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Estado de Minas

Um novo tempo

Depois de seis meses de quarentena, esta primavera cheia de flores que se nos apresenta deve significar abund�ncia%u201D


27/09/2020 04:00


(foto: Alexandre Guzanshe/EM)
(foto: Alexandre Guzanshe/EM)




Atravessamos duas esta��es que cumpriram plenamente seu ciclo natural sem se incomodar com as sombras que se abateram sobre a humanidade. Vivemos o tempo das folhas ca�das pelo ch�o, das noites mais longas que os dias, da crepuscular paisagem durante os 90 dias de sabedoria do outono. E passamos para o tempo do frio das manh�s, do sol morno da tarde, do deslumbrante c�u azul, do recolhimento do inverno. Como estamos entrando nesta esta��o em que dias e noites duram as mesmas 12 horas e onde a vegeta��o resplandece para todos? Estamos finalmente abrindo caminho entre um ch�o coberto de flores ou passando entre dores e espinhos? Como ser� esta nova jornada? O isolamento fez o tempo passar mais r�pido, j� entramos no novo normal ou o mundo continua de cabe�a para baixo?

A esta��o das flores � um convite � alegria, mas sabemos que a pandemia afetou nossa percep��o do tempo, parece que os limites foram alterados em todos os sentidos. Ainda resta a impress�o de que foi transformado em ru�nas o que parecia ser eterno e que h� terra arrasada onde antes deslumbr�vamos uma natureza indom�vel. Insistimos em manter lembran�as de um tempo que n�o mais nos pertence, de coisas que nos faziam felizes e que sabemos n�o voltar�o mais. Como se estiv�ssemos juntos numa roda de samba cantando Ataulfo Alves: “Eu daria tudo que eu tivesse/Pra voltar aos dias de crian�a/ Eu n�o sei pra que a gente cresce/ Se n�o sai da gente essa lembran�a”. � antigo, mas aconteceu de novo: a gente era feliz e n�o sabia. H� muita coisa que n�o queremos deslembrar.

Passados o outono e o inverno, entramos na primavera sabendo mais, conhecendo mais, ouvindo mais, vendo mais. N�o adianta fingir que n�o houve uma pandemia, que tudo vai ser como antes. Praia lotada n�o � sinal de que tudo voltou ao normal, porque cada banhista ali sabe hoje de coisas que n�o sabia antes, e o conhecimento do v�rus faz toda a diferen�a. Estar com um sinal de alerta constantemente ligado indica que precisamos encontrar um novo jeito de ser feliz. Cientistas acabam de divulgar informa��es de que desde dezembro de 2019 at� agora os pesquisadores de todo o mundo registraram 12 mil muta��es do genoma do coronav�rus. Como vencer o inimigo � a luta daqui para a frente. 

A ci�ncia, por exemplo, nos d� boas not�cias, com a �rea de pesquisas apresentando mudan�as pioneiras e revolucion�rias. Os pesquisadores compartilham mais rapidamente seus estudos, milhares de cientistas trabalham incansavelmente, empresas investem milh�es de d�lares, universidades, grupos e centros de pesquisa colocam as melhores ferramentas a servi�o das investiga��es, aumentando a capacidade de c�lculo, avan�ando em dire��o aos testes e vacinas. At� os especialistas, com seu palavreado de dif�cil entendimento, se esfor�am em se comunicar melhor, estimulados pela busca intensa por informa��es de jornalistas e pessoas mundo afora. Outro avan�o � a introdu��o na nossa cultura da import�ncia de certos h�bitos de higiene e preven��o que ajudar�o a deter este e outros surtos provocados por v�rus. 

Enfim, para citar outro cantor, Lulu Santos, “nada do que foi ser�/ de novo do jeito que j� foi um dia”. N�o conseguimos nos reencontrar no novo depois de ter sido despojados do antigo. Talvez porque as boas lembran�as doam mais do que as m�s, talvez porque a aus�ncia da antiga vida seja a medida do tamanho da ferida, evidenciando o que antes estava oculto. Mas, por mais que a gente perca alguma coisa, precisamos ganhar aprendendo com o novo. N�o se pode achar que est� tudo bem porque a luz da manh� agora nos encontra na rua, em movimento, fora de casa. Procurando a vida na profundeza ou na altura, � no procurar que a vida segue. O convite � fazer como o ap�stolo Paulo. “Aprendi a me bastar em qualquer situa��o. Sei viver na pen�ria e sei viver na abund�ncia, estando farto ou passando fome, tendo de sobra ou passando falta”. Depois de seis meses de quarentena, esta primavera cheia de flores que se nos apresenta deve significar abund�ncia.

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