou-a para fazer proselitismo negacionista e de extrema-direita.

O choque foi muito grande, porque o privil�gio se manteve ao longo dos anos, sem que houvesse qualquer texto ou norma da ONU que determine a sua obrigatoriedade. A tradi��o � o Brasil buscar um ponto de equil�brio, um posicionamento que corresponda ao consenso majorit�rio, fugindo dos confrontos entre as na��es. Na ONU, Bolsonaro quebrara essa tradi��o, ao fazer um discurso duro, quase belicoso, que elegeu como advers�rios os �ndios, os ambientalistas, alguns l�deres europeus e seus advers�rios de sempre: os l�deres da Venezuela, de Cuba e dos partidos de esquerda. Foi um discurso para o p�blico bolsonarista, o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e outros l�deres conservadores com os quais se alinhava.

Lula retomou a tradi��o brasileira. Tratou de todos os temas que desafiam o mundo globalizado, da crise clim�tica, cobrou dos pa�ses ricos os recursos prometidos para a transi��o energ�tica e a preserva��o das florestas, sobretudo a Amaz�nia, que foi o tema de seu encontro com os l�deres da Alemanha e Noruega. Sem os recursos prometidos, o Acordo de Paris e no Marco Global da Biodiversidade ser�o letra morta. Outros destaques foram para os temas da fome e da desigualdade: “Estabilidade e seguran�a n�o ser�o alcan�ados onde h� exclus�o social e desigualdade”, afirmou. Destacou que da ONU est�o amea�adas e anunciou que pretende transformar a agenda do combate �s desigualdades num marco de sua passagem pela presid�ncia do G-20.

Mercosul

O presidente brasileiro teve um posicionamento estrat�gico correto ao tratar do tema no qual mais trope�ou na sua diplomacia presidencial: a guerra da Ucr�nia. Sua declara��o de que conflito “escancara nossa incapacidade coletiva de fazer prevalecer os prop�sitos e princ�pios da Carta da ONU” manteve as pontes com a R�ssia, mas abriu caminho para o importante encontro que ter� ainda hoje com o presidente ucraniano Volodymir Zelensky. Outro tema pol�mico foi a cr�tica ao bloqueio econ�mico contra Cuba, que � uma posi��o da diplomacia brasileira desde o restabelecimento das rela��es com o governo cubano, pelo presidente Jos� Sarney, em 1986.

Na agenda de bilaterais, Lula esteve com o presidente da �ustria, Alexander van der Bellen, em Nova York, para tratar da COP30, em 2025, em Bel�m, e da transi��o energ�tica. H� empresas austr�acas em buscar oportunidades de investimento no Brasil. tamb�m esteve com o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz; com o primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Store, para tratar do Fundo da Amaz�nia, cujos recursos foram congelados durante o governo Bolsonaro. Esses encontros foram muito importantes por causa das negocia��es do Acordo entre o Mercosul e a Uni�o Europeia, que estava travado.

As possibilidades de o acordo finalmente sair s�o reais. Uma mudan�a significativa ocorreu nesta semana. A Uni�o Europeia sinalizou a disposi��o de concluir o acordo at� dezembro. Uma das raz�es � a guerra da Ucr�nia, que est� prejudicando toda a economia europeia. A resposta do Mercosul �s exig�ncias adicionais ambientais da Uni�o Europeia, para conclus�o do Acordo de Associa��o Birregional, est� sendo assimilada. O bloco est� disposto a levar em conta a legisla��o interna dos pa�ses e considerando “diferentes circunst�ncias nacionais’”, mas rejeita imposi��o unilateral de Bruxelas. Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai querem incluir um mecanismo de compensa��o: se o Mercosul considerar que regulamenta��es unilaterais europeias reduzem as concess�es feitas no acordo, algo ter� de ser feito logo para compensar essa situa��o.

Na Uni�o Europeia, a resposta do Mercosul acelerou as negocia��es. Os 27 Estados-membros receberam o comunicado e o presidente da Comiss�o de Com�rcio do Parlamento Europeu, Bernd Lange, anunciou que a contraproposta do Mercosul est� sendo analisada: “Precisamos construir uma parceria genu�na e igualit�ria que aborde os desafios mais urgentes de nosso tempo, inclusive o desmatamento. S� poderemos enfrentar as mudan�as clim�ticas se estivermos de acordo e trabalharmos juntos”, declarou.

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