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Estado de Minas EM DIA COM A PSICAN�LISE

O que as falas do pastor Andr� Valad�o podem nos ensinar sobre julgamentos

Julgar o outro pesa no nosso curriculum vitae. Jesus renova o entendimento de que o amor est� acima de todas as coisas


16/07/2023 04:00 - atualizado 15/07/2023 00:37
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ilustração mostra mulher ao centro, com quatro mãos erguendo dedos acusatórios para ela
(foto: Pixabay)


O pastor Andr� Valad�o foi, a meu ver, infeliz em seu serm�o quando condena a comunidade LGBTQIA+ por ocasi�o da Parada do Orgulho Gay. Dias depois da repercuss�o negativa e das rea��es contr�rias, alega ser contra viol�ncia e reconsidera o dever crist�o de acolher a todos.

Segundo divulgam os canais midi�ticos, o pastor recusa o motivo para o orgulho, condena a homossexualidade, incita seus seguidores a “irem para cima deles”. Mas, por isso, ele haver� de prestar contas ao “Chefe”.

Faz alus�o ao que Deus faria, lembrando o epis�dio b�blico de Sodoma e Gomorra, quando enviou seus anjos para dizimar toda a popula��o que vivia em promiscuidade. Salvaram-se apenas L� e os seus familiares, que deviam sair sem olhar para tr�s. Diz a “B�blia” que sua esposa desobedeceu e foi transformada em est�tua de sal.

Para aqueles que creem, vale lembrar que, no Novo Testamento, Jesus revoga a lei e renova o entendimento de que o amor est� acima de todas as coisas. � o tempo da miseric�rdia em lugar da condena��o. 

Afinal, se a algu�m cabe julgar o pr�ximo, este ser� Deus, e como prometido aos crentes, no ju�zo final.

Deixemos este trabalho a quem de direito o tomou para si e vivamos tranquilos, n�o trazendo “para casa” alheio sobre nossos ombros. Porque julgar o outro pesa no nosso curriculum vitae.

Ele, Jesus Cristo, andava entre os diferentes, entre os pecadores, e n�o aprovava vingan�as, homic�dios, preconceitos. Disse que cabe a n�s amar ao pr�ximo, seja amigo e ou inimigo, acertando as contas sempre, antes de chegar ao ju�zo final. J� � bem complicado este dever crist�o.

O amor ao pr�ximo se complica quando diz no mandamento: “como a si mesmo”. Sabemos que nem todos s�o amigos de si mesmos por motivos e culpas que escutamos nos div�s, e que nem mesmo o pr�prio sujeito sabe. Por causa do inconsciente. Somos os nossos pr�prios ju�zes e, em rela��o a n�s, implac�veis, e, muitas vezes, cru�is.

Constatamos em n�s, com frequ�ncia, o impulso de conferir maior import�ncia ao outro do que a n�s pr�prios. A ansiedade ocupa espa�o mental e ps�quico demais, causada pelo medo das opini�es, das cr�ticas e, principalmente, de sermos abandonados e cairmos na solid�o. 

T�o temida a solid�o! A derrocada da nossa demanda de amor... seria a morte nos primeiros anos, mas, agora, cres�amos, apesar dos fantasmas...

Nossa raiz, prematura e dependente do outro para a sobreviv�ncia nos primeiros anos de vida, causou profunda impress�o que ficar� permanentemente em nossas viv�ncias mesmo quando adultos.

Portanto, entre uns que s�o religiosos e outros que s�o profanos, o que melhor nos cabe � o nosso lugar – de prefer�ncia, respeitando a uns e outros –, pois a cada um cabem a dor e a del�cia de ser o que �. 

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