
As cr�ticas a Israel feitas pelo presidente da ONU, Ant�nio Guterres, em meio � crise humanit�ria em Gaza, provocaram forte rea��o do ministro de Rela��es Exteriores israelita, Eli Cohen, que pediu a ren�ncia do diplomata portugu�s e anunciou que os vistos para funcion�rios da ONU foram suspensos por seu pa�s.
A crise diplom�tica escalou ap�s declara��es de Guterres de que os ataques do Hamas em 7 de outubro, que deixaram 1.400 mortos, n�o aconteceram “no v�cuo”, fazendo refer�ncia aos “56 anos de ocupa��o” dos palestinos por Israel, e n�o justificam a morte de 5,8 mil civis, muitas mulheres e crian�as, e o deslocamento de mais de um milh�o de palestinos para o Sul de Gaza.
A crise diplom�tica escalou ap�s declara��es de Guterres de que os ataques do Hamas em 7 de outubro, que deixaram 1.400 mortos, n�o aconteceram “no v�cuo”, fazendo refer�ncia aos “56 anos de ocupa��o” dos palestinos por Israel, e n�o justificam a morte de 5,8 mil civis, muitas mulheres e crian�as, e o deslocamento de mais de um milh�o de palestinos para o Sul de Gaza.
A forma como Israel ataca Guterres e pretende tratar o pessoal da ONU que atua na regi�o em miss�es humanit�rias, dos quais 35 j� morreram nos bombardeios, � um sintoma da profunda crise que paralisa a organiza��o.
Seu Conselho de Seguran�a, presidindo provisoriamente pelo Brasil, n�o consegue aprovar uma resolu��o sobre o conflito, apesar dos esfor�os de media��o do chanceler brasileiro Mauro Vieira. Ontem, foram rejeitadas mais duas resolu��es, uma apresentada pelos Estados Unidos e outra pela R�ssia. A disputa entre as duas maiores pot�ncias militares do planeta tem por pano de fundo a guerra da Ucr�nia, apesar dos 1.875 km de dist�ncia em linha reta entre Donetsk, regi�o ocupada pelo Ex�rcito russo, e a Faixa de Gaza, que Israel pretende invadir por terra, mar e ar.
Seu Conselho de Seguran�a, presidindo provisoriamente pelo Brasil, n�o consegue aprovar uma resolu��o sobre o conflito, apesar dos esfor�os de media��o do chanceler brasileiro Mauro Vieira. Ontem, foram rejeitadas mais duas resolu��es, uma apresentada pelos Estados Unidos e outra pela R�ssia. A disputa entre as duas maiores pot�ncias militares do planeta tem por pano de fundo a guerra da Ucr�nia, apesar dos 1.875 km de dist�ncia em linha reta entre Donetsk, regi�o ocupada pelo Ex�rcito russo, e a Faixa de Gaza, que Israel pretende invadir por terra, mar e ar.
A rejei��o da proposta anteriormente apresentada pelo Brasil, que obteve 12 votos, com duas absten��es (Inglaterra e R�ssia) e foi vetada pelos Estados Unidos, isoladamente, foi um presente do presidente norte-americano Joe Biden para o presidente russo Vladimir Putin. Para os diplomatas russos, os Estados Unidos foram incoerentes, adotam dois pesos e duas medidas: exigem da R�ssia o respeito ao direito internacional e aos direitos humanos na Ucr�nia, mas n�o fazem o mesmo em rela��o a Israel na Faixa de Gaza.
As vota��es de ontem tamb�m demonstraram o complexo xadrez geopol�tico que paralisa e esvazia a ONU. O Conselho de Seguran�a tornou-se irrelevante, como h� muito o Brasil e outros pa�ses de desenvolvimento argumentam para propor sua reestrutura��o. H� uma nova “guerra fria” entre os Estados Unidos e Reino Unido, de um lado, a R�ssia e a China. de outro, com a Fran�a entre o mar e o rochedo.
Nas vota��es de ontem, a resolu��o norte-americana foi vetada pela China e pela R�ssia, que criticaram a falta de um pedido de cessar-fogo no texto. Votaram a favor Alb�nia, Fran�a, Equador, Gab�o, Gana, Jap�o, Malta, Su��a, Reino Unido, EUA, ou seja, 10 pa�ses. R�ssia, China, Emirados �rabes Unidos votaram contra, enquanto Brasil e Mo�ambique se abstiveram.
A resolu��o russa n�o obteve os nove votos para ser aprovada, mas seria vetada pelos Estados Unidos. Somente teve o apoio da China, Gab�o e Emirados �rabes. O texto teria sido vetado pelos Estados Unidos e Reino Unido de qualquer forma. Nove pa�ses se abstiveram: Alb�nia, Brasil, Equador, Fran�a, Gana, Jap�o, Malta, Mo�ambique, Su��a.
Escalada do conflito
Essas vota��es mostram o complexo cen�rio internacional, em que os Estados Unidos apoiam Israel incondicionalmente, apesar da ret�rica humanit�ria de Biden. Ontem, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reiterou seu ultimato aos civis que ainda est�o no Sul de Gaza para que deixem a regi�o e que o Ex�rcito de Israel deve avan�ar a qualquer momento, com objetivo de liquidar o Hamas. A cidade de Gaza, devido aos bombardeios, virou um monte escombros, mas o Hamas at� agora somente libertou quatro de mais de 200 ref�ns em seu poder.
O avan�o israelense em Gaza inevitavelmente aumentar� a carnificina. Os pa�ses �rabes temem que o conflito se alastre para o Sul do L�bano. Caso o Hezbollah ataque o territ�rio de Israel, a nova frente ser� um confronto muito mais violento, seja pelo poder da mil�cia libanesa, seja pela rea��o de Israel, que amea�a invadir o L�bano novamente. Na fronteira com a S�ria, a situa��o tamb�m � tensa, por causa da forte presen�a do Hezbollah.
A maior preocupa��o � com o Ir�, que arma e financia tanto o Hamas quanto o Hezbollah, e n�o aceita a exist�ncia do Estado de Israel. A forte presen�a naval dos Estados Unidos no Mediterr�neo � um recado de que a entrada do Hezbollah no conflito pode ser interpretada como uma agress�o do Ir� e provocar uma retalia��o de Israel, qui�a dos Estados Unidos.
A deteriora��o da situa��o internacional tem por pano de fundo o colapso da chamada “pax americana”, a unipolaridade surgida ap�s o fim da antiga Uni�o Sovi�tica. A emerg�ncia da China como segunda pot�ncia econ�mica mundial reabriu as possibilidades de restabelecimento do multilateralismo, mas os f�runs criados para isso, como a ONU, est�o paralisados. A China investe no fortalecimento de outros organismos internacionais, principalmente a amplia��o dos Brics, e na diplomacia do chamado Sul Global. Sem intervir no conflito, mansamente, prefere ver o circo pegar fogo.