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Estado de Minas

A agonia do Poder civil com a militariza��o do governo Bolsonaro

O que vem pela frente tornou-se agora claro. Se o Poder civil permanecer calado e submisso, como tem estado, a democracia brasileira pode n�o sobreviver


07/06/2021 04:00 - atualizado 07/06/2021 07:07

A recusa do comandante do Exército em punir o general Eduardo Pazuello (foto) foi uma atitude política e que terá consequências(foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)
A recusa do comandante do Ex�rcito em punir o general Eduardo Pazuello (foto) foi uma atitude pol�tica e que ter� consequ�ncias (foto: Jefferson Rudy/Ag�ncia Senado)

A submiss�o do comandante do Ex�rcito ao Presidente da Rep�blica em mat�ria de economia interna da For�a e sua recusa em aplicar mesmo uma penalidade simb�lica a um general da ativa que participou ostensivamente de manifesta��o pol�tica-eleitoral � um evento muito importante e de consequ�ncias que ainda n�o podemos prever. A conduta do general foi inequ�voca e inequ�vocas s�o as disposi��es do c�digo disciplinar, n�o havendo, portanto, qualquer d�vida sobre as raz�es deste julgamento. O comandante do Ex�rcito tomou uma atitude pol�tica.

Desde a proclama��o da Rep�blica as interven��es militares na pol�tica brasileira tem sido mais a regra do que a exce��o. Neste ponto compartilhamos o mesmo destino de quase todos os pa�ses latino-americanos, para n�o dizer da maioria dos pa�ses subdesenvolvidos. Quaisquer que sejam os motivos para essas interven��es, o fato � que elas nunca resolveram os verdadeiros problemas do pa�s, sempre enfraqueceram a democracia e corromperam o Poder civil.

Seria injusto afirmar que os militares no Brasil decidiram sempre sozinhos quando e como intervir. Na maioria das vezes eles foram instigados por pol�ticos civis com dificuldades de chegar ao Poder por meio do voto democr�tico. Neste sentido a a��o militar quase sempre tem origem na pol�tica civil. Olhando em retrospecto constato que ao longo de toda a minha vida os militares, ou estiveram no Poder ou foram uma sombra sempre presente para interferir no livre funcionamento da vida democr�tica. O quadro somente se modificou ap�s a Constitui��o de 1988, que nos garantiu mais de 30 anos de hegemonia incontestada do Poder civil.

O grau de interfer�ncia militar na vida pol�tica tem alta correla��o com o n�vel de prosperidade e de civiliza��o dos pa�ses. Nos Estados Unidos, nos meses finais do governo Trump, o mais alto chefe militar na hierarquia esteve presente passivamente num ato pol�tico do presidente nos jardins da Casa Branca. Imediatamente ele emitiu uma nota desculpando-se com a na��o e afirmando com todas as letras que ele n�o deveria estar ali.

Tenho temor de que em muitos aspectos o Brasil est� pr�ximo de reviver situa��es do passado que julg�vamos sepultadas para sempre. Esta fuga em dire��o do passado vem assombrando muitas na��es ultimamente e s�o um sintoma universal de um mal-estar com a evolu��o cultural e a civiliza��o, com o qual n�o podemos nos associar. O Brasil tem voca��o para ser contempor�neo do futuro e n�o merece semelhante destino, pois a nostalgia � um dos piores sentimentos que podem alimentar a a��o pol�tica. Apesar dos �ltimos malogros e das amea�as que rondam o horizonte, o Brasil ainda � um pa�s com possibilidades quase infinitas. Basta apenas n�o ter medo da mudan�a e do progresso com todas as suas faces.

No presente estamos vivendo um dos piores momentos de nossa hist�ria. Desde 2014 a economia n�o cresce e aumentam o desemprego e a pobreza. Se as previs�es se confirmarem, somente em 2023 voltaremos ao n�vel de renda de 2011, enquanto o resto do mundo seguiu crescendo. Este quadro s� pode ser enfrentado e vencido por meio da pol�tica democr�tica. A divis�o da sociedade e a polariza��o pol�tica s� aproveitam aos maus brasileiros que olham o Estado como fonte de poder e de riqueza pessoal.

O governo se afasta cada vez mais do que temos de melhor em nossa hist�ria e em nossa sociedade. Ao militarizar as �reas mais civis do governo, como o Minist�rio da Sa�de, o Gabinete Civil, a Petrobr�s e tantos outros setores, al�m de buscar envolver as For�as Armadas no seu dispositivo pol�tico, o atual governo parece estar a caminho de um div�rcio litigioso com a na��o.

At� a pouco tempo os comandantes Militares e o Ministro da Defesa demarcaram com firmeza o espa�o entre o governo, a pol�tica e as institui��es militares. Foram todos demitidos sem explica��o. O que vem pela frente tornou-se agora claro para quem quer enxergar. Se o Poder civil permanecer calado e submisso, como tem estado, a democracia brasileira pode n�o sobreviver. E com ela,  todos os nossos sonhos.




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