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Escalei o meu Everest

Pedalei o mais r�pido que eu pude atr�s dele, mas me esqueci de que havia uma subidinha antes de chegar na avenida principal, na pista de cooper do bairro


17/04/2022 04:00 - atualizado 13/04/2022 15:13

Pessoas em bicicletas
(foto: ilustra��o)

 
A vida normal ressurgiu na p�s-pandemia, apesar de n�o sabermos at� quando. Restaram ainda as m�scaras, praticamente aposentadas. Ficou a dor das perdas humanas e materiais para muitas fam�lias. Vieram tamb�m novos valores, reinven��es e aprendizados. No meu caso, um dos mais singelos foi reaprender a andar de bicicleta. Sabe aquela hist�ria de que voc� nunca esquece como pedalar?
 
Sim, � verdade, mas o processo de retomada do h�bito n�o � t�o simples. Voc� resgata o aparelho do quartinho dos fundos, espana as teias de aranha e calibra os pneus. Repassa o b�sico: como passar as marchas, testar o freio, regular a altura do banco. Toma coragem e monta na bike, meio cambaleando, custando a se equilibrar.
 
D� quase tudo certo, menos o f�lego. J� havia me esquecido de que as bicicletas exigem mais condicionamento f�sico do que uma simples caminhada. Insisti na ideia. Era maravilhoso tomar o vento no rosto, apesar da m�scara, do capacete e dos �culos de sol. Dava uma sensa��o de quase liberdade, para al�m do confinamento social.
 
Sem desconfiar disso, meu maior incentivador foi o meu adolescente. Maior mesmo, literalmente. Aos 16 anos, Eduardo ultrapassou a minha altura. Aos 15, j� estava quase l�. N�o ganhou festa de 15 anos durante a pandemia, mas celebrou a vida. Seu rito de passagem foi mais simples e significativo.
Dudu teve uma das primeiras crises de rebeldia ao se recusar a marcar a pr�pria altura na parede de casa. A cada anivers�rio, o tra�o colorido subia dois ou tr�s cent�metros. J� a minha marca, que meus dois meninos faziam quest�o de registrar, ficava l� em cima, congelada em 1,61 metro.
 
Os par�nteses s�o para registrar que os meus filhos est�o crescendo. �s vezes, � dif�cil enxergar isso, mesmo tendo toda a parede rabiscada atr�s da porta. Preciso confessar algo. A verdade � que voltei a andar de bicicleta para vigiar o meu adolescente.
 
Queria ver como ele se sa�a nas ruas do bairro, se estava correndo muito, se se lembrava de parar no sinal vermelho, se desviava dos buracos e dos pedestres. J� na primeira volta, eu o perdi de vista. Meu Deus, ser� que ele iria olhar para os dois lados para ver se vinha carro?
 
Pedalei o mais r�pido que eu pude atr�s dele, mas me esqueci de que havia uma subidinha antes de chegar na avenida principal, na pista de cooper do bairro. Os morros parecem montanhas quando voc� est� de bicicleta. Escalei o meu Everest. Finalmente consegui alcan��-lo.
 
Parecia uma miragem, mas meu filho estava parado na esquina de cima, me esperando chegar, pacientemente. Quem diria. Quando ele era crian�a, eu o empurrei na bicicleta de rodinhas, naquele mesmo morro, com as costas doendo. Expliquei as no��es de tr�nsito, insisti na import�ncia da garrafa de �gua, levei na Transitol�ndia.
 
Mas n�o fui eu quem o ensinou a se equilibrar na bicicleta. Ele aprendeu sozinho. Passou dias observando o melhor amigo, que j� tinha se livrado das rodinhas. Um belo dia, Dudu tomou coragem e deu um impulso. Saiu pedalando pelo quintal, sozinho. Levamos um susto.
Foi assim tamb�m que ele aprendeu a ler, a mexer no computador, a fazer suco de uva e depois tapioca, a tocar viol�o. Desde essa �poca, eu j� devia ter percebido que o meu filho d� conta de se virar sozinho.
 
* O C�rculo do Poder Feminino ir� oferecer uma s�rie de atividades gratuitas nas pra�as e parques de Belo Horizonte at� o dia 25. Para saber mais informa��es, ligar para 99116-9858.

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