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Estado de Minas O BRASIL VISTO DE MINAS

O Brasil vai ter que conviver com o presidencialismo, at� quando?

Nosso presidente � sem d�vida um problema, mas n�o � o problema principal. O presidencialismo e o sistema partid�rio s�o os verdadeiros erros do pa�s.


01/02/2021 04:00

Bolsonaro na rampa do Planalto: após sucessivos presidentes (incluindo militares) o Brasil convive com os mesmos problemas de décadas (foto: Alan Santos/PR - 14/5/20)
Bolsonaro na rampa do Planalto: ap�s sucessivos presidentes (incluindo militares) o Brasil convive com os mesmos problemas de d�cadas (foto: Alan Santos/PR - 14/5/20)

Nosso presidente � sem d�vida um prDesde a minha inf�ncia tenho convivido com os dramas pol�ticos pelos quais tem passado o nosso pa�s. Dramas que vem se repetindo por mais de setenta anos, com pequenos intervalos de normalidade.

Eu tinha apenas doze anos numa manh� em que as aulas foram interrompidas porque o presidente do Brasil havia se matado com um tiro no peito, em rea��o a uma crise pol�tica. Sete anos mais tarde, mal come�ando meu curso de Direito, um outro presidente renunciou ao cargo ap�s nove meses de mandato, por raz�es que at� hoje ningu�m compreendeu inteiramente. Um movimento militar tentou impedir a posse do vice-presidente. A rea��o popular frustrou a tentativa de golpe e o novo governo tomou posse, apenas para ser deposto tr�s anos mais tarde.

Seguiu-se um regime de exce��o, que durou 20 anos, com generais sucedendo-se na Presid�ncia do pa�s. Suprimiu-se a democracia e o povo para que o pa�s pudesse ser governado. N�o adiantou muito. Quando tudo terminou a economia estava em p�ssimo estado, sem crescimento, com infla��o muito alta e insolvente diante de uma d�vida externa acumulada sem cuidados. A conclus�o � que a democracia n�o era o nosso problema.

Na transi��o de volta � democracia, novo drama. O primeiro presidente civil, vindo de um movimento popular como s�mbolo da liberdade e da civiliza��o, gra�as � sua longa biografia, adoeceu na v�spera da posse e morreu dias depois, deixando em seu lugar um expoente da antiga ordem. Foi um anticl�max, com for�a para dissolver a energia c�vica que havia se mobilizado no processo, o que explica muito as frustra��es e o desencanto que se seguiram.

Num pa�s ainda malferido por tantos eventos infelizes, uma nova Constituinte tentou construir uma rep�blica nova mas, contraditoriamente, n�o mudou nada no velho sistema pol�tico. Este sistema, como esperado, continuou produzindo as velhas instabilidades. Em alguns poucos momentos o pa�s foi bem governado, apenas por virtude do governante, mas foram pontos fora da curva. Dois novos presidentes n�o terminaram seus mandatos, atingidos por "impeachments". A normalidade continuou n�o sendo o modo dominante de funcionamento da pol�tica brasileira.

No Brasil, a instabilidade e a incerteza na ordem p�blica transmitem-se a todos os aspectos da vida e penso que explicam nosso fracasso at� agora como pa�s. Governos equivocados, e temos tido tantos, causam danos, �s vezes irrepar�veis. Mais uma vez estamos diante do perigo. Em 2018 nosso povo elegeu para govern�-lo um pol�tico sem biografia, um ex-militar que n�o passou de capit�o do Ex�rcito e que por quase trinta anos foi um deputado obscuro.

Sua proposta de governo passa longe dos problemas reais da economia e da sociedade brasileira. Sua meta � blindar nosso pa�s dos ventos da modernidade e das mudan�as culturais do S�culo 21, num esfor�o reacion�rio para nos exilar de nosso tempo e do resto do mundo. Na frase inacredit�vel do nosso chanceler, o Brasil afirma o "orgulho de ser p�ria".

O governo vai passar, mas suas consequ�ncias v�o permanecer.. A economia est� estagnada e sem rumo. Somos o pa�s que pior lidou com as quest�es sanit�rias da pandemia. N�o sei se era isto que seus eleitores esperavam. Por isso voltam a ecoar vozes que pedem o afastamento do presidente.

Nosso presidente � sem d�vida um problema, mas n�o � o problema principal. O presidencialismo e o sistema partid�rio s�o os verdadeiros erros do pa�s. Sem eles n�o ter�amos chegado a este ponto. Um "impeachment" � um rem�dio de emerg�ncia, que vai parar a dor, mas n�o vai curar a enfermidade, nem nos livrar para sempre dos J�nios, Collors, Dilmas e Bolsonaros. S� uma mudan�a no sistema de governo pode fazer isto.

Com o mesmo esfor�o pol�tico e com as mesmas maiorias parlamentares requeridas para o impedimento, o Brasil pode finalmente mudar o regime de governo, para alguma forma de semi-presidencialismo e ao mesmo tempo reformar radicalmente a vergonha do nosso sistema partid�rio. Vamos tirar os olhos do ch�o e mirar o horizonte! O sofrimento de hoje deveria servir para alguma coisa.oblema, mas n�o � o problema principal. O presidencialismo e o sistema partid�rio s�o os verdadeiros erros do pa�s. Sem eles n�o ter�amos chegado a este ponto.




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