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Estado de Minas O BRASIL VISTO DE MINAS

Um come�o que preocupa no novo governo brasileiro antes mesmo da posse

Parece que o novo governo n�o deseja, ou n�o consegue, representar as maiorias do pa�s. O ano de 2023 est� muito distante de 2003 e tamb�m muito diferente


19/12/2022 04:00

Presidente eleito, Lula
Presidente eleito, Lula montou um centro de decis�o com companheiros do PT e de partidos auxiliares (foto: EVARISTO SA/AFP)

Elei��es democr�ticas costumam ser a melhor solu��o para se resolver impasses e conflitos pol�ticos. Ocasionalmente, no entanto, elas podem, ao contr�rio, tornar os conflitos mais dif�ceis de serem resolvidos. Este � o caso do Brasil neste momento.

As elei��es foram vencidas por uma diferen�a muito pequena, menos de dois milh�es de votos num pleito ao qual compareceram 124 milh�es de eleitores. Terminadas as elei��es as paix�es n�o se dissiparam e os �nimos permanecem acirrados. N�o me lembro de haver presenciado nosso pa�s dividido em metades aparentemente t�o irreconcili�veis. Outras altern�ncias de poder ocorreram depois da Constitui��o de 1988 e nenhuma delas se deu num ambiente de tanta raiva e tanta contesta��o.

Devemos ter a consci�ncia de que vivemos em um pa�s em crise profunda. Apesar das propagandas de todos os governos estamos h� mais de 40 anos sem efetivo crescimento da economia, o contingente de pobres e de quase pobres n�o diminui na vida real e forma a maioria esmagadora do pa�s, a infraestrutura criada no passado, com sacrif�cio e at� com alguma irresponsabilidade, est� sendo consumida sem reposi��o e o Estado vive em permanente pen�ria, com muita d�vida e muito pouca a��o. Um pa�s nessas condi��es precisa de um governo fortemente apoiado e capaz de construir grandes consensos para enfrentar desafios que s�o tremendos.

At� nas guerras s�o os vencedores os que tomam a iniciativa de realizar a paz. Nas lutas pol�ticas este imperativo � muito mais evidente, porque os vencidos n�o podem ser aniquilados fisicamente. O clima de conflito permanente torna a vit�ria prec�ria e in�til, pois n�o h� como governar uma na��o sem uma grande dose de coopera��o.

Baseado nessas verdades t�o instintivas vejo os primeiros movimentos do novo governo Lula com apreens�o e temor. Qualquer an�lise que se fa�a do resultado eleitoral mostra que a vit�ria de Lula n�o foi uma vit�ria do seu partido, nem de sua coaliz�o partid�ria. Ningu�m pode negar que a maioria dos seus votos realmente proveio deles, mas se n�o fossem acrescidos dos votos de eleitores independentes, cujo principal prop�sito era evitar a reelei��o de Bolsonaro, Lula seria derrotado, como foi Haddad em 2018.

A complexidade da situa��o brasileira � tal que o pr�ximo governo s� ter� possibilidade de �xito se puder contar com a concord�ncia da grande maioria do pa�s. Isto significa o apoio e a torcida de todos os vencedores mais uma boa parte dos que foram vencidos. Para isto seria necess�rio um governo cujas pol�ticas fossem generosas e plurais e que fosse integrado na sua maioria por personalidades representativas da na��o e reconhecidas como tal, pela compet�ncia e pelas virtudes morais.

Faltando poucos dias para a posse, os movimentos do futuro governo n�o apontam para esta dire��o. Est� sendo formado um governo que � a imagem do velho PT, com suas qualidades e seus defeitos. O presidente Lula n�o recebeu este mandato do povo brasileiro. O PT teve um desempenho med�ocre nas elei��es para o Congresso e para os governos estaduais, ao contr�rio da coaliz�o que apoiou Bolsonaro, que fez a maioria no Congresso e elegeu a maioria dos governadores em todo o pa�s.

Ao final, todos os partidos ser�o contemplados num minist�rio que ser� ampliado o quanto for necess�rio para abrigar todo o mundo. Ser�o, no entanto, pastas perif�ricas e sem autonomia porque o centro de decis�o j� est� formado por companheiros fieis do PT e de siglas auxiliares. Nem a anunciada frente ampla est� se concretizando, pois, seu lugar, se houver, ser� nas �rbitas mais externas do Poder.

Parece que o novo governo n�o deseja, ou n�o consegue, representar as maiorias do pa�s. O ano de 2023 est� muito distante de 2003 e tamb�m muito diferente. A experi�ncia daqueles tempos n�o serve aos desafios de hoje. A ideia de que ser� poss�vel conquistar todo o pa�s com a for�a de grandes resultados na economia e na vida das pessoas � uma ilus�o e pode custar muito caro. Tomara que eu esteja errado.


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