“Eu sou porque n�s somos”! Esse � o lema da Na��o Ubuntu que est� sendo edificada pela Fraternidade Sem Fronteiras - FSF no Malawi, pa�s vizinho a Mo�ambique. Fica ao lado de um campo de refugiados que nasceu como a��o emergencial h� 24 anos e que hoje acolhe 38 mil pessoas entre malauianos e refugiados de guerra principalmente do Congo, Burindi e Ruanda em situa��o de extrema vulnerabilidade.
A grande maioria das crian�as e jovens n�o tem acesso � escola e n�o h� oferta ou cria��o de oportunidade de trabalho. A Na��o Ubuntu est� sendo constru�da em um o terreno adquirido pela FSF e o desafio neste momento � o de erguer a estrutura na qual espera-se transformar realidades. No campo de refugiados h� energia el�trica dispon�vel apenas durante seis horas por dia, a �gua � escassa e o alimento regrado. Milho, feij�o e soja basicamente. Diante dessas informa��es, me inquietei e sou capaz de confessar que toda essa pobreza passou a alimentar meus dias desde que decidi ir para l�. Parto dia 7 de julho e por dez dias farei parte de uma caravana, com foco na sa�de. A maioria de meus companheiros s�o m�dicos e dentistas, mas h� outros que como eu servir�o a todo e qualquer prop�sito que se fizer necess�rio. A pobreza � extrema e a perspectiva de mudan�a pequena se pessoas como n�s, em melhores condi��es, n�o fizerem nada. Comecei a planejar a viagem em abril, quando conheci mais profundamente os projetos da FSF e me apaixonei. Tenho dito aos amigos que vou numa miss�o humanit�ria, mesmo sabendo que esse termo incita in�meras interpreta��es. Achamos sempre que miss�o � aquilo que fazemos de bom pelos outros. Engano, pois nossa principal miss�o � conosco mesmos. � a n�s que devemos procurar ajudar primeiro a encontrar o caminho da saciedade em seus mais amplos aspectos. A miss�o que assumimos conosco nos mostra primeiramente que vivemos mais baseados na ilus�o de que somos mais do que somos e de que o outro precisa mais de n�s que o inverso. H� quem me pergunte por que n�o no Brasil? Resposta simples que toma v�rias formas a come�ar pela preferida das crian�as: porque sim! Amo conhecer outros lugares, outros pa�ses, outras culturas. Porque as pessoas aceitam t�o tranquilamente que se fa�a turismo fora do Brasil e encontram tanta dificuldade em entender porque algu�m deseje ajudar bem al�m daqui? Somos irm�os ou n�o? Somos semelhantes ou n�o? Precisamos uns dos outros ou n�o? H� outra resposta � pergunta por que n�o no Brasil? “Porque no Brasil tamb�m”. Quem se prontifica, como volunt�rio, a sair de seu conforto, tomar banho de caneco, comer com restri��es, correr risco de contrair uma s�rie de doen�as deve estar habituado a fazer tudo isso bem perto de casa. O mundo se torna pequeno quando aceitamos fazer o que gostamos onde quer que sejamos chamados, onde quer se acreditemos que podemos ser �teis.
PATR�CIA ESP�RITO SANTO