
O novo � um caminho dif�cil, demanda coragem, exige aceitar o mist�rio, o acaso, a surpresa, descobrir o reverso do verso, um jeito diferente de ver, ouvir, sentir e saber. E eis que o novo entrou sem pedir licen�a na nossa vida – n�o � o que se discute agora que a pandemia vai se esvaindo? O novo normal.
Como ser�o as mudan�as que devem ser incorporadas � nossa rotina, como implantar um novo padr�o de vida a h�bitos que ainda n�o nos pertencem, como tornar comuns a voc� e eu, n�s, atitudes que para nos dar prote��o e seguran�a parecem nos afastar uns dos outros? A diferente realidade bate � porta e n�o tem como escapar: a globaliza��o vive uma nova era e � para l� que vamos. O novo normal.
As imagens do novo mundo mostram as altera��es na rotina de pa�ses que j� reabriram a economia, como as barreiras individuais de acr�lico nas carteiras escolares na Coreia do Sul e em restaurantes de Nova York. O mundo do trabalho vai encontrar melhor f�rmula de funcionamento, grande parte dos trabalhadores conseguir� fazer o servi�o de casa, haver� maior preocupa��o com a seguran�a. S�o in�meras as situa��es levantadas para a vida p�s-pandemia, ainda no campo das hip�teses, mas nem por isso desprez�veis.
M�scaras j� fazem parte do vestu�rio, o que vai esconder o sorriso, mas obrigar� o olhar a ser mais sincero. Est�o sendo instaladas marca��es nos pisos de shoppings e supermercados, dirigindo o nosso ir e vir, n�o como recomenda��o, mas como ordem. Um verdadeiro kit de seguran�a com o qual, aos poucos, vamos nos acostumando n�o por ser agrad�vel, mas pela seguran�a que oferece. H� pessoas que se refugiam no medo, exercendo � perfei��o a virtude da prud�ncia, outras continuam felizes da vida. De um jeito ou de outro, entraremos em um novo padr�o de normalidade.
Podemos dizer que o coronav�rus antecipou o futuro, expandindo o e-commerce e o sistema de delivery, promovendo a integra��o digital entre empresas e consumidores, instalando o home office e mostrando os bons resultados das reuni�es a dist�ncia. H� em curso uma reconfigura��o completa do nosso dia a dia.
No novo normal, surge o novo crist�o, aquele povo de Deus acostumado a enfrentar dificuldades desde a arca de No� balan�ando solit�ria entre dias e dias de chuva, passando pelos 40 anos de travessia do deserto, com Mois�s enfrentando as murmura��es de uma gente de “cabe�a dura”. Mais o maior erro judici�rio de toda a hist�ria na condena��o de Jesus, os momentos de ex�lio, as persegui��es aos crist�os.
A pandemia deixar� vest�gios na vida crist�. O fiel conheceu o v�rus e se lembrar� dele, conheceu a solid�o do isolamento e se lembrar� dela, conheceu como � viver longe da casa do Pai e se lembrar� disso. Ficar� livre do sofrimento, mas n�o viver� o tempo do esquecimento, essa marca ficar� como um selo colado na alma. O novo crist�o tem mais consci�ncia do que � ser povo de Deus, deu maior significado ao “amai-vos uns aos outros”.
Algumas pessoas que estavam com a alma adormecida na f� acordaram do sono profundo e perceberam que as m�os postas ajudam melhor a enfrentar os desafios do nosso novo deserto, a se acomodarem com seguran�a enquanto a arca est� � deriva enfrentando as tempestades dos dias. Trocaram a muleta pelo cajado. Ficaram mais perto de Deus.
Penso que o novo crist�o vai se distrair menos no caminho e perceber melhor os ru�dos que v�m do interior, pois a imagem dos templos vazios doeu muito nas lembran�as que guardava do Deus de outrora. Foi uma separa��o dolorosa para padres, pastores, fi�is. Ningu�m mais quer ser feliz so- zinho. A grande riqueza do novo crist�o est� � no outro. O pr�ximo ficou mais pr�ximo – j� que n�o pode estar ao lado, se instala dentro do cora��o.
Jesus falou tanto em amor ao pr�ximo! Dois mil anos depois os crist�os encontraram mais um significado para as prega��es do Mestre. Pr�ximo n�o � apenas aquele que merece generosidade, mas aquele que, junto com voc�, faz os dois se tornarem o povo de Deus. O novo crist�o est� aprendendo a conjugar os verbos na primeira pessoa do plural. N�s.