
Tudo o que � demais � ruim, at� o amor. Dizem que o amor � como droga pesada, porque seus efeitos s�o devastadores. � fato. Esse neg�cio de quem ama n�o mata n�o � bem assim. S� quem ama mata, porque o amor torna-se �dio num piscar de olhos, e o oposto do amor, como muitos pensam, n�o � o �dio, � a indiferen�a. Ent�o, s� odeiam aqueles que amam.
Escrevo hoje para as m�es, j� que � o seu dia e, seguindo as tradi��es, as homenageamos. Momento de expressar, relembrar e valorizar, ou at� mesmo criticar o que foi a m�e para cada um. Sem elas n�o nascer�amos e nem nos seria dada a chance de, sendo suficiente ou insuficiente, estarmos vivos e fazermos de nossa vida algo que valha a pena viver. Ent�o, m�es, obrigada por nos trazerem � luz.
A data nos leva a pensar no significado da palavra m�e. Uma palavra forte, significante de uma fun��o de responsabilidade, quem � m�e sabe. As dificuldades de parir, amamentar, perder noites de sono, proteger dos perigos que podem lesar f�sica e psiquicamente, educar, dar limites. Enfim, trazer uma pessoa para a vida na cultura, que seja capaz de amar e trabalhar. Uma pessoa que saiba viver em comunidade e que colabore para a civiliza��o. Na melhor das hip�teses, digo.
� muita coisa! Devemos tamb�m dizer a elas que reconhecemos que ser m�e � uma miss�o pesada, por�m esta fun��o n�o deveria absorver completamente o ar que respiram. Ela tamb�m � um sujeito que tem outros desejos, e isso � fundamental para si e para seu filho. Ela � mulher e melhor ser� transitar bem pelo feminino. A multiplicidade que � a vida da mulher � algo que nunca deve sair de seu foco.
Ser m�e � padecer no para�so? �, porque as del�cias de ter um filho, um pedacinho seu andando e crescendo, realmente traz alegria. Ao mesmo tempo, ver um filho adoecer ou se dar mal � muito sofrido.
E claro est� que quase toda m�e que se importa com sua fun��o materna anda sempre em d�vida. Seu ju�zo cr�tico a atormenta, e ela sempre acha que errou e podia ter feito melhor. Uma culpa que n�o serve para nada. S� a faz sofrer. N�o muda o passado, o tempo n�o volta e cada um fez o que esteve a seu alcance. Ponto final.
Importante relevar que a m�e humana n�o � um ser onipotente, onipresente, onisciente. Humanos nem com todo esfor�o ser�o perfeitos. Toda m�e erra. Nenhum filho nasce com uma bula ou manual de instru��es.
E � bom saber que aus�ncias, faltas e falhas mais ajudam que prejudicam. N�o estou falando de abandono. Abandono adoece. Mas se ocupar de seus interesses � bom. Permite ao filho, na sua aus�ncia, fantasiar, e isso inaugura o espa�o interno, a subjetividade. Ele aprende a adiar as necessidades, a ter um tempinho maior com seus devaneios. Ele aprende que tem recursos pr�prios para existir. M�es, cuidem de sua vida!!
A superprote��o e o mimo nunca fizeram bem. Todo mundo sabe disso, mas amor demais � uma coisa t�o louca que ficamos irracionais. E n�o nos contemos para satisfazer em tudo, como desejar�amos ter sido satisfeitos; ora, plenitude n�o existe.
O zelo extremo faz a crian�a se fragilizar e, se puder, escolher� a barra das saia, evitando a vida de adultos. Prolongando adolesc�ncias.
Ent�o, m�es, se permitam, deem espa�o, escutem. Fa�am uso das palavras, ensinem a dividir, a somar, multiplicar, e tamb�m que menos � mais na esfera afetiva. Valores s�o transmitidos por voc� m�e, mulher. Que o seu dia seja de alegria!