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Estado de Minas

Bolsonaro em campanha

Para Bolsonaro, a quest�o � pol�tica e n�o religiosa. Pouco importa o que o pastor fale. O que interessa s�o os votos


postado em 10/07/2019 04:00


Jair Bolsonaro � candidato � reelei��o. Isso mesmo. Dias atr�s disse, em p�blico, numa festa junina – estranho local para discursar, registre-se – que iria entregar o Brasil, em 2026, muito melhor do que encontrou em 2019. Ou seja, j� d� como certa n�o s� a candidatura, como a vit�ria em 2022. Teria at� um candidato a vice, que n�o seria o general Hamilton Mour�o. Desta forma, vai acabar inviabilizando seu governo, que completou apenas um semestre. Isso porque qualquer ato governamental, por mais banal que seja, vai ser interpretado como a��o eleitoral para a reelei��o. Seu relacionamento com o Congresso, que j� � ruim, tende, ap�s a reforma da Previd�ncia, a piorar. Por um lado, devido � antecipa��o do calend�rio eleitoral – caso �nico na hist�ria das elei��es presidenciais no Brasil – e por outro pela disputa dos louros da vit�ria obtida com a aprova��o da PEC. � ineg�vel que a proposta que tende a ser aceita n�o � a proveniente do Minist�rio da Economia. Aquela tinha um vi�s claramente antissocial. Olhava apenas para os n�meros. Ignorava o papel que a Previd�ncia tem entre n�s. Aqui ela tamb�m desempenha a fun��o de assist�ncia social, uma renda m�nima indispens�vel para a sobreviv�ncia de milh�es de brasileiros. A C�mara dos Deputados, sabiamente, alterou, nestes pontos, profundamente o projeto. E fez bem. Sendo assim, o que deve ser aprovado � m�rito do Legislativo e n�o do Executivo. Teremos, certamente, uma feroz disputa por este legado.

Bolsonaro n�o quer como vice o general Mour�o. Nestes seis meses de governo deixou clara sua insatisfa��o em rela��o ao seu companheiro de chapa. Ignorou o general no dia a dia da administra��o federal. N�o o consultou para a forma��o do minist�rio. Quando Mour�o foi atacado por Carlos Bolsonaro, o presidente optou pelo sil�ncio, o que foi entendido como um sinal de concord�ncia com o seu filho. Somente uma vez teve alguma considera��o com o general. Foi no auge da crise venezuelana. E a� n�o foi por iniciativa pr�pria, mas por press�o do n�cleo militar. Naquele momento, os Estados Unidos estavam estudando a possibilidade de invadir o nosso vizinho e queriam contar com o apoio da Col�mbia e do Brasil. De Bogot�, os sinais eram de concord�ncia, j� os militares brasileiros sabiam do perigo de termos na fronteira norte um Vietn� – recordando que n�o temos problemas fronteiri�os h� mais de um s�culo. No Itamaraty, o chanceler estava seduzido pelo furor b�lico americano e um dos filhos do presidente posava armado, desejando, presume-se, ser um volunt�rio no eventual conflito. Foi ent�o que entrou em campo o general Hamilton Mour�o. Sua participa��o na reuni�o de Bogot� foi decisiva para evitar a aventura militar – com danosas consequ�ncias – e abriu caminho para que fosse poss�vel algum tipo de negocia��o com a ditadura venezuelana e seus opositores internos, com media��o estrangeira.

A mudan�a da chapa � uma estrat�gia de Bolsonaro para encontrar uma base eleitoral segura. O Partido Social Liberal � uma cria��o sem qualquer inser��o efetiva na sociedade. E nada indica que vai se construir como partido nos pr�ximos meses. J� que o presidente quer antecipar o calend�rio eleitoral, necessita urgentemente de um instrumento que permita ter acesso � maioria dos munic�pios brasileiros, especialmente os mais pobres. Sabe que no “andar de cima” ainda mant�m um razo�vel �ndice de popularidade, mas entre os pobres (e mais ainda na regi�o Nordeste) sua situa��o � deficiente. Da� a import�ncia dos evang�licos. Para Bolsonaro, a quest�o � pol�tica e n�o religiosa. Pouco importa o que o pastor fale, como interprete a B�blia. O que interessa s�o os votos. � a possibilidade de ter acesso direto ao eleitorado que o rejeita. Em outras palavras, como n�o tem partido – como o PT – necessita ter capilaridade pol�tica. E as igrejas evang�licas, dentro desta perspectiva, devem se transformar em correias de transmiss�o da sua candidatura. Assim, � prov�vel que encontre um l�der evang�lico para fazer este papel. Ser um instrumento pol�tico para que ele alcance este eleitorado que foi conquistado pelo PT especialmente atrav�s do Bolsa-Fam�lia e de outros programas sociais. Para isso dever� comparecer a in�meros cultos (como j� fez em um semestre) e propagar uma linguagem supostamente religiosa associando-a a problemas do cotidiano pol�tico. Esta mescla j� est� sendo testada. Basta observar a sua presen�a na Marcha para Jesus, realizada no m�s passado, em S�o Paulo.

No ano que vem pretende transformar a elei��o municipal numa esp�cie de plebiscito do seu governo. Deve percorrer o Brasil como um verdadeiro cabo eleitoral. Imagina que poder� eleger prefeitos nos principais col�gios eleitorais. Sup�e que pode, a partir da�, ter a base necess�ria para a reelei��o. � uma meta ousada, especialmente em meio a um cen�rio de perman�ncia da crise econ�mica e seus terr�veis efeitos sociais.
 

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