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Estado de Minas O BRASIL VISTO DE MINAS

Quando o mercado financeiro governa no v�cuo das institui��es pol�ticas

O Estado cede espa�o de decis�es estrat�gicas para investidores e as consequ�ncias t�m sido menos bens p�blicos e o aumento da desigualdade social


27/09/2021 04:00 - atualizado 27/09/2021 07:01

Bolsa de valores: associação entre os interesses do mercado financeiro e uma ciência econômica sensível à influência política ou ideológica retirou da agenda os temas do crescimento e da desigualdade
Bolsa de valores: associa��o entre os interesses do mercado financeiro e uma ci�ncia econ�mica sens�vel � influ�ncia pol�tica ou ideol�gica retirou da agenda os temas do crescimento e da desigualdade (foto: Miguel Schincariol/AFP - 29/10/18)
Nas democracias modernas, os mercados financeiros passaram a dividir o poder com as institui��es de representa��o pol�tica na maioria das quest�es de pol�tica econ�mica.

A voz desses mercados chega mesmo a prevalecer, com a ajuda generosa da imprensa, que costuma ecoar sem esp�rito cr�tico a vis�o particular do mundo dos investidores nas quest�es mais importantes.

A financeiriza��o das economias modernas tem muito a ver com a instabilidade cr�nica das economias e com o decl�nio do sentimento democr�tico em muitos pa�ses. As popula��es mais conscientes, cuja opini�o � vital para a ordem democr�tica, percebem que o Estado cede espa�o de decis�es estrat�gicas para o mercado.

A consequ�ncia tem sido a produ��o cada vez menor de bens p�blicos e o aumento da desigualdade e da concentra��o da riqueza. Isto certamente tem limites.

A ideia subjacente � que o n�vel de atividade econ�mica depende da confian�a dos investidores e que o papel da pol�tica econ�mica � assegurar um ambiente amig�vel para os neg�cios. Se deixadas ao arb�trio dos pol�ticos, as decis�es econ�micas tenderiam a provocar desequil�brios e dist�rbios de toda a ordem, infla��o, d�ficits e endividamento excessivo.

Em vez de democracia representativa caminhamos para a democracia dos mercados.

A associa��o entre os interesses desses mercados e uma ci�ncia econ�mica sens�vel � influ�ncia pol�tica ou ideol�gica tem produzido um consenso dominante, que retirou da agenda dos governos os temas do crescimento e da desigualdade. O Brasil tornou-se um caso exemplar desse fen�meno pol�tico.

O foco central da pol�tica econ�mica do governo brasileiro tem sido a busca da estabilidade a qualquer custo, mesmo com preju�zo para o emprego e o crescimento. O nosso pa�s vive num regime de estagna��o que est� se tornando cr�nico.

Ap�s a r�pida recupera��o deste ano, j� em 2022 vamos retornar a um crescimento em torno de 1,5% que, segundo o mercado, � o limite de nossas possibilidades. Ainda assim a pol�tica oficial continua sendo a eleva��o dos juros e a restri��o aos gastos de investimento do governo. Desse jeito vamos eternizar a estagna��o e o atraso.

O autor de um livro monumental sobre a crise financeira de 2008, Adam Tooze, numa entrevista ao “New York Times” h� poucos dias, nos lembrou de que os economistas do mercado vivem projetando grandes crises provocadas pelo descontrole das finan�as p�blicas e vem se equivocando sempre nos �ltimos vinte anos.

Diz ele que n�o podemos esquecer que o maior choque desses 20 anos foi justamente a crise banc�ria de 2008, que n�o foi criada pelos governos e sim pelo setor financeiro privado. A ironia � que foram os gastos dos governos e dos bancos centrais que vieram em socorro do mercado financeiro para evitar que ele desmoronasse. Mesmo assim o Estado continua sendo o vil�o!

Ficar esperando pela a��o virtuosa dos mercados financeiros para reativar a economia e acelerar o crescimento � o mesmo que acreditar em contos de fadas. Estado e iniciativa privada s�o complementares em qualquer processo de crescimento, mas mercado financeiro e setor privado da economia n�o s�o sin�nimos e nem podem ser confundidos.

O que � preciso � dar aten��o ao que dizem os setores reais da economia, a ind�stria, o com�rcio, a minera��o e a agricultura, se quisermos nos desenvolver.

Nesta semana, em um movimento que vai deprimir mais ainda nossa economia, o Banco Central voltou a elevar a taxa b�sica de juros em 1 ponto percentual, para 6,25%.

� verdade que a infla��o est� alta, mas de modo algum os pre�os est�o pressionados por excesso de demanda. A press�o vem pelo lado da oferta e a alta dos juros n�o � rem�dio para o problema que, de qualquer maneira � visivelmente transit�rio.

Mais uma vez a voz do mercado financeiro foi atendida e j� antecipou os aumentos que deseja nos pr�ximos meses. Ser� novamente atendida.

O governo e o mercado querem a estabilidade a qualquer custo. A popula��o, se fosse ouvida, preferiria o crescimento, mesmo que ele tenha o seu pre�o.

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