
Eu n�o sei ao redor do mundo, mas, no Brasil, os anos 1990 foram verdadeiramente bizarros, sobretudo no meio art�stico. Era banheira do Gugu pra c�, Tiazinha pra l�, boquinha da garrafa aqui, presidente do saco roxo acol�. Se bem que, nesse quesito, nada supera o que temos hoje no Pal�cio do Planalto.
Um retrato dessa �poca foi o sucesso que fez o palha�o Tiririca, hoje (meu Deus!) deputado federal, com sua m�sica “Florentina de Jesus”. �s vezes, n�o h� como n�o reconhecer a assertividade da velha m�xima que diz: “o parlamento � a express�o do povo”. Se palha�os somos, palha�os � o que teremos em Bras�lia.
A Ag�ncia americana FDA (Food and Drug administration) suspendeu a autoriza��o para o uso de cloroquina no tratamento de pacientes com COVID-19. Estudos publicados pelo mundo mostraram que o rem�dio n�o s� n�o produz efeitos contra o Sars-CoV-2, como traz s�rios riscos � sa�de por causa dos efeitos colaterais.
Por aqui, o minist�rio da Sa�de seguiu na dire��o contr�ria. Pior: al�m de manter o medicamento como potencialmente adequado para o tratamento, ampliou seu uso �s mulheres gr�vidas e crian�as. Por qu�? Baseado em qu�? Bem, na falta de um ministro da sa�de, resta ao general obedecer ao presidente. Bolsonaro quer e pronto.
E O TIRIRICA COM ISSO
Dias atr�s, naquele pat�tico cercadinho �s portas do Alvorada, onde f�s do presidente se aglomeram em busca de um aceno ou uma simples foto, alguns, em coro, cantavam uma par�dia da m�sica Florentina: “cloroquina, cloroquina, cloroquina l� do SUS, eu sei que tu me curas, em nome de Jesus”.
Os Estados Unidos est�o com um “mico” de 66 milh�es de c�psulas da droga em estoque. Donald Trump j� nos enviou 2 milh�es delas de presente. Como n�o h� muito pa�s por a�, como o Brasil, onde o achismo presidencial vale mais que pesquisa m�dica, podemos supor que ainda restam 64 milh�es de comprimidos � nossa espera.
Fico imaginando aquela maravilha de piscina do Pal�cio do Alvorada, cheinha de c�psulas ‘made in USA’, e nosso Capit�o Cloroquina nadando entre as caixinhas coloridas, atirando os comprimidos para o alto, tal qual fazia o Tio Patinhas em seu cofre de moedas, ao som dos bolsominions cantando: “cloroquina, cloroquina, cloroquina de Jesus...”
Pois �. 50 mil mortos, e contando. Mas "e da�", n�?