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Estado de Minas Padre alexandre fernandes

Vest�gios do dia

"J� precisamos agendar o amanh�, procurando amenizar as agulhadas do tempo"


05/06/2022 04:00

Ilsutração

 
Uma ventania que tira tudo do lugar e enche a casa, mas n�o incomoda. Um fogo que se reparte em forma de l�nguas e n�o queima. As pessoas reunidas no Cen�culo, 10 dias ap�s a Ascens�o, vivem com alegria este momento. “O Senhor est� entre n�s.” O Esp�rito Santo cumpre a promessa de Cristo e os visita para derramar suas b�n��os sobre todos.
 
Alguns disc�pulos passam a falar em l�nguas estrangeiras. O barulho chama a aten��o das pessoas l� fora, judeus devotos de todas as na��es que h� debaixo do c�u, e come�a a murmura��o. Cada um ouvia um disc�pulo falar em sua pr�pria l�ngua.  “Que significa isso?, dizem uns. “Est�o b�bados de vinho doce?”, perguntam outros. 
 
� nesse clima de intensa emo��o que Pedro deixa de vez a postura de pescador indeciso e assume com firmeza a lideran�a do rebanho. De p�, junto com os 11 ap�stolos, levanta a voz e fala � multid�o, agora com o dom do Esp�rito Santo.  Adeus, inseguran�a. O Pedro que nasce em Pentecostes como o Mestre vai dirigir seus passos por longos caminhos para pregar o Evangelho at�, tamb�m, chegar � cruz. 
 
A festa de Pentecostes encerra o per�odo pascal. Jesus sabia que as persegui��es seriam enormes, muitas heresias tentariam amea�ar a verdade do reino, e s� na for�a do Esp�rito Santo os disc�pulos conseguiriam implantar a Palavra. Por isso, durante a Ascens�o, proibiu os disc�pulos de se afastarem do Cen�culo antes de serem revestidos, batizados no Esp�rito Santo, que seria a for�a e a luz da Igreja. Ap�s o tempo pascal, na alegria do t�mulo vazio, a Ressurrei��o e a Ascens�o ao c�u, hoje � Pentecostes. Ainda nesse per�odo, contando a vida da igreja primitiva, a lideran�a de Pedro, a convers�o de Paulo e a prega��o do evangelho em todos os confins da terra. 
 
Depois voltaremos ao verde dos tempos comuns. Tempos da vida p�blica do Mestre, do dia a dia de Jesus cercado pelas multid�es, escandalizando as autoridades religiosas, os fariseus apegados �s leis. Tempo de leprosos serem limpos e do Mestre falando sobre a miseric�rdia, o Reino e o perd�o, dentro dos barcos, em cima dos montes. Jesus sempre em movimento, pregando, pregando, pregando. Falando de esperan�a, amor e f�. Hist�rias da samaritana, da pecadora, do pequeno Zaqueu no alto da �rvore, o Filho orando ao Pai, amando, amando, amando.
 
E n�s, todos n�s, que voltamos a andar sem medo sobre esta terra de mares e montanhas, rios e florestas, cidades e vilas, campos e praias, levantando cedo para o trabalho e dormindo ao romper da manh�, porque trabalhou no sil�ncio da noite. Chegando ou saindo de casa, sempre a caminho, pausamos nossa vida para escutar o sil�ncio da terra onde mora a raiz que sustenta as �rvores frondosas, que d�o frutos para n�s e nossos filhos. Escutando o murm�rio da semente que arrebenta sua pequenez para se transformar em flores que v�o adornar e perfumar os jardins das pra�as e das casas e na mata que margeia a estrada.
 
N�s, muitos de n�s, que vivemos mais de um ano dentro de casa, com portas sem uso e sem serventia, crian�as crescendo com medo de pisar no ch�o. Sem se importar se era noite ou era dia, se havia um outono morno que n�o conversava com ningu�m, ou uma primavera sem flores. Agora, estamos preparados para noites cheias de luzes e ruas cheias de vida. Sabemos quando desce a escurid�o sagrada da noite e, no sil�ncio de casa, quase podemos ouvir as conversas dos anjos. J� precisamos agendar o amanh�, procurando amenizar as agulhadas do tempo, trazendo um olhar mais cuidadoso para os vest�gios do dia. Vigiar nossa quietude, pedindo uma tarde com pouqu�ssimos sen�es.
 
Nosso olhar est� habituado com o alto, enquanto pisamos uma imensid�o de terra sem nos dar conta por onde andamos. Precisamos cuidar do ch�o que nos sustenta, olhar para baixo sem medo do escondido, ouvir o som do sil�ncio, revolver as camadas e descobrir alegrias que nem tinham sido percebidas, gestos que foram verdadeiros pedidos de perd�o. Podemos tornar o solo t�o santo quanto santo � o firmamento.

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