
- Com 48% das indica��es contra 27% de Bolsonaro, Lula j� tem a maioria dos votos v�lidos para ganhar no primeiro turno, mantidas as condi��es de hoje: as mesmas aspira��es, os mesmos medos, os mesmos arranjos eleitorais, o mesmo esp�rito do tempo (zeitgeist, como dizem os alem�es). O que � um sonho.
- Considerando que 75% dos eleitores de Lula e de Bolsonaro dizem que n�o mudam seu voto, significa que Lula tem cerca de 36% e Bolsonaro 20% garantidos. Considerada a soma de 56% dos dois, restariam 44% de eleitores indefinidos. Os estat�sticos e os pol�ticos tarimbados trabalham com a faixa de 33%, considerando tamb�m que h� quem n�o mude voto j� decidido nos outros candidatos, de Ciro a Andr� Janones (Avante), de Simone a Pablo Mar�al (Pros).
- H� uma ligeira onda para resolver a elei��o no primeiro turno, provocada pela campanha de Lula e dos sustos das crises provocadas por Bolsonaro. Esse golpe s� faria sentido no segundo turno, j� que ele n�o iria contestar a elei��o de correligion�rios e familiares, candidatos a governador, a senador e a deputado.
- Piorou o clima para Bolsonaro, diante das crises que produz diariamente, mas principalmente pela situa��o da economia, que parou de melhorar e n�o apresenta qualquer perspectiva de melhora em m�dio prazo. O Aux�lio Brasil e suas medidas para tentar reduzir o pre�o dos combust�veis n�o tiveram e n�o sinalizam ter efeito a curto prazo.
- Como todas as pesquisas, que traduzem o clima da hora, essa est� longe de fatores de alto impacto que a ansiedade atual ajuda a ignorar: as entrevistas individuais e de alto impacto no Jornal Nacional, previstas para a primeira quinzena de agosto, e o hor�rio eleitoral que come�a em seguida, de que trato melhor neste v�deo.
- Lula deve usar o hor�rio para rememorar o fiasco do combate de Bolsonaro � pandemia e clamar por um clima de paz diante de suas tenta��es golpistas. Bolsonaro vai mostrar obras, que sempre tiveram efeito importante no hor�rio eleitoral das candidaturas � reelei��o, e tentar desmontar o advers�rio com as den�ncias de corrup��o reveladas pela Lava Jato e suas companhias, o MST e o MTST, sobretudo.
- Ciro Gomes e Simone Tebet, com 7% e 2% nessa pesquisa, respectivamente, n�o devem subir e furar a polariza��o at� l�. Seus impactos em rede nacional v�o depender da perspectiva um tanto quanto implaus�vel de Bolsonaro estar em queda livre e provocando uma onda migrat�ria de fisiol�gicos e indecisos para alguma alternativa.
- Fora a comunica��o, tamb�m pesam a favor de Lula e Bolsonaro as alian�as e articula��es, que deixam, a depender s� delas, o jogo equilibrado. Lula arrebenta no nordeste, onde ampliou sua vantagem para 61% a 17% nesta pesquisa, que compensa a for�a de Bolsonaro nos estados do sul, centro oeste e norte. A disputa continuar� se dando no sudeste, onde trabalham por palanques duplos, triplos ou fortes.
- Lula tem palanque prec�rio no Rio, com Marcelo Freixo, e melhor em Minas, com Alexandre Kalil (PSD). Vai tentar tirar a diferen�a com o palanque triplo (Fernando Haddad, M�rcio Fran�a e parte do PSDB de Alckmin) em S�o Paulo, onde o PT n�o ganha h� d�cadas. Bolsonaro s� tem Tarc�sio de Freitas l�, mas est� em situa��o muito melhor em dois palanques fortes no Rio (Cl�udio Castro e Marcelo Crivella) e dois em Minas (Romeu Zema e Carlos Viana). N�o desconsiderar o apoio de Marcus Pestana (PSDB), no segundo turno.
- Ciro e Simone n�o t�m qualquer articula��o importante, fora de seus partidos. O PDT de Ciro Gomes tem pouca relev�ncia nacional. O MDB de Simone � o maior partido do pa�s, em representa��o e capilaridade, mas est� marcadamente dividido entre Lula, no nordeste, e Bolsonaro na maior parte do restante do pa�s. Como os candidatos anteriores, pode ser cristianizada, se conseguir, pelo menos, ser confirmada na conven��o. No resumo da �pera, Bolsonaro e Lula dependem menos da capacidade de mostrar o que podem fazer, mas de destruir o outro e ao mesmo tempo afastar os medos que ambos representam.
Acenar com algum clima de paz, de que o pa�s est� precisando. Ciro e Simone, de ganharem espa�o entre os dois, �s custas de comunica��o, e da sorte, muita sorte, de se tornarem ondas como ocorreu em elei��es passadas, em que a centro-direita foi trocando de candidato � �ltima hora para enfrentar o PT. A situa��o de Ciro ainda � mais dif�cil. N�o s� porque seu perfil truculento e bipolar gera inseguran�a, mas por ter um discurso de esquerda que assusta a direita que ele precisar� conquistar se quiser substituir Bolsonaro. Substituir Lula, esquece.