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Estado de Minas EM DIA COM A PSICAN�LISE

Caminhos de pedra


postado em 21/07/2019 04:00

Viver sem pensar no amanh�, um dia de cada vez, presentes no momento aqui e agora, plenos. Experimentar esta doce vida permanentemente. Seria viver no para�so. Mas l� n�o estamos. C� estamos no caminho tortuoso da vida, as pedras no caminho nos fazem trope�ar, desanimar, muitas vezes parar.

Quem nunca subiu e desceu nas ondas inconstantes que nos alcan�am durante a vida, nos obrigando a afundar e emergir, adotar e assumir posi��es para as quais nem sempre nos sentimos capazes nem preparados?

Mas assim �. A vida nos exige coragem. Ela n�o � apenas uma d�diva recebida para desfrutarmos alienadamente. A vida nos exige trabalho. Ela exige movimento, atividade, atitude. E ai daqueles que n�o pensam nem se preparam ou procuram saber sobre o desejo. Eles estar�o longe de si mesmos, vagando e perambulando como almas penadas que n�o encontram parada certa. Tudo sempre estar� insuficiente.

� o que ocorre quando a flecha do desejo n�o cruza o espa�o do sujeito, indicando o caminho onde ele deve pode alcan�ar satisfa��o e o prazer da realiza��o. A �nica maneira de ficar mais contente com a vida � quando escutamos o desejo que nos determina e seguimos este caminho, que, por mais pedras que tenha, ainda assim podemos contorn�-las, nos desviar delas e seguir em frente, pois o caminho fica claro.

Mas tantas vezes na psican�lise tratamos daqueles que n�o sabendo sobre seu desejo ficam perdidos, sem dire��o, s� acertando a vida pela via da palavra. Encontrando na escuta do que dizem, desvelando a verdade escondida, esquecida, inconsciente.

Entre as palavras e os sons, surge novo sentido, que escutado promove um franqueamento do que est� inconsciente at� a consci�ncia. Conte�dos estranhos ao sujeito, apesar de estranhos familiares, j� que sempre estiveram presentes em sua vida ps�quica, mas n�o na sua consci�ncia.

S�o marcas do vivido, daquilo que marcou a hist�ria desde a inf�ncia, da rela��o da crian�a com a m�e, da forma como foi acolhida, acalentada, recebeu olhar e a voz dirigidos a ele, humanizando seu corpo. Trazido para o discurso e por ser absolutamente dependente entra na cultura adquirindo a linguagem e com ela a capacidade de fazer la�os.

Depois vem a entrada do pai. N�o menos importante que a m�e por portar o recurso importante de fazer desta m�e sua mulher. E se ela consente em deixar seu posto de m�e e fizer um intervalo para ser mulher, livra o filho para o desejo pr�prio, que vai al�m da demanda de amor pela m�e.

Da educa��o recebida e do ambiente familiar, marcas ficar�o para sempre, influenciando escolhas e comprometendo o futuro de forma sub-rept�cia, fazemos sem saber o que fazemos.

Saber sobre o desejo � ser sujeito da pr�pria vida, detentor de um desejo s� seu, �ntimo e particular, que carregar� para sempre, mesmo que n�o saiba tudo sobre ele. Por isso, para que possamos saber pelo menos um pouco sobre este desejo, vale escutar-se e perceber-se nas repeti��es, queixas e insatisfa��es. E insistir no trabalho de buscar um lugar melhor, mesmo que em alguns momentos nos canse, nos aborre�a, ou seja dif�cil.

Viver sem desejo n�o vale a pena. � desperdi�ar oportunidades, fracassar no percurso, perder o rumo e se deter diante das pedras que, ent�o, se tornar�o pedreiras intranspon�veis.

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