
O mineiro, privado do litoral, gosta de pisar na areia e banhar-se nas �guas do mar. E espera esse momento. Neste ver�o, no entanto, vamos ao litoral sem saber o que encontraremos. Depois do derramamento de �leo, o que fazer? Para onde ir? Enfrentamos um desastre enorme que comprometeu quase toda a nossa costa e vai tomando propor��es jamais imaginadas.
Muitos escolher�o as praias do Sul fluminense, onde ainda n�o h� sinais do desastre ecol�gico que intoxica o litoral do Maranh�o ao Rio de Janeiro. Ali haver�, com certeza, �guas mais frias e limpas.
Outros, no entanto, preferem n�o abrir m�o das �guas quentes da Bahia e do Nordeste, mesmo sabendo que poder�o encontrar um cen�rio adverso. Acreditam que, se todos deixarem de ir, causar�o maior problema ainda, intensificando as dificuldades. J� alugaram casas, reservaram hot�is. Passagens de avi�o est�o no bolso.
Aqueles que se prepararam para receber turistas sofrer�o muito mais se forem abandonados, v�timas do preju�zo daqueles que cancelarem o passeio por causa dessa fatalidade. Se porventura houver �leo nas praias, os turistas e bons cidad�os se juntar�o a mutir�es de volunt�rios que trabalham para salvar o meio ambiente em sofrimento. Acho bonito pensar em ser solid�rio participando dessa batalha contra criminosos an�nimos.
Precisamos encontrar os respons�veis e obrig�-los a responder por seu crime. Por�m, est�o bem escondidos, na calada, negando-se a assumir seu ato. E o governo brasileiro deixa a desejar nos resultados dessa investiga��o, que n�o anda pra lado nenhum.
Presente de grego esse �leo! Destruindo o Brasil, assim como os gregos fulminaram Troia fugindo pelo mar e deixando o gigantesco cavalo de pau de presente admitindo a derrota. Dentro dele guerreiros escondidos, que no interior das muralhas de Troia, na madrugada, dali saltaram, saquearam, mataram e queimaram toda a cidade.
Nem mesmo sabemos quem � o respons�vel por esse presente, essa barbaridade contra o j� sofrido mundo marinho, onde � comum encontrar lixo de toda qualidade. Pl�stico e materiais sint�ticos s�o ingeridos por animais, que em sofrimento s�o levados � morte pela insensatez e falta de educa��o dos homens.
O problema do homem � que ele � seu pior inimigo. O homem consegue destruir a natureza – sua provedora – por causa da ambi��o desmedida e da fome de dinheiro e poder, sem pensar no que causar� a outros homens, animais e � natureza. � chocante a for�a da puls�o de morte, e a aliena��o de ceder a ela � mais assustadora ainda.
Coitado do Brasil. N�o bastassem os acidentes ecol�gicos causados pelas mineradoras, com tantas v�timas at� hoje sem os direitos atendidos, agora � a vez de praias e mares. Tamb�m ficar�o impunes os criminosos? E n�s, brasileiros, n�o temos mais a p�tria amada no cora��o? N�o faremos press�o para apurar os fatos? N�o compartilharemos o problema com nossos compatriotas litor�neos?
Ser� que o capit�o Nemo, personagem de J�lio Verne em 20 mil l�guas submarinas, tinha raz�o ao fugir do contato humano e viver submerso em seu fabuloso Nautilus em meio a algas, ostras, articulados, madrep�ricas conchas, esponjas do mar e at� tubar�es?