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Estado de Minas OPINI�O SEM MEDO

Na boa, tem de ser muito resiliente, ou alienado, para n�o desistir da vida

N�o h� copo meio-cheio ou meio-vazio quando o l�quido que o preenche � sangue humano


07/03/2022 15:40 - atualizado 07/03/2022 15:56

Refugiados ucranianos
Nem acabamos de chorar nossos mortos recentes e j� nos sentimos amea�ados por uma guerra at�mica ou uma crise financeira global sem precedentes (foto: BULENT KILIC / AFP)
Ningu�m precisa me lembrar que o mundo j� foi um lugar completamente in�spito � vida humana. Eu adoro Hist�ria e posso imaginar nossos ancestrais paleol�ticos e neol�ticos, vivendo cada dia como se fosse o �ltimo. Sei como sobrevivia a humanidade durante a Idade M�dia. Conhe�o a hist�ria dos meus antepassados que imigraram para o Brasil, deixando absolutamente tudo para tr�s, inclusive pais e irm�os, fugindo das duas grandes guerras mundiais e do nazismo. 

Igualmente 'estou ligado' nas cat�strofes contempor�neas: terrorismo, ditaduras mundo afora, guerras-civis na �frica e no Oriente M�dio, genoc�dios localizados, fome, doen�as infectocontagiosas, subnutri��o e mortalidade infantil, abandono de idosos e incapazes. E sim, meus caros e caras, as cat�strofes naturais e ambientais, agravadas pela interven��o est�pida do bicho-homem, como enchentes, queimadas, degelo, aquecimento global, gases t�xicos, buraco na camada de oz�nio, etc.    

OUTRO LADO

Eu sei que jamais vivemos t�o bem como atualmente. Ou, v� l�, menos pior. O ser humano nunca teve tanto alimento f�cil � sua disposi��o - mesmo nos locais onde a fome impera de forma devastadora. Nunca teve, tamb�m, tantos recursos m�dicos e cient�ficos, e nunca contribuiu de forma t�o intensa, organizada e globalizada entre si. E nem preciso falar na evolu��o e revolu��o tecnol�gicas dos �ltimos cem ou duzentos anos, que nos trouxeram at� os 'fabulosos' dias de hoje.

Sim, eu sei de tudo isso, mas… t� osso! Nem sa�mos da pior crise sanit�ria da hist�ria mundial e j� mergulhamos de cabe�a nos fantasmas de uma guerra. Nem acabamos de chorar nossos mortos recentes e j� nos sentimos amea�ados por uma guerra at�mica ou uma crise financeira global sem precedentes. A gente mal acorda, como neste domingo (6/3), e se depara, como na semana passada, com not�cias de pessoas se matando por causa de futebol.

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BRASIL

Um deputado bob�o diz barbaridades sobre ucranianas refugiadas e � dizimado por quem defende exterm�nio de �ndios, segrega��o de homossexuais, o n�o-estupro de mulher feia e abra�a e chama ditadores e terroristas de amigos e irm�os. Ou seja, t� tudo errado, ao mesmo tempo, por todos os lados. O mundo dividiu-se em tribos, encasteladas em suas bolhas de credos e verdades, intolerantes e odientas com o diverso, e dispostas a matar e morrer por mero orgulho.

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Quase 300 mil anos de evolu��o n�o serviram para proteger os sapiens de si mesmos, e continuamos a ser os nossos pr�prios lobos. Continuamos organizados em torno de machos-alfa selvagens, que comandam a ordem unida contra quem querem, ao arrepio da vontade de bilh�es de seres humanos. Um filho da Putin, sozinho, pode dizimar a civiliza��o. Um l�der de torcida organizada, sozinho, leva embora o pai de uma crian�a de oito anos, ou um filho de 20.

FINALIZANDO

O v�rus, que n�o mata quem o auxilia a matar, mata quem a ele combateu. O motorista b�bado volta para casa, ap�s atropelar e tirar a vida de uma m�e, e corre para o colo da sua. Percebem? 'Ah, Ricardo, mas e o p�r do sol; as cachoeiras; os passarinhos cantando; as crian�as sorrindo; as pessoas solid�rias e boas?'. Beleza. Tudo isso existe tamb�m, e nos ajuda espetacularmente a suportar a humanidade, mas, na boa, a essa altura do s�culo XXI, � mesmo suficiente?   

Sinceramente, n�o sei quanto a voc�s, mas meu saco est� absolutamente cheio! Conhe�o muita gente que opta - intencionalmente ou inconscientemente - pela aliena��o, que alguns consideram 'uma forma saud�vel de viver'. N�o sei se est�o certos ou errados, ou se vivem melhores ou piores do que eu. S� sei que, viver, a despeito de tantos momentos felizes (viagens, festas, vit�rias do Galo, fam�lia, amigos, etc.), est� longe de ser essa maravilha toda. Mas, pior ainda, � a alternativa. Sigamos, pois. E haja resili�ncia.


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