Na maioria das conversas sobre ado��o de crian�as, algu�m sempre coloca o perigo da possibilidade de a crian�a apresentar problemas mentais, neurol�gicos ou de outro tipo considerados indesej�veis. Essa acaba sendo a desculpa de muitos para n�o faz�-lo, como se qualquer ser humano n�o adotado estivesse isento de nascer ou desenvolver problemas ao longo da vida.
Ainda n�o aprendemos a lidar com o que se considera anormalidade, apesar de vermos tantos exemplos de pais, casais ou solo, que nos ensinam muito atrav�s do amor e da dedica��o com a qual criam seus filhos com "defici�ncia".
� o exemplo de uma assistente social que conheci que trabalhou anos em uma institui��o de apoio a crian�as com comprometimentos neurol�gicos que, em determinado momento, se identificou muito com uma delas. �rf�, a menina encontrou ali uma m�e que a acolheu durante mais de uma d�cada com amor incondicional que certamente contribuiu muito para o crescimento das duas como pessoas.
Como consequ�ncia, a sociedade toda evolui, mesmo que a passos lentos, pois s�o elas que movimentam os demais atrav�s de campanhas e reivindica��es por melhores condi��es de vida para aqueles que muitos preferem ignorar por n�o saber e n�o querer lidar com o desconforto.
Certa vez, ouvi o relato de uma mulher que foi m�e com mais de 40 anos e, que, temendo que o filho nascesse com alguma defici�ncia, optou por fazer insemina��o artificial na R�ssia, porque, segundo ela, l� eles s�o especialistas em escolher os "melhores" �vulos ou os mais seguros.
O que precisamos � refazer nossos conceitos. N�o sou ing�nua em pensar que natural e facilmente uma pessoa escolhe ter filhos que j� trazem uma bagagem pesada, por�m mais ing�nua eu seria se n�o acreditasse que qualquer um de n�s pode exigir aten��o especial irrevers�vel a qualquer momento.
Se encar�ssemos as possibilidades com naturalidade, estar�amos mais preparados para os desafios que a vida nos reserva e saber�amos tratar melhor aqueles que nos s�o diferentes. N�o com indiferen�a e muito menos como uma excepcionalidade que rebai- xa. Se soub�ssemos aproveitar as li��es que a vida nos oferece, viver�amos com mais leveza e aproveitar�amos melhor a riqueza da diversidade.