Todos conhecem aquelas plaquinhas, afixadas nos canteiros de obras e nas grandes f�bricas, que dizem: “estamos h� XX dias trabalhando sem acidentes”. Pois �. O Brasil deveria expor, no alto do Pico da Neblina, “estamos h� 365 dias vivendo sem sossego”.
novo coronav�rus desembarcou no Brasil, talvez em busca de praias ensolaradas, carnaval e futebol, nossas vidas foram dragadas para um mundo novo; chato e triste. Gra�as ao intruso indesejado, vivemos hoje sob o tal “novo normal”.
Desde que este maldito Mas nem tudo est� perdido; muito pelo contr�rio! A medicina evoluiu muito, e o contra-ataque fatal est� a caminho: centenas de vacinas, das quais j� meia d�zia em circula��o, devolver�o essa “c�psula proteica” para o quinto dos infernos dos guaxinins da China.
Neste �ltimo ano conhecemos ainda mais o “melhor” e o “pior” do brasileiro. Uma explos�o de solidariedade e de redes de aux�lio se formou em todos os cantos do Pa�s, na franca tentativa de trazer um pouco de ajuda e conforto aos mais pobres e necessitados.
Grandes empresas se organizaram e distribu�ram �lcool em gel e cestas b�sicas. Donas de casa promoveram mutir�es de fabrica��o de m�scaras artesanais. E mesmo o Estado, via de regra ausente, aprovou medidas legais important�ssimas para a sociedade.
Por outro lado, tamb�m aflorou o “esp�rito de porco” humano, e as redes sociais se tornaram caixas de resson�ncia de misticismo, mentira, curandeirismo, negacionismo, �dio, ignor�ncia e estupidez em estado bruto. O homem voltou a guerrear contra o homem.
Para piorar o que j� era p�ssimo, o atual presidente da Rep�blica e grande parte do governo investiram em discursos genocidas, eivados de obscurantismo e nega��o raivosa da ci�ncia e da medicina, numa cruzada mortal contra a verdade e a realidade dos fatos.
Com sua gigantesca influ�ncia sobre dezenas de milh�es de fi�is seguidores, Jair Bolsonaro atuou para sabotar todas as medidas eficazes e conhecidas contra a dissemina��o do v�rus, e o pouco tratamento existente contra a doen�a que ele causa; a COVID-19.
Al�m disso, o presidente tratou de eliminar, um por um, os ministros que se opunham ao curandeirismo, at� que, finalmente, emplacou no comando da Sa�de um general-fantoche que se disp�s a ser seu c�mplice na divulga��o e distribui��o do fict�cio "tratamento precoce”.
Um ano ap�s o primeiro caso de COVID-19 no Brasil, a parte do mundo que n�o cedeu a negacionistas como Donald Trump e Jair Bolsonaro colhe menos mortes, menos casos de contamina��o e a chance de come�ar a sair da crise econ�mica, melhor e mais r�pido do que n�s.
Essa parte do mundo, como Israel, Nova Zel�ndia, Austr�lia e a maioria dos pa�ses da Uni�o Europeia, encontra-se em acelerado processo de vacina��o. Os Estados Unidos, ap�s a sa�da do buf�o Trump, tamb�m reencontraram o rumo da civiliza��o; e da civilidade.
Por aqui, infelizmente, n�o nos encontramos melhores do que h� um ano. Ao contr�rio! Contamos, hoje, mais mortes e mais casos do que nunca, e continuamos � deriva no combate ao v�rus e � doen�a, ainda divididos entre ci�ncia e fanatismo pol�tico.
N�o temos vacinas nas quantidades m�nimas necess�rias nem para os grupos de risco. Ali�s, n�o temos nem sequer seringas e agulhas suficientes. E, como se j� n�o bastasse, o presidente continua incentivando aglomera��es, o n�o uso de m�scaras e a cloroquina.
A boa not�cia � que o Brasil n�o se resume a Bolsonaro e bolsonaristas. H� muita gente s�ria e capaz trabalhando duro - e bem! -, a despeito deste governo e seus in�meros aloprados. A iniciativa privada far�, como sempre, o que o Estado cobra para fazer, mas n�o faz.
O Brasil n�o � Marte; est� inserido no planeta Terra. Os brasileiros est�pidos s�o muitos, mas a humanidade (cheia de est�pidos tamb�m) � muito maior. Por isso, devemos manter nossa f� e nossa esperan�a em dia, vigorosas, pois n�o h� mal que para sempre dure.
Doen�a se cura com medicina. Ignor�ncia se cura com ci�ncia. Mentira se cura com verdade. As vacinas dar�o conta do coronav�rus, mas n�s, sociedade livre, moderna e de boa vontade, devemos ser os respons�veis pelo combate � estupidez; sobretudo a virtual.
A COVID passar�, Bolsonaro passar�, e outras doen�as e outros negacionistas surgir�o. Mas a imprensa s�ria, profissional e independente estar� de p�, vigilante, em busca dos fatos e do lado da sociedade, pois esta � a sua causa, sua miss�o.
Meus mais sinceros e irrestritos sentimentos aos familiares e amigos das mais de 250 mil v�timas fatais do novo coronav�rus no Brasil. Que as boas lembran�as e realiza��es dos entes queridos que se foram ajudem a tornar a vida menos triste.