
Todas as na��es alternam em suas hist�rias bons e maus momentos. Nos bons, suas economias crescem em benef�cio da maior parte da popula��o e a pol�tica n�o consegue abalar os fundamentos da vida social. As crises e os conflitos, t�o naturais e recorrentes na vida pol�tica, ficam segregados, sem descer � vida das pessoas e as atividades da economia.
Nos maus momentos, desempenho irregular da economia e conflitos distributivos entre classes e setores se misturam a desentendimentos e rupturas no sistema pol�tico e � politiza��o geral da vida. S�o os ciclos da exist�ncia nas sociedades livres. Os pa�ses felizes s�o naturalmente aqueles em que no longo prazo os bons momentos prevalecem sobre os maus, mais do que compensando as fases baixas do ciclo hist�rico. Infelizmente, esse n�o parece ser o caso do nosso pa�s.
'Na d�cada de 50, tivemos dois estadistas na Presid�ncia - Get�lio Vargas e Juscelino. Governaram em meio aos mais intensos conflitos, conflitos que n�o foram criados por eles e que eles suportaram, sem ferir a na��o. Governaram para todos'
Vivemos um per�odo em que a pol�tica se converteu exclusivamente na busca e conserva��o do poder, por meio da radicaliza��o do discurso pol�tico e da intoler�ncia com as diferen�as de pensamento e de opini�o. A id�ia � vencer e impor a vontade de maiorias ef�meras, sem se importar que a democracia n�o � e nunca foi a tirania das maiorias, mas sim o respeito aos diferentes interesses e vis�es de mundo que convivem nas sociedades humanas.
Governar apenas para os seus significa deixar de lado qualquer projeto nacional que re�na a na��o para um conjunto de objetivos e metas compartilhadas. Para isso s�o necess�rios governos unificadores, que compreendam as diferen�as e que falem para todos, com o prop�sito permanente de unir e de pacificar.
Tudo isso me vem � mente ao ler um excelente trabalho do economista Roberto Macedo registrando as quatro d�cadas de estagna��o que vivemos desde os anos 80. Usando dados hist�ricos, ele nos mostra, por exemplo, que na d�cada de l950 a 1959 o Brasil cresceu 7% ao ano e na d�cada de 1960 a 1969 cresceu a 6%. Na d�cada de 1970 a 1979, o crescimento econ�mico chegou a n�meros chineses: 8,8%.
Depois de tr�s d�cadas de alto crescimento, despencamos. Na d�cada de 80, o crescimento baixou para 3%; na de 90, a taxa m�dia caiu para 1,8% e finalmente, na de 2000 subiu para 3,4% e na d�cada de 2010-2019 chegamos ao crescimento m�dio anual de apenas 1,4%.
Nesses mesmos �ltimos 40 anos, os chamados pa�ses em desenvolvimento ou emergentes cresceram muito mais. Numa lista de 155 pa�ses escolhidos pelo FMI, tivemos os seguintes resultados m�dios: 1980/89: 3,2%; 1990/99: 3,63%; 2000/09: 6,10% e 2010/19: 5,11%. Simplesmente crescemos menos que nossos pares e estamos ficando relativamente mais pobres.
Vamos a algumas reflex�es. Na d�cada de 50, tivemos dois estadistas na Presid�ncia - Get�lio Vargas e Juscelino. Governaram em meio aos mais intensos conflitos, conflitos que n�o foram criados por eles e que eles suportaram, sem ferir a na��o. Governaram para todos. A vida seguiu, a economia cresceu, a esperan�a e a confian�a eram os sentimentos dominantes. Mesmo na d�cada de 60, apesar da grave e dolorosa ferida dos governos militares, n�o se pode dizer que a na��o esteve � beira da desintegra��o. Por medo, comodismo ou outro sentimento dif�cil de definir, a vida social e econ�mica seguiu seu rumo. O mesmo pode ser dito dos anos 70, os do "milagre econ�mico".
Depois dos 70, os erros acumulados e o prolongamento do mando militar muito al�m da paci�ncia democr�tica da sociedade, levaram ao fracasso na economia e ao inicio da polariza��o pol�tica que iria se agravar logo adiante. Isso explica o mau desempenho do Brasil nesses �ltimos 40 anos, malgrado o esfor�o, ao mesmo tempo modernizador e pacificador dos dois mandatos de Fernando Henrique. Foram pontos fora da curva. O novo normal agora � o longo sectarismo petista e hoje a sua radical contraface, despertando dem�nios de que n�o suspeit�vamos.
O crescimento, a igualdade e a felicidade nunca caem dos c�us. S�o obra dos homens em sociedade. Separados, os homens n�o prosperam. Essa � a lei da hist�ria. Para isso, precisam de governos que semeiem a paz, a humildade e a civiliza��o.