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Estado de Minas

O lado bom da vida

'Deixar para tr�s a dor que quase nos faz esquecer que o mundo � bom, que a felicidade existe, que ningu�m foi criado para ser triste'


13/03/2022 04:00

Ilustração

 
H� dois anos, as crian�as n�o sa�am de casa, mal podiam brincar sozinhas, ou eram irm�os sozinhos ou pai e m�e que trabalhavam o dia diante do computador, passando o tempo em home office e fazendo relatos emocionados pelas redes sociais. H� dois anos, as crian�as n�o viam os av�s, chegavam a chorar de saudade da vov�, l� longe, t�o longe, que a vov� mandava algu�m lhes entregar um doce embrulhado em l�grimas para algu�m deixar na porta da casa. Parecia que a pandemia lhes roubara a terra encantada. Mas a� no segundo semestre do ano passado, a COVID n�o foi embora, mas av�s, filhos e netos ficaram para sempre juntos, e a pandemia finalmente tocou o sino avisando que j� era tempo de brincar, de ir para aula, de ir � igreja, de ir � piscina, de voltar a ser o que sempre foram para ser. Neste ano, j� v�o viajar com a fam�lia, em qualquer lugar que todos possam ser felizes. N�o se sentem mais prisioneiros do c�u. Os professores t�o felizes quanto.
 
E est� tudo combinado entre todas as fam�lias que voltaram a se reunir. Quando a pandemia acabar vamos andar de trem. Sem itiner�rio, sem uma geografia a nos governar. Num momento, Jap�o, 15 minutos depois, Mil�o. Ora com o rosto para fora da janela, aproveitando o ar puro, ora com o nariz colado no vidro, mas sempre de olho na vida l� fora. Viagens, liberdade, sonhos realizados. Uma tarde na esta��o coberta de neve da pequena aldeia alem� de Pretzsch, com sua cinematogr�fica paisagem.
 
Da janela do trem, contemplar as casinhas brancas das ilhas gregas, as montanhas e lagos su��os; os castelos franceses do Vale do Loire; a pra�a de Praga; os floridos  jardins ingleses; a estrada tortuosa em N�poles, subindo ou descendo, entre um mar de azul profundo; um macaco fazendo gra�a nos jardins do Canad�; um cachorro fiel passeando entre as flores e as aves que esperam a primavera na Holanda. Noites cheias de luzes, ruas cheias de vida. Austr�acos dan�ando uma deliciosa valsa de mil anos.
 
A viagem de trem nos lembra o lado bom da vida – em vez da l�grima, o sorriso; do trope�o, o recome�o; em vez da descren�a, a cren�a; da doen�a, a cura; em vez do instante, o inesquec�vel; em vez do ef�mero, o eterno. Passear de trem, seja por onde for. Deixar para tr�s a dor que quase nos faz esquecer que o mundo � bom, que a felicidade existe, que ningu�m foi criado para ser triste. H� um trem na esta��o nos esperando. Vamos?
 
Este ano h� not�cias boas esperando por m�es e filhos. Viagens em outros pa�ses  aguardando o que ainda est� por vir. As crian�as vacinadas, as salas de aula preparadas para receb�-las com tudo adequado, o distanciamento mantido, a m�scara sempre no rosto. Crian�a voltou a ser brincadeira, aprendizado e maravilhamento.
 
 A igreja aproveita e convida o leitor para um olhar mais demorado no Jesus que foi crian�a um dia. A gente pode pausar o cora��o e imaginar o menino Jesus correndo entre os vales e plan�cies, colhendo frutos silvestres, subindo nos galhos das �rvores, sem nem imaginar que um dia aquela figueira serviria de par�bola. Uma pausa, leitor, e voc� pode ver o menino fazendo arte (por que n�o?), moldando bonecos no barro, brincando entre as mesas e cadeiras da carpintaria, pegando peixe com as m�os.
 
Nos livros dos evangelistas, as multid�es outra vez cercam Jesus. Os fariseus insistem em p�-lo � prova, pessoas querem saber sua opini�o sobre a taxa do templo. Neste vaiv�m de gente para l� e para c� e conflito de interesses, levam crian�as para que Cristo as toque, mas os disc�pulos os repreendem. Cristo reage: “Deixai vir a mim as criancinhas, pois o Reino do Deus pertence aos que a elas se assemelham”. A passagem � registrada por Mateus, Marcos e Lucas e no meio de tantos acontecimentos � o r�pido encontro entre o Mestre e as crian�as que se eterniza atrav�s da pintura e literatura. “Deixai vir a mim as criancinhas. Quem se fizer pequeno como esta crian�a, esse � o maior no Reino dos C�us”.
 
Hoje a pandemia nos mostra que h� um trem nos esperando na esta��o, enquanto o maquinista promete n�o andar mais apressado que Deus. A fuma�a e o apito s�o o nosso verbo de paz que reside na nossa crian�a interior e pede passagem. Vamos?

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