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Estado de Minas OPINI�O SEM MEDO

Moraes no TSE: mega evento com puxa-sacos re�ne Lula, Bolsonaro e convivas

Na vers�o palaciana dos anos 2020, nem santos nem Cristo deram as caras em Bras�lia, mas traficantes (de influ�ncia) sobraram na capital federal


17/08/2022 07:10

Alexandre de Moraes toma posse no TSE
A mesa do TSE composta para a posse de Alexandre de Moaes (foto: Flickr/TSE)

Os anos 1980 foram verdadeiramente incomuns e marcaram �poca no Brasil. A redemocratiza��o dava o tom pol�tico e cultural enquanto a hiperinfla��o tratava de arruinar o bolso da popula��o, em mais uma de nossas crises econ�micas, fazendo a alegria - eterna e atemporal - da banca nacional e dos grandes grupos varejistas.

Na TV, vibravamos com a liberdade que chegava a conta-gotas, e os reeditados festivais de m�sica eram presen�as constantes nas telinhas. Um deles, o Festival da Nova M�sica Brasileira - acho que na TV Globo - apresentou ao Pa�s uma enxurrada de novos talentos que, anos depois, se transformou em mero fio d’�gua, ainda que alguns tenham vingado

Dentre as celebridades instant�neas se encontrava a cantora Joyce, que despontou com a m�sica Clareana, em homenagem �s filhas: ‘Um cora��o. De mel de mel�o. De sim e de n�o. � feito um bichinho. No Sol de manh�. Novelo de l�. No ventre da m�e. Bate um cora��o. De Clara, Ana. E quem mais chegar. �gua, terra, fogo e ar’.

Bom, se voc� est� duvidando que ‘isso a�’ fez sucesso, tente ouvir funk ou sertanejo universit�rio, hehe. Ali�s, a m�sica acima n�o apenas fez sucesso como se tornou um verdadeiro ‘hit’ � �poca - o que chamamos hoje em dia de m�sica-chiclete. Joyce, inclusive, atualmente com 74 anos, teve uma longa carreira a partir de ent�o.

MORAES NO TSE

Bras�lia, ontem, teve seu dia de Clareana. Na cerim�nia de posse do ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, agora, cumulativamente, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, um mega evento para 2 mil convidados, com comes e bebes de primeira, obviamente, direta ou indiretamente patrocinados pelos trouxas aqui, reuniu de tudo um pouco.

Familiares, autoridades, governadores, magistrados, advogados, convivas em geral, Lula, Dilma, Sarney, Temer, Bolsonaro e… quem mais chegar! � claro que este ‘quem’ n�o incluiu o falastr�o aqui nem muito menos voc�s, leitores e leitoras, lembrados apenas na hora do voto e dos impostos. Ah, Clara e Ana tamb�m n�o foram chamadas , tadinhas.

O que tanta gente foi fazer em Bras�lia, largando seus afazeres e obriga��es di�rias, enfrentando viagens cansativas e chat�ssimas? Ora, beber e comer � que n�o foi, j� que fazem isso - na maioria das vezes, 0800 tamb�m - em suas cidades e estados. Foram, a bem da verdade, e j� rasgando o verbo, puxar o saco do carequinha Xand�o.

O beija-m�o do todo-poderoso Moraes n�o encontrou paralelo na hist�ria do Tribunal, j� que, em posses anteriores, a lista de convidados era diminuta e as cerim�nias discretas. Desta feita, por�m, diante dos ataques � democracia, patrocinados por Jair Bolsonaro e sua trupe golpista, imaginou-se necess�ria uma contundente demonstra��o de for�a pol�tica.

FAROESTE CABOCLO

Tamb�m nos anos 1980, o Brasil ganhou a banda Legi�o Urbana, essa sim um verdadeiro patrim�nio nacional. Renato Russo, Marcelo Bonf�, Dado Villa-Lobos e Renato Rocha (o dream team) lan�aram, em 1987, Faroeste Caboclo, can��o mais atual do que nunca, que termina em um duelo mortal entre Jo�o de Santo Cristo e o traficante Jeremias.

Na vers�o palaciana dos anos 2020, nem santos nem Cristo deram as caras em Bras�lia, mas traficantes (de influ�ncia) sobraram na capital federal. E o grande duelo, esperado por onze em cada dez futriqueiros de plant�o - este aqui, inclusive!! -, se deu entre o meliante de S�o Bernardo e o verdugo do Planalto, respectivamente, Lula e Bolsonaro.

Na m�sica, o amor a Maria L�cia levou � morte os dois protagonistas. Na Corte, o �dio a Moraes levou dois autocratas, populistas e c�nicos a se comportarem como elegantes postulantes � Presid�ncia, tementes ao jogo eleitoral e � democracia. Imagino o que pensavam, um do outro, enquanto apertavam as m�os e sorriam como hienas.

Ao final da noite, entre mortos e feridos, com azia e m� digest�o, salvaram-se todos, e foram dormir, felizes para sempre, em pal�cios, apartamentos funcionais e hot�is 5 estrelas. J� eu, do alto da minha insignific�ncia, tal qual candinha de beira de rio, fiquei em casa, assistindo Netflix, comendo pipoca e pensando: bem-feito, seu trouxa! Quem mand� num s� amigo duzomi?

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