
Teses h� aos montes: Bolsonaro � um psicopata fora de controle; investe numa situa��o de caos para conseguir uma ruptura institucional; est� meticulosamente preparando uma esp�cie de autogolpe; quer ser impedido constitucionalmente... Todas essas teses s�o coerentes e poss�veis, mas, repito, s� ele e o espelho conhecem a verdade.
O Brasil � t�o azarado que culminou ter justamente algu�m como Jair Bolsonaro como l�der, no momento mais grave (do mundo) dos �ltimos cem anos. Pandemia, doen�as, mortes, caos no sistema de sa�de, desemprego, depress�o econ�mica, fome, mis�ria, viol�ncia s�o algumas das coisas que inevitavelmente nos esperam logo ali na esquina.
Para piorar, no Congresso Nacional (institui��o desacreditada) as lideran�as n�o s�o nem um pouco melhores ou abonadoras. Idem na outra Casa dos Tr�s Poderes. Ou seja, estamos literalmente navegando � deriva em plena tempestade tropical categoria m�xima.
FUTURO
N�o sei o que acontecer�, mas tenho certeza que n�o ser� coisa boa. O d�lar disparou (mais ainda) e j� em encosta em seis reais. A bolsa afundou (mais ainda) e n�o h� um s� agente econ�mico nesse momento com a m�nima disposi��o de sorrir.
Ali�s, Paulo Guedes - ao que parece, o pr�ximo na linha de tiro - disse h� alguns dias que o Brasil poderia se recuperar atrav�s do investimento privado estrangeiro, ap�s a normaliza��o do mundo. Pergunto: quem, em s� consci�ncia, ir� investir dinheiro num pa�s como o Brasil?
IMPEACHMENT
Este governo acabou. Haja o que houver, fa�a o que fizer, acabou. Sergio Moro, inclusive, deu a senha para que se abrevie nosso sofrimento: Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade ao afirmar que deseja nomear um diretor de Pol�cia Federal que lhe seja subserviente. Pior. Que lhe repasse, a hora em que ele quiser, informa��es sigilosas.
A Pol�cia Federal � um �rg�o de Estado e n�o de Governo. Sequer a administra��o mais corrupta da nossa hist�ria (PT) ousou um passo t�o brutal contra a lei.
Uma coisa � demitir, por inveja, ci�mes ou sei l� mais o que, um ministro da sa�de. Uma coisa � incentivar, dia sim, dia tamb�m, pr�ticas contr�rias � responsabilidade sanit�ria que o momento exige. Uma coisa � fazer papel de animador de audit�rio em manifesta��o de malucos pedindo o fechamento do Congresso e do STF. Outra, bem diferente, � aparelhar a Pol�cia Federal para poder saber (e comandar) tudo o que se encontra em investiga��o e em curso por l�.
Quem ainda defendia Jair Bolsonaro contra a possibilidade de um impeachment alegava que o presidente jamais havia promovido algum ato que o qualificasse ao impedimento. Diziam que palavras n�o eram atitudes, e que nunca houvera uma decis�o objetiva de governo (contra a imprensa ou o Congresso ou o Supremo, por exemplo) que caracterizasse o chamado “crime de responsabilidade”. Hoje, h�.
MORO
Sergio Moro � um h�bil comunicador e um excelente estrategista. Seu hist�rico mostra isso claramente. Engana-se, inclusive, quem imagina que ele errou ao aceitar o convite para ser ministro e abandonar mais de 20 anos de magistratura. Em verdade, Moro sempre soube que dias melhores lhe esperariam ou na iniciativa privada ou em cargos eletivos majorit�rios, caso tudo desse errado (como deu agora).
N�o detalhou, tim tim por tim tim, a conversa que teve com o presidente da Rep�blica � toa, n�o. Frases como “interfer�ncia pol�tica” e “desejo de controlar” n�o foram ditas ao acaso. Ao contr�rio. O ex-ministro contava com um roteiro escrito o qual consultava com os olhos a todo instante. Moro literalmente "prestou depoimento" contra Jair Bolsonaro, ao vivo e em cores para todo o brasil.
Ainda estamos muito distantes de 2022. Neste momento, e nos pr�ximos meses (talvez ano), estaremos �s voltas muito mais com sa�de e economia que com pol�tica. Duvido que Sergio Moro d� passos contundentes, neste ou naquele sentido, precipitadamente.
Mas me parece que, a depender das condi��es futuras, surgiu hoje o candidato de “centro-direita honesto” que tanta gente gostaria para a pr�xima elei��o presidencial (se houver!).