Mão segurando cigarro e outra adoçando bebida

Sacarina, ciclamato e aspartame, os tr�s primeiros ado�antes, vieram de experimentos que buscavam outros resultados e foram percebidos gra�as aos velhos h�bitos humanos

Pixabay/Pexels
O fasc�nio pelo sabor doce do a��car levou a humanidade a desbravar mares e travar guerras, criando imp�rios e formando uma ind�stria de bilh�es que dura at� hoje. Com esse hist�rico, n�o � de se estranhar que, em uma era de culto � magreza e sobrepeso pand�mico, encontrar equivalentes menos cal�ricos para ado�ar tornou-se o Santo Graal da ind�stria de alimentos. Mas, afinal, como surgiram os substitutos do a��car, os chamados ado�antes?

 

O caminho at� 2023, quando a OMS (Organiza��o Mundial de Sa�de) recomendou que os produtos n�o sejam utilizados para controle de peso e ainda pode classificar o aspartame, ado�ante de tantos refrigerantes, como subst�ncia possivelmente cancer�gena, foi longo.

 

 

 

 

DA FALTA DE HIGIENE AO ENVENENAMENTO DE CRIAN�AS

 

A "sakara", areia grossa criada pelos indianos a partir do caldo de cana, j� havia sido refinada e deixada de ser um luxo reservado a reis quando, no s�culo 19, come�aram a surgir compostos sint�ticos de gosto doce.

 

Sacarina, ciclamato e aspartame, os tr�s primeiros ado�antes, vieram de experimentos que buscavam outros resultados e foram percebidos gra�as aos velhos h�bitos humanos de n�o lavar direito as m�os, lamber os dedos e levar objetos contaminados � boca.

 

O primeiro deles foi descoberto em 1879, pelos farmac�uticos norte-americanos Constantine Fahlberg e Ira Remsen. Pesquisadores da Universidade de Johns Hopkins (EUA), eles buscavam produzir novas tintas a partir de derivados de petr�leo quando uma fervura transbordou. Ao comer sem lavar devidamente as m�os, Fahlberg percebeu uma do�ura estranha nos dedos.

 

Era a sulfanilamida de �cido benz�ico, subst�ncia que ele batizaria depois de "sacarina" em homenagem ao termo "saccharum", que indica a��car em latim. O componente era de 200 a 300 vezes mais doce que a sacarose original, com a vantagem de n�o ser digerida pelo corpo e, portanto, n�o gerar ganho cal�rico. O produto seria lan�ado no mercado apenas 18 anos depois, em 1897.

 

O ciclamato, por sua vez, surgiu em 1937, quando um estudante de qu�mica dos EUA chamado Michael Sveda pousou seu cigarro perto de um composto de sulfamato. Ele tentava descobrir um novo medicamento para febre, mas inventou um cigarro adocicado. No ano seguinte, a subst�ncia foi comercializada como "ciclamato de s�dio" e era cerca de 30 vezes mais doce que o a��car. Foi utilizada em refrigerantes at� ser proibida por risco de causar c�ncer.

 

Em 1965, o farmac�utico Jim Schlatter lambeu o dedo durante o teste de uma medica��o para �lceras g�stricas e, ent�o, surgiu o aspartame, cerca de 200 vezes mais doce que o a��car. Depois disso, entre os s�culos 19 e 21, dezenas de outras subst�ncias de origem artificial e natural foram registradas, chegando a sabores at� 7 mil vezes mais doces que o do a��car.

 

Entre elas est� a "dulcina". A subst�ncia, posteriormente apontada como t�xica, acabou por envenenar crian�as na �poca. O produto foi amplamente usado nos EUA e Europa durante as duas grandes guerras.

 

IND�STRIA

 

O mercado de ado�antes aliment�cios no Brasil � segmentado em sacarose, ado�antes de amido e �lcoois de a��car, e aqueles de alta intensidade (HIS, na sigla em ingl�s). Al�m das gotinhas e saquinhos para ado�ar o caf�, est�o presentes na aplica��o de diversos alimentos industrializados, como latic�nios, p�es, bebidas, doces, sopas, molhos e temperos.

 

Por isso, al�m de acompanhar de perto como � redigida a legisla��o para venda e produ��o nesse mercado, as empresas da �rea tamb�m investem em pesquisas que comprovem a seguran�a desses produtos. Um dos alvos � encontrar falhas nas evid�ncias sobre danos potenciais � sa�de.


Para parte dos cientistas e sociedades m�dicas, portanto, n�o h� consenso cient�fico sobre problemas que os ado�antes podem causar. Argumentam que os testes cl�nicos muitas vezes s�o feitos a partir de pequenas amostras, em animais ou com doses superiores �s consumidas no dia a dia. Dizem ainda que os resultados devem servir para a cria��o de pol�ticas p�blicas, e n�o orienta��o pessoal.

 

MAS, AFINAL, QUAIS OS RISCOS?

 

A classifica��o do aspartame como "possivelmente cancer�geno", que deve ser divulgada pela Ag�ncia Internacional de Pesquisa sobre o C�ncer (Iarc, na sigla em ingl�s), um �rg�o da OMS, � considerada vaga por especialistas, pois n�o especifica o tamanho do risco. Aloe vera e diesel, por exemplo, est�o na mesma categoria.

 

At� 1981, a OMS apontava que era seguro ingerir at� 40 mg/kg por dia. De acordo com a FDA (ag�ncia americana reguladora de alimentos e medicamentos), a recomenda��o di�ria varia de acordo com o composto. O limite do aspartame, poss�vel alvo da nova recomenda��o, � de 50 mg/kg por dia. A ingest�o da sacarina, por outro lado, � de at� 15 mg/kg. O limite da sucralose � ainda mais baixo, de 5 mg/kg.