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Estado de Minas OPINI�O SEM MEDO

Do que � feito o amor: minha mensagem de final de ano para voc�s

Eu tenho tanto pra te falar, mas com palavras n�o sei dizer, como � grande o meu amor... por voc� (Roberto Carlos)


24/12/2021 13:42 - atualizado 24/12/2021 13:48

Decoração - Árvore de Natal
(foto: Pixabay)


Eu me interesso muito por temas complexos, como astrof�sica, psicologia e existencialismo. Acho que s�o duas as raz�es: muito tempo ocioso e uma profunda busca por ang�stia. Sim, me debru�ar sobre quest�es praticamente incompreens�veis e em grande parte inexplic�veis, mas perfeitamente imagin�veis, me traz uma baita ang�stia. � quase uma esp�cie de gozo interrompido. Voc� conhece uma parte, mas jamais o todo.

H� pouco mais de um ano perdi o maior amor da minha vida. Minha m�e representa, ao lado da minha filha, a mais brutal sensa��o emotiva que j� experimentei. Claro que amo, de paix�o - sim, ainda!! - minha esposa. E meus irm�os, sobrinhos, amigos pr�ximos e de longa data. E amo estupidamente um clube de futebol, o Atl�tico Mineiro. Mas ela e minha filhota s�o as �nicas capazes de me parecerem insubstitu�veis. Ok, o Galo tamb�m.

Compreendo perfeitamente o funcionamento e a exist�ncia do corpo f�sico. Percebo sua limita��o e, cada vez mais, seu envelhecimento. As c�lulas j� n�o se regeneram como h� 10, 15 anos. A for�a � escassa, a forma � feia, a finitude se faz presente e uma baita mistura de sentimentos - resigna��o, tristeza, conformismo, dentre tantos - toma conta da consci�ncia. N�o � � toa meu gosto pelo sil�ncio, isolamento e certa solid�o de vez em quando.


Por outro lado, ao contr�rio do descrito acima, compreendo cada vez menos tudo aquilo que � abstrato na minha exist�ncia. A consci�ncia, afinal, � o qu�? Vem de onde, vai para onde, mora aonde? O frio e o calor s�o sensa��es t�rmicas. A fome � uma resposta fisiol�gica. O medo � o sinal de alerta do instinto de sobreviv�ncia. Mas o que diabos � a percep��o de ser e existir? Vou al�m: sentir!? Especificamente, dentro deste contexto, amar?

Enquanto me dissolvo em l�grimas, n�o necessariamente tristes - raramente s�o -, lamento, como Renato Russo, n�o ter mais o tempo que passou. � ruim saber que esse tempo, hoje, � maior do que o que vir�. E que n�o ter�, nem de perto, a qualidade do passado. O conforto, contudo, reside no amor. Na f� na continuidade refletida no corpo jovem da minha filha, que me permite imaginar o que ainda terei dela, como teve a minha m�e com seus filhos e netos.

Encerro desejando, ou melhor, aconselhando, pedindo, implorando - e novamente lembrando RR -,  que amem seus queridos como se n�o houvesse amanh�. Porque, realmente, se voc� parar pra pensar, na verdade, n�o h�. E � aqui que entra a astrof�sica. E onde misturo o espa�o-tempo com o amor. Este sentimento invis�vel, n�o palp�vel e como a �gua, ins�pido, inodoro e incolor, mas t�o presente e real quanto este teclado e estas palavras. 

Talvez Deus seja, ao contr�rio do que pregam as religi�es, apenas e t�o somente a nossa capacidade de amar. Algo que nos torna �nicos e eternos. Que nos faz, mesmo diante da certeza do fim, viver como se n�o fosse real tamanha amea�a. Portanto, m�os � obra! Amem muito e mantenham pavimentado o caminho entre esse mundo e o dos que daqui j� se foram. Boas festas a todos e um 2022 especialmente iluminado, aben�oado e feliz!

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