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Estado de Minas O BRASIL VISTO DE MINAS

Porque as elei��es no Brasil s�o enganosas para os eleitores

O eleitor vota no candidato A e acaba elegendo B, que pensa exatamente o contr�rio do A, pois os partidos n�o escolhem seus candidatos pela afinidade de ideias


25/04/2022 04:00

Urnas eletrônicas: sistema eleitoral brasileiro conta votos dos deputados por partidos e candidatos, uma distorção
Urnas eletr�nicas: sistema eleitoral brasileiro conta votos dos deputados por partidos e candidatos, uma distor��o (foto: Ant�nio Augusto/Secom/TSE - 13/12/21)

Existe um entendimento de que as redes sociais e a internet deram mais transpar�ncia � esfera p�blica e franquearam ao homem comum uma participa��o mais ativa no processo pol�tico. Em certos aspectos, isso � verdadeiro. Nas elei��es para presidente da Rep�blica, governadores e prefeitos, a popula��o forma um ju�zo bastante consistente do que est� sendo decidido por meio de suas escolhas.

Nessas elei��es, o n�mero de candidatos � reduzido, muitas vezes apenas dois e raramente mais do que cinco. � f�cil compar�-los e, afinal, decidir. As principais mensagens eleitorais ficam na mem�ria. 

� muito comum que os eleitores se desiludam com o passar do tempo, mas isso faz parte do jogo democr�tico. Os julgamentos humanos, como estamos aprendendo com as ci�ncias da mente, s�o muito influenciados por vieses e ru�dos. Nesse campo, especialistas e homens comuns pouco se diferenciam.

Nas democracias, no entanto, os eleitos para exercer o Poder Executivo n�o exercem o poder sozinhos. O governo � compartilhado com um outro corpo eletivo, que � o Parlamento. 

Se o Executivo e o Legislativo n�o agem de maneira cooperativa, o governo fica paralisado ou persegue objetivos contradit�rios. Governos democr�ticos s� podem funcionar quando o Executivo tem maioria parlamentar. No sistema parlamentarista de governo, � a pr�pria maioria que governa, por meio de um primeiro-ministro de sua escolha e de sua confian�a. Se h� diverg�ncia, cai o governo ou convocam-se novas elei��es na busca de uma nova maioria.

Nos regimes presidencialistas, quando h� apenas dois partidos, � mais natural a forma��o de uma maioria associada ao governo. Quando isso deixa de acontecer o sistema entra em modo de crise, como vemos frequentemente nos Estados Unidos. No Brasil, conseguimos o requinte de montar o mais ca�tico e disfuncional dos sistemas. O regime � presidencialista, os partidos n�o s�o apenas dois, mas 25, e as elei��es para presidente e governador s�o completamente diferentes das elei��es para deputados, embora realizadas no mesmo dia.

Nos pa�ses mais maduros e civilizados, as elei��es para o Parlamento s�o an�logas �s elei��es para o Executivo. O pa�s � dividido em distritos eleitorais, tantos quanto o n�mero de cadeiras, e em cada distrito uns poucos candidatos disputam uma elei��o majorit�ria, para que o eleito represente a maioria da sua circunscri��o. 

O eleitor do distrito conhece pessoalmente os candidatos, sua vida, suas ideias e seu car�ter pol�tico. Ao contr�rio do que acontece entre n�s, o eleitor sabe em quem votou e por que votou. Esse sistema n�o forma maiorias autom�ticas, mas como as elei��es se realizam ao mesmo tempo, a influ�ncia do debate nacional � sempre dominante.

No Brasil, a elei��o para deputados � uma forma de enganar a popula��o. Os votos s�o contados para os partidos, al�m de para os candidatos, e o n�mero de deputados em cada estado � definido pelos votos dos partidos. 

O eleitor vota no candidato A e acaba elegendo B, que pensa exatamente o contr�rio do A, pois os partidos n�o escolhem seus candidatos pela afinidade de ideias, mas pelo seu potencial de votos. E quem � eleito pode, durante o mandato, mudar de partido, como aconteceu h� pouco com 150 deputados, sem satisfa��o ao eleitor.

O presidente eleito, com mais de 50 milh�es de votos, descobre que seu partido tem pouco mais de 10% da C�mara dos Deputados. Para governar, procura cooptar o n�mero necess�rio para formar a maioria.  Come�a a� o com�rcio parlamentar, cujas moedas s�o nomea��es e verbas, se poss�vel secretas. Pol�ticas p�blicas, crescimento econ�mico, emprego, prote��o social,  tudo isso s�o palavras estranhas neste mercado sombrio e �s vezes clandestino.

Se o Brasil n�o mudar radicalmente sua forma de eleger seus deputados, nenhum governo vai governar para os brasileiros. Uma reforma desta natureza jamais ser� proposta pelo pr�prio Congresso. Meu temor � que um dia o povo tome consci�ncia e se desespere. Fica o aviso de quem j� viu muitas coisas e acha que estamos muito pr�ximos de algo que desconhecemos.
 

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